quarta-feira, 30 de julho de 2008

Mariana Aydar lança exelente disco de estréia


“Quando eu canto é para aliviar o encanto e a fé em deus”. Com essas palavras que a voz da paulista Mariana Aydar abre o seu primeiro disco, Kavita 1, lançado pela Universal Music.Mariana chega no momento em que as gravadoras sucateam e comercializam a bem querer Vanessa da Mata e Maria Rita, que estão enchendo o saco.
Mariana não é uma cantora qualquer, para colocar suas musicas em todas as rádios, ser tema de novela, ir pro Faustão e depois virá hits na boca de cantores e bandas emergentes. Sua musica tem um requinte que não é para quaisquer ouvidos, só os mais requintados consegue se arrepiar ao ouvir Zé do Caroço, que canta com Lecy Brandão, em momento de crise social e política que vivemos.
A jovem de 23 anos oscila entre a delicadeza e a agudez em sua voz bela e suave. Filha de Mario Manga, produtor musical e diretor de TV, foi esse que respaldou a cantora gravar o que queria, resultando foi um disco sublime, de primeira linha, uma nova forma de fazer musica brasileira, e não ficar gravando o que as pessoas cantam mais fácil. Mariana Aydar consegue trazer elementos musicais de raízes puramente brasileiras, o bom samba é o carro chefe; nessa estética, elementos percussivos e eletrônicos também são notados no trabalho, uma harmonia perfeita com a banda nos dar uma perfeição final. A musica 9, candomblé, revela seu gosto pela raiz histórica do samba, que começou com a negritude nos morros do Rio de Janeiro, e nos leva, inevitavelmente a lembrar de Clara Nunes.
Sem duvidas, a musica brasileira tem a agradecer a essa menina que consegue fazer um trabalho autentico e único, enquanto outras ficam sob as conveniências das gravadoras que passam de mecenas a mercenárias,tudo do jeito que o diabo gosta.
Difícil mesmo é levar as musicas de Kavita 1 ao publico, já que vivemos em uma hegemonia nos quatro cantos da sociedade, na musica não seria diferente.O que precisamos é de uma democratização nas artes, onde todos possam mostrar seu trabalho e não ficar com está, onde umas são as bolas da vez, nas rádios, revistas e programas de TV e outras marginalizadas pela falta de oportunidade. O mal é querer levar a arte como produto comercial, pois se números de vendas significasse qualidade artística, Ivete Sangalo seria a melhor cantora do Brasil.
Assim, é necessária essa democratização das artes, para que todos possa mostrar sua arte e Mariana Aydar mostraria ao publico brasileiro que voltou-se a fazer musica no Brasil.

Carta ao amigo Ygor Borba

O universo paralelo

Velho, isso é muito profundo; muito. Acho que você estar em uma crise como eu, mas precisa ter habilidade para tirar proveito dela.
Nós sabemos que as relações humanas são, de certa forma, individualistas e a base nas conveniências particulares, mas é necessário que pensemos, Ygor, que nós também somos humanos, assim como todos, talvez isso nos torture, saber que no fundo, somos iguais a eles.Quanto ao seu individualismo estremo, penso que é ruim, que é uma forma de reprimir uma realidade: nos somos seres sociais, precisamos dos outros pra tudo; isso mesmo pra tudo.Você não conseguiria viver sozinho, ou conseguiria? Imagine se você acordasse um dia e visse que só você acordou, toda a humanidade estava dormindo, só você estava acordado, e isso por dias,semanas, meses... Só tinha você no mundo, isso seria bom pra você?Agora imagine de novo (pois pensa que só precisa de alguém para fazer sexo) que alguém só acordasse quando você quisesse fazer sexo com ela, e quando você gozasse, ela voltaria a dormir isso seria bom para você? Velho Freud, você sabe que você não se basta sozinho, que você precisa de alguma companhia, de ouvir uma musica, de ler um livro, de assistir TV, mas são pessoas que fazem isso para você se entreter, você precisa das pessoas. Você precisa tanto das pessoas que seu sexo, sua masturbação, não lhe é suficiente para seus “instintos”.Você precisa das pessoas o tempo todo.Eu sei, estamos em tempo difícil, as pessoas estão cada vez mais bestas, mais torpe, mais soberba, falando besteira o tempo todo, nos irritando com palavras desagradáveis, é foda!
Quanto aos teus sentimentos, penso que você não deva sempre olhar com esse olhar de desprezo sobre o amor, também concordo com você sobre algumas coisas sobre o amor, imagino que o amor não é o sentimento mais nobre, existem outros sentimentos que não estão conceituados, ou não estão no dicionário para qualquer um ver, e penso que justamente isso em você, talvez você sinta algo diferente que ninguém sinta, nada que todo mundo saiba ou conhece, pois só conhece esses sentimentos conceituados, isso talvez lhe angustia pois expressar isso não é fácil, você acaba fazendo de modo não muito claro e é mal interpretado pelas pessoas, como eu sempre sou.
Ygor, lembra quando Nancy falou que a crise é o momento de reconhecer o caos e procurar solucionar, mudar, entender?Foi isso que fiz, fiquei muito tempo me analisando, analisando as pessoas, o mundo, a realidade.
È difícil de dizer, mas o mundo é assim, as pessoas são assim, uma única pessoa não poderá mudar uma realidade, lógico que não estou dizendo para você se acomodar com as coisas, mas sim entender melhor, ver o que isso pode lhe fazer de bom, escolher e discernir ou que o mundo lhe oferece, se for bom ou mal.Analisando o mundo com um olhar diferente você traça o seu mundo, sempre em paralelo com esse mundo que vivemos, uma espécie de universo paralelo particular, que você cria e não pode sair nem de um nem do outro totalmente, uma harmonia entre o mundo real e o mundo que você criou como conceito próprio.Sei que não é tão fácil, vivo essa angustia que você deve sentir, e sou mal interpretado o tempo todo, isso não é bom; isso cansa agente, da vontade de sumir, sei lá, de suicídio.Mas, não é assim que resolvemos as coisas.Bater testa com o mundo, acabaremos ser-nos excluídos, marginalizados, chamados de louco facilmente pela sociedade.
Portanto, amigo Ygor, isso não é um sermão, nem uma lição moral, mas uma forma que aprendi a lidar com os percalços da vida, pois aprendi que sou igual a todos, egoísta, mesquinho e interesseiro, mas também companheiro, amigo, solidário;o ser humano é essa dualidade, como diz Nancy, essa dicotomia, que cada um devemos ter habilidade pra interpretá-lo.