sábado, 26 de junho de 2010

Somos nós mesmos

O que entender senão aquilo que a minha capacidade, de uma limitada visão, pudesse me oferecer. Nunca pude provar de meu próprio vômito, tampouco saborear minhas fezes, mas não descarto essa experiência. Eu estava dormindo quando vozes diziam em meu ouvido; já não poderia imaginar que era isso. Eu estava com meus sentimentos de molho. É que as vezes tenho que resguardá-los, por isso eu deixo meus sentimentos de canto durantes algum tempo. Eu acreditada realmente em mim, quando deixei-me apaixonar uma pessoa do mesmo sexo que eu. Aquilo parecia tão estranho; quando sentir seus lábios quantes, macios e firmes; a umidade salival matava-me de explendor eterno. Não eram apenas pequenas carnes vermelhas em geometrais, não muito simétricas. Eram seus lábios, eram tuas peles, eram tuas carnes. Era você. Era eu. Era você. Era eu. Era você, era eu mesmo, o meu corpo, meu sexo, minhas formas; ele era eu quando me beijou; eu era ele. Ele era meu espelho, meu espírito; era eu. Era eu. Em todos os instantes de sua existência; deleito eu tua plenitude.
Como poderia descrever tudo que estava sentido naquele instante eterno. Naquele momento eu queria ser perpétuo para experimentar o teu gozo. Aquilo representava eu mesmo; eu era, eu mesmo; você era eu. Eu era você. Eu queria ser eu e você.
Como poder dizer a teu respeito; não há lingüística, não há memória; não há eu.
Não queria dizer nada a respeito, afinal ninguém iria acreditar. Só poderia ser delírio; nada daquilo poderia ser real, pela sua perfeição. Por tua magnitude. Por tua existência. Era tudo parecia ser eterno. Não era perecível. Foi naquele dia, aquele, cujo seus lábios, cor de amora, tocou meus lábios úmidos. Aquele dia em que transcedenci. Aquele dia em que vivi. Pois você era eu e eu era você. Você era eu e eu era você. Eu era você, eu representava você; somos do mesmo sangue, das mesmas formas, temos os mesmos traços e geometrias perfeitas. Éramos nós, aquele ser divino representava nós. Era nosso deleite; era nosso alimento; era nós. Ele representava você e você me representava, eu representava ele.
Perpetuarei na infinidade da existência plena. Na finitude de teus lábios. Na infinitude da maravilha. Na finitude de sua áurea. Na infinitude de nós dois. Éramos nós. Era eu e você.
Como vou provar a mim mesmo, não há vestígios posteriores que em algum momento beirei o espetáculo da loucura; eu delirei de prazer; eu amei. Os líquidos me escorria, eu lambia; líquidos quantes; líquidos de sal, de som; líquidos seus. Seus. Era eu, era nós, era nós mesmos, era apenas nós, nós, eu, eu, eu, eu; era apenas nós mesmos. Nossa vida, nosso sonho. Era nós. Você era eu, eu era você. Você me representava; você deitava, você amava. Você sou eu. Nós somos nós mesmos. Você é eu. Eu sou você Nós somos nós mesmos. Somos homens.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Manual bla-bla-blá: PubliFolha lança cartilha autoajuda para leigos em jornalismo

Mais um livro de comunicação chega às prateleiras: Jornalismo Diário, editado pela PubliFolha, da jornalista Ana Estela de Sousa Pinto, além de não trazer nada de novo (um princípio jornalístico), lesa o consumidor pelo preço exorbitante: uma onça. O indivíduo recebe de troco dez centavos e uma decepção que não tem preço.

O mercado editorial brasileiro passa por uma crise, aliás, duas. A primeira diz respeito à acessibilidade de seus produtos. É inadmissível que os preços dos livros sejam tão elevados. A sociedade brasileira tem uma grande deficiência educacional o que, de fato, ocasiona o baixo índice de leitura. Mas, todavia, esse não e o único motivo. Naturalmente que a questão educacional está ligada diretamente a questão econômica, mas existe uma parte dessa grande maioria, afetada pela deficiência educacional, que tem o hábito da leitura, ou pelo menos uma predisposição, porém quando se defrontam com situação financeira, há uma barreira fria que coloca um limiar entre o que se pode ou não ter acesso.
Pessoas como eu, que tem um regular hábito de leitura, porém devido a questões econômicas, tem um limitado acesso aos livros. Sim, eu estou numa das faculdades mais caras de Salvador, mas eu não sou rico, tampouco membro da classe média, que pelos preços dos livros, parece serem a únicas que podem ter acesso a eles. No Brasil o papel está isento de impostos e produtos culturais têm alguns benéficos fiscais, então por que os livros são tão caros? Será que é para impedir que tenhamos acesso a informação e ao conhecimento? É uma situação tão desconfortante a hora de comprar livros. Tenho que olhar os mais fininhos, os preços são mais acessíveis. Aqueles relativamente grossos eu me abstenho, pois esses sempre passam dos quarenta reais, incompatível com minha situação financeira. Os livros de bolso são um saída, porém são geralmente escritos clássicos de literatura e filosofia, desta forma fica-se limitado a produção intelectual passada, o que é muito importante. Mas é preciso ter acesso as questões contemporâneas, para se ter uma formação mais ampla e distinta, mas como? Os livros das ciências humanas e sociais são um absurdo de caros. Achar um nas casas dos trinta é uma grande promoção

As livrarias também confinadas em chopeim center, revelam sua elitização mais escancarada. Outra questão, também, é o mercado editorial possuído pela indústria cultural. Esses livrinhos de vampirinhos fazendo da literatura sensações do momento evitam outras publicações, talvez até mais interessantes. Isso desencadeia, o que chamo de monotonia editorial, que consiste em publicações de um mesmo seguimento ou gênero, geralmente cópias de beste seler. Assim criam-se febres de literatura do oriente médio, ora de vampiros e, sempre, com os de autoajuda, que são o grande grosso de vendas, pois o país tem muita gente frustrada e fracassada.

No campo mais fechado, área de comunicação/jornalismo as editoras insistem em editar manuais de mesma coisa sobre um campo do jornalismo (rádio, TV, impresso). Desta forma, a cada semestre aparecem nas prateleiras esses novos e velhos manuais de um grande profissional da área, dando as mesmas dicas e truques da técnica jornalística; O que defere esses manuais são apenas a capa, editora e autor, pois o conteúdo é basicamente o mesmo, acrescido me muitos relatos e experiência pessoas, cujos caberiam muitíssimo bem num livro de memórias.

Mais um desses manuais chega às livrarias sem nenhum ineditismo. Trata-se de Jornalismo Diário (PubliFolha), da eminente ex-agrônoma e jornalista do Grupo Folha, Ana Estela de Sousa do Pinto. Na contracapa do livro está: “Jornalismo Diário procura responder aos diversos tipos de questionamento feitos por novos jornalistas”. Novos jornalistas? Será que algum jornalista sai da faculdade sem saber o que é uma pauta e como como fazê-la? Ou que o texto jornalístico deve ser o mais claro e objetivo possível? Qualquer estudante de jornalismo a partir do 6º semestre sabe 90 % do que a autora diz. Talvez a autora quisesse se referir em novos jornalistas aqueles que nunca freqüentaram um curso de comunicação e que agora, com a queda do diploma, resolveram a sorte numa redação qualquer. Ou talvez o livro sirva para aqueles jornalistas ou estudantes de memória muito delével, cujo esquecem muito rápido que devem checar ao máximo qualquer informação, ou que é sempre bom confrontar fontes.

Jornalismo Diário além de não trazer novidade tem um preço bem salgadinho: R$ 49, 90 (Saraiva). O livro não serve para jornalista, pois se pressupõe que saibam de quase tudo que está no livro; tampouco para estudantes, pois esses aprendem com os professores as super dicas de Ana Pinto, iguais tantos autores como Ricardo Noblat e Ricardo Kotcho

Para que esse texto fique mais parecido com uma resenha crítica que um artigo de opinião, terei o enorme trabalho de resenhá-lo de fato, que jornalistas e estudantes de jornalismo podem parar a leitura do parágrafo seguinte, pois não quero que culpem a resenha se o livro resenhado é tudo que já se sabe.

O livro de capa vermelha e quase trezentas e cinquenta páginas e um bom acabamento gráfico possui nove capítulos.
Para Ana Pinto aquele o talento é importantíssimo para que quer praticar a profissão de jornalista, mas isso é em todas as profissões. Todavia talento não basta se o indivíduo não uma carga teórica e prática. A autora traça um perfil de um jornalista que, para ela seria o ideal, possui características quem são: ser culto, inteligente, criativo, curioso, crítico, responsável, persistente, gostar de ler jornais, escrever direito etc. Claro que são coisas meio que óbvias mas valem a dica.

Já no primeiro capítulo Ana Pinto mostra como funciona um grande jornal, sua estrutura, organização e hierarquização e competências. Assim, o pauteiro é “ quem escolhe pela manhã que reportagens serão feitas, organiza o trabalho dos repórteres, encomenda fotos e artes”. O repórter apura o que o pauteiro pediu; o redator faz textos de apoios das reportagens além de poder dá uma corrigida nas reportagens; o chefe de reportagem coordena os repórteres e o editor é quem comanda toda redação, que tamanho uma reportagem terá e qual sua importância no jornal. Até aqui nada que um jornalista ou um estudante não saibam, mas um estudante de jornalismo como eu, se sentiria ofendido se alguém viesse a ensinar ler jornal, ou pelo menos ter o hábito de ler; é que, subentende-se que um estudante leia naturalmente jornais, caso contrário estaria no curso errado. Mas Ana Pinto, no segundo capítulo ensina como babá, aos novos jornalistas a criarem o hábito de lerem jornal. Será que tem algum jornalista, mesmo o mais novos, ou estudantes ainda, que não leiam jornais? Seria como ensinar escritores e leem livros, algo, no mínimo, risível!

Ainda no segundo capítulo têm alguns conselhos para quem entrou ou está prestes a entrar numa redação de um jornal diário. São dicas de como se comportar numa entrevista, o que perguntar, como organizá-la, os equipamento importantes, como fazer para que eles não deem pane e corra tudo certo até a publicação.

“Quem não tem pauta é pautado” é uma máxima que circula nas redações, cujo está no inicio do terceiro capítulo. É que jornalista sem pauta, ou pelo menos sugestão. E para que isso não aconteça à mestra Ana Pinto orienta sobre pautas, desde o que vem a ser uma pauta, até como prepará-las, mostrando onde pode encontrar pautas, e claro, transformar pautas em reportagens. É importante saber o que é noticias, cuja autora explica, muito bem, pois os novos jornalista saíram da faculdade sem saber.

Hierarquizar a informação, prever etapas de apuração e antecipar a edição de todo o material da pauta. É preciso levar em conta que pautas podem surgir do lugar que menos se espera, por isso o instinto de curiosidade, que deve ser intrínseco a todo jornalista/repórter deve ser aguçado.
Uma conversa em casa com a alguém da família, com seu médico, passando pelo cobrador ou pelo vendedor ambulante pode render boas pautas e conseqüentemente boas reportagens; mas antes de sugerir ao editor a pauta é bom responder algumas perguntas : a pauta diz que editoria se destina? Tem um título? Sugere algo inédito? A sugestão tem foco? Respondidas as perguntas à possibilidade de o editor recusar a pauta diminui.

Depois de saber como funciona a redação de um jornal, o que é noticia e como preparar uma pauta, a reportagem, de fato que deve ser feita com todo o suporte técnico do quarto capítulo. Para isso algumas recomendações da autora: “Uma boa reportagem, como uma cadeira, precisa se apoiar em quatro pernas: pesquisa, observação, entrevista, documentação”. seguindo tais orientações é hora de ir à campo. lembrando que uma boa pesquisa é sinal de boa reportagem; a autora faz uma ressalva nessa etapa sobre o uso da internet:” a rede não é imbatível em termos de qualidade de informação
Mas tenha claro que nem sempre é o recurso mais rápido nem sempre se pode confiar no que está lá. A internet é um recurso útil de pesquisa para: achar contato de fontes; achar endereços e mapas; achar personagens; achar especialistas; achar informação oficial [...]”. Desta forma o uso da internet na produção e elaboração da reportagem deve ser usada com parcimônia.

É importante, também, segundo a autora, um exercício de observação, trata-se de um posicionamento crítico sobre tudo e, principalmente, sobre e as fontes para que o repórter não vire um mero reprodutor de discursos.
A entrevista para a reportagem deve também ter uma série de cuidados; por exemplo, é preciso ler sobre o que já saiu sobre o assunto e sobre a fonte; fazer perguntas sempre abertas para que não se obtenha respostas monossilábicas. Até aqui alguma novidade, novos jornalista e estudantes?

Coberturas mais complexas que exige mais do repórter são esplanadas do quinto capítulo. É necessário mais cuidado, por exemplo, em cobrir casos de catástrofes e litígios; no primeiro caso, segundo a autora “ se o assunto nos afeta muito de perto, talvez seja melhor não participar da cobertura ;quanto aos casos judiciais e bom não acusar suspeitos, registrar sempre o outro lado e organiza-se para acompanhar o caso.

A fonte como sabemos é algo precioso na hora da reportagem, por isso importante o repórter cativar suas fontes e é sobre isso que fala o sexto capitulo. Por exemplo, ligar para as fontes pelo menos uma vez por mês, sem compromisso de entrevista-las, pode criar uma relação mais próxima para que essas, quando souber de algo importante, ligue imediatamente.

O sétimo capitulo (o texto jornalístico) trata como é a estrutura do texto, o lide, a importância do bom título, dos períodos curtos, das frase claras e das declarações objetiva e, claro, da concisão. Algum “jornalista novo” não sabe disso?

Os dois últimos capítulos dizem respeito a importância de aproveitar bem faculdade, lendo muito e tentando descobrir o que mais gosta em jornalismo e t já, digamos, se especializando.

Portanto, Jornalismo Diário não traz nada que acrescenta os jornalista, ao novo jornalista ou até mesmo ao estudante, pois trata de coisa obvias da profissão. Certamente o professor que indica ao aluno tal livro comete um equívoco, pois quando, na orelha do livro diz que o livro é para “novos jornalistas” o editor quis dizer aqueles que não têm formação em comunicação e que querem entrar na área sem o diploma, afinal o livro pretende ser uma extensão do treinamento folha de jornalismo, cujo nunca foi exigido o diploma de jornalista para participar. A esses sim, o livro tem muita utilidade.