O universo paralelo
Velho, isso é muito profundo; muito. Acho que você estar em uma crise como eu, mas precisa ter habilidade para tirar proveito dela.
Nós sabemos que as relações humanas são, de certa forma, individualistas e a base nas conveniências particulares, mas é necessário que pensemos, Ygor, que nós também somos humanos, assim como todos, talvez isso nos torture, saber que no fundo, somos iguais a eles.Quanto ao seu individualismo estremo, penso que é ruim, que é uma forma de reprimir uma realidade: nos somos seres sociais, precisamos dos outros pra tudo; isso mesmo pra tudo.Você não conseguiria viver sozinho, ou conseguiria? Imagine se você acordasse um dia e visse que só você acordou, toda a humanidade estava dormindo, só você estava acordado, e isso por dias,semanas, meses... Só tinha você no mundo, isso seria bom pra você?Agora imagine de novo (pois pensa que só precisa de alguém para fazer sexo) que alguém só acordasse quando você quisesse fazer sexo com ela, e quando você gozasse, ela voltaria a dormir isso seria bom para você? Velho Freud, você sabe que você não se basta sozinho, que você precisa de alguma companhia, de ouvir uma musica, de ler um livro, de assistir TV, mas são pessoas que fazem isso para você se entreter, você precisa das pessoas. Você precisa tanto das pessoas que seu sexo, sua masturbação, não lhe é suficiente para seus “instintos”.Você precisa das pessoas o tempo todo.Eu sei, estamos em tempo difícil, as pessoas estão cada vez mais bestas, mais torpe, mais soberba, falando besteira o tempo todo, nos irritando com palavras desagradáveis, é foda!
Quanto aos teus sentimentos, penso que você não deva sempre olhar com esse olhar de desprezo sobre o amor, também concordo com você sobre algumas coisas sobre o amor, imagino que o amor não é o sentimento mais nobre, existem outros sentimentos que não estão conceituados, ou não estão no dicionário para qualquer um ver, e penso que justamente isso em você, talvez você sinta algo diferente que ninguém sinta, nada que todo mundo saiba ou conhece, pois só conhece esses sentimentos conceituados, isso talvez lhe angustia pois expressar isso não é fácil, você acaba fazendo de modo não muito claro e é mal interpretado pelas pessoas, como eu sempre sou.
Ygor, lembra quando Nancy falou que a crise é o momento de reconhecer o caos e procurar solucionar, mudar, entender?Foi isso que fiz, fiquei muito tempo me analisando, analisando as pessoas, o mundo, a realidade.
È difícil de dizer, mas o mundo é assim, as pessoas são assim, uma única pessoa não poderá mudar uma realidade, lógico que não estou dizendo para você se acomodar com as coisas, mas sim entender melhor, ver o que isso pode lhe fazer de bom, escolher e discernir ou que o mundo lhe oferece, se for bom ou mal.Analisando o mundo com um olhar diferente você traça o seu mundo, sempre em paralelo com esse mundo que vivemos, uma espécie de universo paralelo particular, que você cria e não pode sair nem de um nem do outro totalmente, uma harmonia entre o mundo real e o mundo que você criou como conceito próprio.Sei que não é tão fácil, vivo essa angustia que você deve sentir, e sou mal interpretado o tempo todo, isso não é bom; isso cansa agente, da vontade de sumir, sei lá, de suicídio.Mas, não é assim que resolvemos as coisas.Bater testa com o mundo, acabaremos ser-nos excluídos, marginalizados, chamados de louco facilmente pela sociedade.
Portanto, amigo Ygor, isso não é um sermão, nem uma lição moral, mas uma forma que aprendi a lidar com os percalços da vida, pois aprendi que sou igual a todos, egoísta, mesquinho e interesseiro, mas também companheiro, amigo, solidário;o ser humano é essa dualidade, como diz Nancy, essa dicotomia, que cada um devemos ter habilidade pra interpretá-lo.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
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