segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A imprensa e a cobertura 'política'

As últimas eleições presidenciais mostraram o quanto precisamos amadurecer o que presunçosamente chamamos de democracia. É importante ressaltar o papel da mídia nesse processo todo; o tratamento que deu ao tema ‘eleições’ e ‘política’ e se, como mediadora natural que é, fomentou o debate cujo levasse a sério as questões do Brasil.

Nos últimos meses vimos, diariamente, matérias e reportagens a respeito das eleições e dos presidenciáveis. Notícias das mais diversas, desde o uso das redes sociais aos escândalos pré-fabricados. Em algumas democracias, a imprensa tende a, nos últimos meses, não noticiar escândalos políticos; no Brasil a coisa é invertida: espera-se o momento, os oportunistas da mídia, para ofuscar o mente de eleitor; tudo movido a exóticas e bizarras paixões ideológicas.

Trata-se de um mercado que abre as portas. São pessoas que prestam consultoria na área de descobrir uma falcatrua de alguém ou instituição. E vale tudo: desde uma boquinha para um aparentado até uma trepada mal dada com a/o amante. Arma-se o circo. E no período pré-eleitoral a grande mídia, a fim de atingir maiores audiências, deleita-se com os escândalos mais pérfidos da política nacional.

Certa vez dissera a um colega que queria seguir carreira em jornalismo político. Ele – que também é estudante de jornalismo – ojerizou minha escolha. Disse-me que odeia a política brasileira, que não está a fim de todo dia ficar no disse-me-disse das esferas do   poder nacional. Hoje estou mais próximo do pensamento dele que o meu.

Nota-se claramente que a imprensa, no Brasil, não faz cobertura de política, mas cobertura de escândalos políticos; apenas isso, parece-me, é capaz de matar sua sede e voraz vontade de ver a degradação moral brasileira. A grande imprensa é especialista em investigar escândalos de figuras e instituições carimbadas previamente. É ruim que a mídia não se preocupe em cobrir a política de forma mais densa e aprofundada. Ampla. Fica apenas no relevo de intrigas pessoas, discórdias de partidos e escândalos entre picaretas no cenário político nacional. É preciso entender que cobrir política não é abrir uma sucursal em Brasília e eleger um jornalista setorista. É muito raro ver coberturas que tratem de políticas públicas, por exemplo. Todo dia tem algo sobre política nos telenoticiários brasileiros, mas ninguém sabe o que é política de reparação, políticas públicas, política de inclusão. Todavia, qualquer criancinha deve sabe que ‘todo político é ladrão’. Como politizar o povo se a mídia não colabora em nada nesse processo fundamental para a democracia?. É notório que precisamos discutir a mídia, já que ela mesma não se discute, não faz auto-análise pela sua arrogância e presunção. É muito claro que o jornalismo no Brasil precisa de uma dose de ética, para não deixar a população ébria. Quando se fala de uma regulamentação ou conselho para o setor, ela, a grande mídia,  se ofende e diz se um atentado a liberdade de imprensa, mas ninguém quer regulamentar para censurar, mas para impor uma qualidade mínima nos veículos de comunicação no Brasil, que inexistem por inexistirem critérios básicos de ética e responsabilidade social.