quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Confusão

As relações hoje em dia são tão complicadas que não é difícil o dilema ser ou não ser, ou quem mesmo eu sou? Os clichês não permitem; tudo tem quer ser instantâneo como a televisão. A revolução tecnológica na área de comunicação tem importância nesse novo tempo de culto a si mesmo ou a ninguém. Na realidade tudo é tão confuso, não há unidade; coerência. Preserva-se a plasticidade; a artificialidade; a superficialidade nas relações humanas; não sabemos se agimos como entendemos ou como o outro entende; não sabemos se nos respeitamos ou respeitamos o outro; não existe entremeio. Acredito que as relações humanas sempre foram caóticas, o que a sociedade tenta é provar uma precípua pacificação das relações; talvez para se tentar provar o quanto evoluiu nossa civilização - ocidental. Apresentam-se a diplomacia como o símbolo máximo desse tempo  iguais os de outrora.

Os merdas dos estadunidenses ainda acreditam que são o mais civilizados do mundo; outros são mais modestos, acreditam ser do ocidente.

Acusam o presidente do Irã de tentar matar a humanidade como a bomba atômica; os Estudos Unidos acha isso um perigo; eles ainda acreditam que só eles podem ter a tal bomba, que acabaria com a humanidade num querer. Apenas eles, civilizadamente competentes e responsáveis,  podem tê-la. Na realidade os Estados Unidos morrem de medo de começar o extermínio por eles; e sabemos que se isso podem vir de qualquer lugar; até do céu.

Todavia esquecem que foram eles que rumaram a tal bomba no Japão; eles dizem que foi brincadeirinha; hoje se sentem envergonhados tão quanto os alemães no episódio lastimoso da nossa história recente, aliás muito recente. As ditaduras nas américas; as guerras cambiais; as especulações transnacionais; as madeiras ilegais; as clichês informais; os amores letais; as armas banais; os crimes fatais; os abusos morais. Tudo isso me confunde.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O setor de comunicação precisa de regulação prementemente


O ano que se finda certamente será um marco, no que tange à tentativa de regular e regulamentar o setor de comunicação no Brasil. O ministro Franklin Martins, da comunicação social, é o expoente dessa empreitada tardia, cujo começou na Conferência Nacional de Comunicação, no ano passado, boicotado pelo empresariado do setor, que acusa o projeto de atentado à liberdade de imprensa e expressão. Ledo engano.

Historicamente, a comunicação jornalística no Brasil, principalmente a radiodifusão, se  estabeleceu por critério mera e exclusivamente político; concessões públicas para operar o espetro foram barganhadas por influências espúrias entre congressistas e particulares, passando por cima de qualquer princípio ético e legal. Seu controle parou e permaneceu nas mãos de correligionários, através de testas de ferro, e propriedade cruzada, e isso é sabido de todos; ou quase todos. O reflexo destas práticas de concessão está diretamente ligada na qualidade dos veículos, além, claro, da concentração da propriedade nas mãos de nove ou dez famílias, difundido um discurso anti-plural para quase duas centenas de milhão de pessoas.

Ademais, princípios éticos e legais são diariamente violados pelos média e publishes no país afora. Desde violação dos direitos humanos, principalmente nos programas de temática policial, até o desrespeito do cumprimento da classificação indicativa. Desequilíbrio regional, onde apenas a região sudeste, digo os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, prolifera sua programação de qualidade duvidosa para todo Brasil. Não encontramos na televisão aberta brasileira, um modelo plural e alternativo de programação que respeite a diversidade existente neste país gigante. Não encontramos, também, um jornalismo mais profundo, didático, ético e analítico. Muito menos uma televisão que se valha pela primazia da cidadania. Isso por que a comunicação no Brasil está nas mãos de empresários, ávidos pelos lucros, e tentar ampliar o direito de outros atores sociais se comunicarem com a sociedade, é visto como um atentado às liberdades. Mas atentado mesmo, e digo também à dignidade humana, é a forma que se faz comunicação neste país, pois o desrespeito é quase que diário.

A imprensa impressa também é digna de criticas, embora essa, não sendo uma concessão pública, é, portanto, um ramo mais delicado para se regular.

Os grandes jornais brasileiros são, talvez, os mais influentes na sociedade, pois falam para um público distinto, economicamente abastardo e com grande poder de decisão nas arenas de debate; é capaz de pautar e repercutir as mídias mais tradicionais. A questão é que os jornais, que fazem parte de conglomerados monopolizados por clãs, e com forte influência na política conservadora, estão mais interessados em eleger suas preferências pessoais, tais como candidatos à cargo eletivo, que informar isentamente a sociedade. Isso ficou claríssimo nas eleições últimas, confirmado a declaração da presidente da Associação Nacional dos Jornais, cujo afirmara que este ano a imprensa iria se comportar como partido de oposição. Imprensa se comportar como partido? É novo esse conceito?

O setor de comunicação no Brasil nasceu precário e assim o é. O contrato social celebra-se através de regras, leis, normas. Isso é um princípio da sociedade, pois garante o direito de liberdade e maior gozo social. A comunicação brasileira precisa de regras, cujo preze pelos preceitos éticos e legais, garantido a real liberdade de imprensa e expressão, que são os empresários os únicos que a detêm. Regular as mídias é garantir a universalização da comunicação plural de qualidade. É respeitar o direito do cidadão, às leis, os direitos humanos e, acima de tudo, a sociedade, tornando-a mais íntegra.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A imprensa e a cobertura 'política'

As últimas eleições presidenciais mostraram o quanto precisamos amadurecer o que presunçosamente chamamos de democracia. É importante ressaltar o papel da mídia nesse processo todo; o tratamento que deu ao tema ‘eleições’ e ‘política’ e se, como mediadora natural que é, fomentou o debate cujo levasse a sério as questões do Brasil.

Nos últimos meses vimos, diariamente, matérias e reportagens a respeito das eleições e dos presidenciáveis. Notícias das mais diversas, desde o uso das redes sociais aos escândalos pré-fabricados. Em algumas democracias, a imprensa tende a, nos últimos meses, não noticiar escândalos políticos; no Brasil a coisa é invertida: espera-se o momento, os oportunistas da mídia, para ofuscar o mente de eleitor; tudo movido a exóticas e bizarras paixões ideológicas.

Trata-se de um mercado que abre as portas. São pessoas que prestam consultoria na área de descobrir uma falcatrua de alguém ou instituição. E vale tudo: desde uma boquinha para um aparentado até uma trepada mal dada com a/o amante. Arma-se o circo. E no período pré-eleitoral a grande mídia, a fim de atingir maiores audiências, deleita-se com os escândalos mais pérfidos da política nacional.

Certa vez dissera a um colega que queria seguir carreira em jornalismo político. Ele – que também é estudante de jornalismo – ojerizou minha escolha. Disse-me que odeia a política brasileira, que não está a fim de todo dia ficar no disse-me-disse das esferas do   poder nacional. Hoje estou mais próximo do pensamento dele que o meu.

Nota-se claramente que a imprensa, no Brasil, não faz cobertura de política, mas cobertura de escândalos políticos; apenas isso, parece-me, é capaz de matar sua sede e voraz vontade de ver a degradação moral brasileira. A grande imprensa é especialista em investigar escândalos de figuras e instituições carimbadas previamente. É ruim que a mídia não se preocupe em cobrir a política de forma mais densa e aprofundada. Ampla. Fica apenas no relevo de intrigas pessoas, discórdias de partidos e escândalos entre picaretas no cenário político nacional. É preciso entender que cobrir política não é abrir uma sucursal em Brasília e eleger um jornalista setorista. É muito raro ver coberturas que tratem de políticas públicas, por exemplo. Todo dia tem algo sobre política nos telenoticiários brasileiros, mas ninguém sabe o que é política de reparação, políticas públicas, política de inclusão. Todavia, qualquer criancinha deve sabe que ‘todo político é ladrão’. Como politizar o povo se a mídia não colabora em nada nesse processo fundamental para a democracia?. É notório que precisamos discutir a mídia, já que ela mesma não se discute, não faz auto-análise pela sua arrogância e presunção. É muito claro que o jornalismo no Brasil precisa de uma dose de ética, para não deixar a população ébria. Quando se fala de uma regulamentação ou conselho para o setor, ela, a grande mídia,  se ofende e diz se um atentado a liberdade de imprensa, mas ninguém quer regulamentar para censurar, mas para impor uma qualidade mínima nos veículos de comunicação no Brasil, que inexistem por inexistirem critérios básicos de ética e responsabilidade social.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O(s) cerceador(es) da liberdade de imprensa

Tradicionalmente no Brasil, os veículos de comunicação estão no comando de clãs, e isso, acredito, não é novidade para ‘ninguém’. Pouquíssimas famílias detêm o grande bolo do mercado de imprensa no país: Mesquita, Marinho, Civita e Frias, sem falar nas dinastias regionais, como Magalhães e Sarney, por exemplo, são alguns dos nomes com maior capacidade de proliferarem seus discursos a maiores geografias, e capazes, também, de formar opiniões em milhões de cabecinhas, pela audiência que alcançam. Na verdade, a ‘grande imprensa brasileira’ ainda é infantil, pois comporta-se como a opinião pública,  usurpando-a e produzindo um produto parecido com o jornalismo; nas entre linhas o discurso voraz em comandar o país, todavia; quiçá o mundo. Não se identifica nos maiores veículos e grupos de comunicação, uma posição preocupada no equilíbrio dos discursos, fazendo prevalecer uma construção parcial e limitada da realidade, tornado inútil seu propósito.

Ela, a grande imprensa, se auto-institucionalizou a voz da sociedade, auto-impondo sua opinião, como se fosse à opinião pública. Qualifica e desqualifica discursos e opiniões a bel prazer de suas convicções ideológicas, como fez, recentemente, com o presidente que, no exercício da liberdade de expressão, respaldado constitucionalmente, inclusive, dissera que no Brasil a mídia se comporta como partido político, e que cada veículo deveria se posicionar, formalmente, a respeito de seus respectivos apoios políticos partidários. A repercussão do comentário do presidente tomou dimensão gigantesca por parte da mídia nacional. Durantes os dias seguintes, editorias e reportagens eram confeccionados chamando Lula de autoritário e ditador, cujo queria amordaçar a imprensa e cecear a liberdade de expressão. Foi quase unânime a posição dos grandes veículos de comunicação do país a respeito do caso; satanizaram Lula como o monstro que quer degolar e estuprar a imprensa.

O comentário de Lula não foi nada além da verdade. Ou é mentira que a mídia no Brasil se comporta como partido? E a Veja, O Globo, Folha e Estadão? Todas elas com posições políticas claríssimas, porém veladas. Lula cutucou a onça que se irritou; tanto é verdade que, no dia seguinte a sua polêmica declaração, o Estado de S. Paulo, em editorial, repudiou as declarações de Lula, mas resolveu mostrar as caras: disse que apoiava Jose Serra para presidente. Não é muito mais honesto dizer a verdade que ficar travestida da falsa imparcialidade, como o próprio presidente falou na ocasião?

Dizer que a mídia age como partido é tentar amordaçar a imprensa, segundo ela mesma. Todavia, quem diz que um determinado jornalista mente em suas matérias, como José Serra fez aqui em Salvador com um profissional de imprensa, não é, tão ou mais grave, que o comentário do presidente Lula. Afinal, afirmar que um jornalista mente em suas matérias, somente pelo motivo de contrariá-lo, talvez, seja a mesma coisa que dizer um médico é charlatão, porque não curou uma doença. José Serra não apenas desqualificou o jornalista, mas desqualificou o jornalismo, pois a mentira não é, nem nunca foi matéria prima do jornalismo. Acusar um jornalista de mentiroso é sim tentar amordaçar a imprensa e cecear sua liberdade de expressão, mas o fato passou despercebido das reuniões de pauta e editorias de grandes jornais brasileiros. Inocuamente passou nesses espaços de deliberação política sistemática, que são as grandes redações jornalísticas no Brasil, a ameaça que senador e ex-presidente Fernando Collor fez ao jornalista da Istoé. Ele ligou para a redação ameaçando Hugo Marques, por algumas notinhas sobre o pedido de impugnação de sua candidatura. Entretanto, um pequeno comentário de Lula sobre o comportamento da imprensa, foi eleita por ela mesma, como símbolo de um presidente semi-ditador e autoritário. O mais engraçado desta trama metalinguista da imprensa brasileira, é que quando ela resolve ser pauta de si mesma, é apenas quando sente-se ameaçada, ela só não faz reportagem nem editorial, quando ela torna-se ameaça, inclusive a própria Liberdade de expressão  e imprensa.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Um real por click e Dilma elege-se em 1° turno

 A revista Piauí desse mês traz uma reportagem interessante: o uso da internet e das mídias sociais nas campanhas dos presidenciáveis. É evidente que essa ferramenta comunicacional tornou-se importante, principalmente pensando no Brasil que tem um dos maiores contingentes de internautas no mundo. Até aqui nada de errado. O equívoco é que os candidatos querem fazer aqui, no Brasil, o que Barack Obama conseguiu no EUA: pesquisas mostram que a internet foi uma importante aliada no êxito da campanha. A equipe de Obama usou as mídias sociais para divulgar, promover e tornar conhecido o então senador eleito presidente. Desde esse fato inédito, a respeito de novas tecnologias a serviço de campanha eleitoral, quem pleiteia um cargo eleitoral vê na internet a promoção e o caminho do pote do ouro.

Os mais notórios presidenciáveis no Brasil da campanha tripolar 2010, possuem núcleos que se dedicam exclusivamente à campanha on line, tendo como parâmetros a cybercampanha Obama. A filha bastarda de Lula, Dilma Rousseff, contratou a mesma empresa que conseguiu eleger Obama, com o auxílio luxuoso da internet, para fazer o mesmo aqui. Aqui as coisas são diferentes, todavia. É uma grande ilusão acreditar que a internet no Brasil é capaz de eleger um presidente como nos EUA, quiçá qualquer país latino-americano.

No Brasil existem 67,5 milhões de internautas segundo o Ibope/Nielsen em dezembro de 2009. Em setembro eram 66,3 milhões. Ou seja: em apenas três meses surgiu 1,2 milhão de novos brasileiros com mais de 16 anos na internet. O Brasil é o 5º país com o maior número de conexões à internet. A grande diferença entre os internautas brasileiros e estadunidenses é meramente cultural. No Brasil as pessoas usam a internet para entretenimento. Além de serem marginais ao processo político, ficando aquém do debate e da arena de decisões, os brasileiros não foram alfabetizados digitalmente. Ademais o que faz no virtual é conseqüência do real, portanto no Brasil a internet é inócua para eleger um postulante a cargo público.  Nos Estados Unidos a campanha no cyberespaço teve eficácia, pois naquele país há uma cultura de participação política, onde as pessoas estão dispostas a pesquisar na internet a biografia do candidato, a mandar sugestão no plano de governo e, inclusive, fazer campanha, doando até dinheiro, tudo de forma voluntária. Aqui o brasileiro faz campanha também, desde que a ele seja creditado uma nota do mico-leão para ficar segurando um bandeira na Av. Paralela; as pessoas plontam seus carros desde que a elas sejam creditadas um vale-gasolina ou um bico num órgão público; as empresas doam nas campanhas, desde que seus interesses sejam defendidos cabalmente. Como acreditar em um processo democrático se cada um está de olho no seu quinhão?

O diretor da empresa de consultoria de elegeu Obama, contrato por Dilma Rousseff ficou atônito com a realidade cultural e política do país. Aqui não se pode fazer o que se fez o por lá; pensou até em arrumar as malas e desistir, óbvio.  Até lhe deram um idéia: “e se a gente pagar ao internauta cada vez que ele clicar em nossa página? No Brasil é assim!”.





sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O presente mal entendido

Júlio foi pego de surpresa ao receber o convite de aniversário de sua ex-namorada; não imaginava que fosse lembrar-se dele passado quase um ano após o rompimento do namoro, ademais a ruptura não foi muito amigável e já havia alguns meses que eles não se comunicavam. Ambos já estavam com novos pares amorosos e já possuíam novas pretensões sexuais e ilusões sentimentais.

Na caixa de e-mail de Júlio havia um de Cássia, cujo assunto era “Convite de aniversário”. Até achou que fosse spam, mas para sua surpresa não era. Achou que seu e-mail foi no meio de tantos outros sem que Cássia percebesse. Não acreditava que depois do episódio do fim do namoro Cássia fosse convidá-lo para seu 22° aniversário.

Resolveu então acreditar que recebeu o e-mail por engano e logo descartou a possibilidade de ir ao evento no fim de semana subseqüente ao recebimento do e-mail-convite. Mas no dia seguinte recebeu o telefonema de Cássia: “você vem ao meu aniversário no sábado, Júlio”, perguntou. E ele, não menos surpreso quando recebeu o e-mail, respondeu: “Claro, Cássia. Estarei lá, sim”.

Sentia-se de fato convidado para o tal aniversário, mas foi apenas o ímpeto que o fez responder “sim”, pois não desejava encontrar os pais de Cássia, mas não era hora de pensar nisso; precisava escolher um presente para a aniversariante.

Cássia era adepta da cultura pop. Enquanto se deleitava ouvindo Madonna ele tinha a mesma sensação ouvindo Ella Fitzgerald. Ela devora os livros de Augusto Cury, ele fazia o mesmo com os de Proust, seu escritor predileto. Essa discrepância no consumo de produtos culturais nunca foi barreira para que o relacionamento durasse quase três anos, todavia.

Júlio adorava presentear com livros em aniversários. Aliás, era a única coisa que presenteava; foi assim nos três últimos aniversários de Cássia. Ele perguntava qual livro ela queria ganhar e dava-a de presente; geralmente ela pedia algum de Augusto Cury ou Paulo Coelho, mas ele já não estava ao lado dela para perguntá-la qual livro desejaria ganhar de aniversário, tinha que fazer a escolha sozinho.

O relacionamento dos dois acabou de forma pouco agradável: uma amiga de Cássia disse que viu Júlio com outra garota. Embora Júlio negasse, a afirmação da amiga foi suficiente para Cássia pôr um ponto final no namoro

Era sábado, dia do aniversário, quando Júlio foi ao shopping comprar um livro para a aniversariante, como de praxe. Entre prateleiras e gôndolas de madeira cor de marfim, ele perambulava para saber qual livro dar a jovem moça. Ficou quase duas horas escolhendo.Os preços dos livros eram que faziam Júlio ficar mais tempo na livraria, onde não faltam livros bons, porém preços bons. Aí tinha que ficar garimpando algum livro promocional.

Precisava de um livro bom e barato. Dessa vez o “bom” era a seu critério. Queria comprar um livro de um grande autor, pois pensava que era hora de Cássia experimentar novas narrativas, capazes de levá-las a dimensões longínquas e prazerosas. Pensou em José Saramago, mas estava muito caro. Os livros no Brasil são muito caros. Não há como todo mundo ter acesso a esse material intelectual importantíssimo; Júlio sabia disso.  E sabia também que no Brasil o papel é isento de imposto, o que teoricamente deixariam os livros mais baratos. Acreditava que era uma forma de deixar a grande população bem longe da informação e conhecimento, reservando-os apenas para uma pequena elite econômica.

Mas, finalmente, ele encontrou um ouro. Não acreditou no que viu: Gabriel García Marques por quinze reais. Tratava-se de Memórias de minhas putas tristes, um clássico do autor colombiano. Ficou satisfeitíssimo com a compra. O livro era pequeno e tinha menos de cem páginas, e isso era bom para quem não tinha o hábito de leitura, pensava.

Era noite de sábado quando ele embrulhou o livro num papel com desenhos geométricos e se dirigiu até a casa de Cássia. Ia com a intenção de não demorar muito, pois havia mentido para sua namorada a respeito de sua ida à casa de Cássia. Essa ficaria brava se soubesse que Júlio foi ao aniversário da ex-namorada.

Em sessenta minutos Júlio já tinha degustando as iguarias, quitutes e bebidas alcoólicas e também entregado a aniversariante o presente, que o guardou sem mesmo abrir. Em seguida foi embora.

No dia seguinte Júlio recebeu um e-mail de Cássia como assunto “Seu imbecil”. Novamente Júlio pensou que se tratava de spam, mas resolveu abri-lo. Atônito leu sem entender direito o que Cássia havia escrito. Num texto confuso e sem coesão, ela dizia desaforos dos mais ofensivos a Júlio e terminou dizendo que ele era um filho da puta, pois puta era mãe dele e não ela.
A garota entendeu que o “putas”, contido no título do livro do escritor sul-americano, fazia referência a ela.


sexta-feira, 30 de julho de 2010

Verde-cento: a previsão de Elis

Elis acordava com o rádio. Só começava a se arrumar após ouvir o que o locutor tinha a dizer sobre seu signo. Era manicura e trabalhava a meia hora de sua casa  -  indo a pé -, mas se atrasava quase todo dia . Só ia se arrumar após ouvir sobre seu signo, pois tinha que se vestir conforme a cor indicada para aquele dia; a cor da sorte.

Certa vez o locutor terminou o programa com a previsão de peixes: “o dia será traquilo, ideal para renovar as energias e pensar no futuro. Se conservar esse equilíbrio poderá acontecer algo especial e inesperado; a cor da sorte para o dia é verde-cento”, finalizou. Elis nunca ouvira falar naquele verde e ficou sem saber o que iria usar para sair. Lembrou que uma vez lera numa revista de astrologia que a cor era muito importante para a realização das previsões, e, como ela tanto acreditava nessas, ficou tensa para saber que tipo de verde, que tonalidade, que nuance era aquele.

Resolveu ligar para Paulo, seu namorado, e pediu que procurasse descobrir e que comprasse alguma coisa com a tal cor, levando em sua casa o quanto antes. Paulo se quer acreditava em horóscopo; achava aquilo um capricho de uma menina maluca.  Argumentava que aquele dia seria especial e de grandes mudanças, mas precisava do verde-cento. Paulo não podia sair do trabalho, todavia. Mas pensou na hora de seu almoço. Pesquisou no Google sobre o verde informado por Elis. Saiu rapidamente à rua com um papel impresso com a cor do verde-cento. Resolveu entrar numa dessas lojas de variedades. Encontrou uma xícara. Rapidamente pegou um táxi. Elis esperava-o apreensiva e exasperada. Atônita, não acreditou no que Paulo havia comprado. Como iria sair com uma xícara?   Bradou!

Paulo explicou que não achou nada diferente, mas ela o colocou para fora aos berros, mesmo ele mostrando que, de fato, aquele era o verde-cento.

Não teve jeito: Elis teve que ir trabalhar. Colocou a xícara na bolsa e, mesmo chateada com o namorado por não comprar uma blusinha da moda com o tal verde-cento, ela estava aliviada por sair com a tal cor e aguardava a surpresa dos astros. Lembrou que tinha que ficar calma e traquila, pois, conforme a previsão, certamente uma surpresa iria acontecer. Assim acreditava. Chegou ao seu local de trabalho quase cinco horas atrasada. Foi chamada por sua patroa que a demitiu. Aceitou naturalmente a dispensa. Estava confiante que aquilo era o prelúdio de algo espetacular que iria acontecer, achava que fora demitida para mais tarde, naquele mesmo dia, encontrar um mala com milhares de reais ou arrumar um novo emprego e ser pedida em casamento, conforma a previsão dos astros.

Voltou para casa andando bem devagar pelas ruas, olhando para todos os lados, observando quase tudo; ela sabia que não podia ficar desempregada, mas o dia ainda não havia terminado, portanto, ainda estavam em vigor as previsões para peixes.  À noite chegou, todavia. Elisa começava a ficar tensa. Lembrava que não poderia ficar, pois a previsão falava de um estado de traquilidade. Mas ela nunca fora um menina traquila, capaz de manter calma numa situação dessas, que colocaria um limiar em sua vida. Já tinha marcado no relógio dez horas e ela estava tensa; chegou à conclusão que a xícara que o namorado trouxera não tinha adiantado nada. Ela nunca ouviu dizer que xícara dava sorte; sempre soube que quando informado a cor de sorte do dia, deveria vestir alguma roupa ou acessório.

Já estava nervosa, faltava apenas uma hora para terminar o dia e com ela a previsão de peixes. Começou a pensar que a culpa era de seu namorado, que em vez de roupa, trouxe xícara. Então ligou para ele. No telefone, num tom irritado, começou a insultá-lo, culpando-o da não realização da previsão. Ele, que já estava de saco cheio da história, rompeu o namoro. Elis dormiu com as lágrimas que vazaram de seus olhos.
Acordou com o programa de sempre no seu rádio ao lado de sua cama, mas violentamente o arremessou na parede.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Casamento homossexual: Argentina decide legalizar

Argentina opta em respeitar a diversidade sexual e torna-se o primeiro país da América Latina a legitimar o matrimônio homossexual.O fato que ganhou destaque na imprensa brasileira, e certamente a estrangeira, ocorreu na madrugada de ontem, numa sessão parlamentar que durou quatorze horas. Militantes que defendem o respeito homossexual acompanharam a sessão e vibraram com o resultado, claro. 

Mesmo metade dos argentinos se declararem católicos e um forte movimento contra a o matrimônio por parte dessa igreja, não foi o suficiente para o êxito da sessão. A igreja católica chegou a reunir passeatas para não ser votado o matrimônio, fato que demonstra o quanto seu discurso e atrasado e desrespeitoso. Negar a homossexualidade é uma tolice, e impedir sua união estável é querer que esses fiquem, talvez, numa vida promíscua, coisa que a igreja obomina. 

O fato serve de alerta para o demais países sulamericanos que desejam estabelecer um estado de direito, com respeito as diversidades e respeito a todas as minorias. A legalização do matrimônio homossexual deve ser uma luta de toda sociedade que se pretende ser livre e sem distinção de preferências sexuais. Admiitir e legalizar o casamento gay é um passo a frente de um estado que pretende uma unidade, respeitando as liberdades individuais inerente a todo homem e mulher.

sábado, 10 de julho de 2010

O mito de Homero e o nascimento da filosofia

O mito foi uma das primeiras formas de conhecimento do homem frente ao mistério do mundo que o permeiava; isso nos mostra que o homem não é o senhor de si; ele é independente do conhecido, porém torna-se dependente do que não é conhecido e sabido.

O poeta Homero, em  A Odisséia, narra a jornada do herói Odisseu em sua provações para o retorno de sua pátria, Ítaca, depois da guerra contra os troianos. Odisseu, homem inteligente, arguto, forte e de perene coragem é posto em situações intensas a qual sua coragem se impõe nessas provações.

A relação dos deuses com o herói é caracterizada por um fato peculiar: a maneira que esses deuses se mostram e se aproximam dos mortais acontece não de forma sobrenatual, mas, ao contrário, de forma bastante natural, através da propria natureza, demostrando a essência natural dos imortais.

A linguagem rica semanticamente, simbólica, metafórica nos coloca numa atmosfera sublime ao longo da narrativa da jornada do intrépido Odisseu. Curioso e intererrante é a maneira que se mostra aspectos culturais na obra, que, só lembrando, tem cerca de dois milenios e meio.

Porém é muito dificil para o homem contemporâneo alcançar a compreensão em plenitude de Odisséia; a compreensão simbólica, da representatividade que foi a obra e para o posterior surgimento da filosofia; damos importância aos aspectos literário e histórico. Além do mais, a compreensão da palavra "mito" conota algo fantasioso, irreal, lendoso.

A palavra mito vem do grego mythos, que significa contar, narrar, descrever. É preciso entender a obra do poeta Homero no significado grego da palavra, se não correremos risco de não entender a obra por outras dimensões.

Essa difícil compreensão torna-se evidente nos pré-socráticos, ou pensadores originários. O surgimento da filosofia, na região da Jônia, na cidade de Mileto, nos coloca numa dimensão bastante diferente da nossa
realidade, nos deixando, as vezes, confusos na sua interpretação.

Tales, o primeiro filosofo, é também o primeiro a falar da physis, a questionar o principio primeiro que permeia as coisas, o todo. Sua doutrina baseada em que "tudo é água", tudo se origina através da umidade da água, a vida se inicia com a água.

A physis dos originários é o surgimento , a existência, o acontecer, o existir, a totalidade de tudo, a plenitude da existencia, a flôr, a árvore, a água, o pensamento, a idéia, o surgimento, o ar, tudo é physis; o desabrochar do existente e seus desdobramentos.

 arqué é o princípio que tudo se origina, e tudo que aurge, que nasce, o não estático, o dinâmico, a lei que rege e governa, a base e sustentação para o brotar, o nascer, o surgir. O princípio, a dinamicidade que nasce, lei perene que governa.

Anaximandro vai pensar a arqué da physis como justiça (diké) do cosmo. Anaximenes vai pensar a arqué no ar, em sua rarefação/condensação, no pneuma; "tudo é ar".

Já para Platão é Aristóteles a arqué passa a ser o thaumas; o thaumas é a arqué da filosofia. O thaumas é o espanto, a admiração, a partir do momento que se espanta e se admira com algo, esse espantar-se, admirar-se o conduziria ao exercício da filosofia, a procurar de explicações racionais, explicações cujo o mito não preenche mais as lacunas do questionament, da dúvida, daí as discrepâncias dos conhecimento mítico do conhecimento filosófico; mito não é racional, não é confiável. Mas não podemos esquecer da suma importância do pensamento mítico para o homem grego e para a originação da propria filosofia e as consequencias para toda cultura ocidental.

sábado, 26 de junho de 2010

Somos nós mesmos

O que entender senão aquilo que a minha capacidade, de uma limitada visão, pudesse me oferecer. Nunca pude provar de meu próprio vômito, tampouco saborear minhas fezes, mas não descarto essa experiência. Eu estava dormindo quando vozes diziam em meu ouvido; já não poderia imaginar que era isso. Eu estava com meus sentimentos de molho. É que as vezes tenho que resguardá-los, por isso eu deixo meus sentimentos de canto durantes algum tempo. Eu acreditada realmente em mim, quando deixei-me apaixonar uma pessoa do mesmo sexo que eu. Aquilo parecia tão estranho; quando sentir seus lábios quantes, macios e firmes; a umidade salival matava-me de explendor eterno. Não eram apenas pequenas carnes vermelhas em geometrais, não muito simétricas. Eram seus lábios, eram tuas peles, eram tuas carnes. Era você. Era eu. Era você. Era eu. Era você, era eu mesmo, o meu corpo, meu sexo, minhas formas; ele era eu quando me beijou; eu era ele. Ele era meu espelho, meu espírito; era eu. Era eu. Em todos os instantes de sua existência; deleito eu tua plenitude.
Como poderia descrever tudo que estava sentido naquele instante eterno. Naquele momento eu queria ser perpétuo para experimentar o teu gozo. Aquilo representava eu mesmo; eu era, eu mesmo; você era eu. Eu era você. Eu queria ser eu e você.
Como poder dizer a teu respeito; não há lingüística, não há memória; não há eu.
Não queria dizer nada a respeito, afinal ninguém iria acreditar. Só poderia ser delírio; nada daquilo poderia ser real, pela sua perfeição. Por tua magnitude. Por tua existência. Era tudo parecia ser eterno. Não era perecível. Foi naquele dia, aquele, cujo seus lábios, cor de amora, tocou meus lábios úmidos. Aquele dia em que transcedenci. Aquele dia em que vivi. Pois você era eu e eu era você. Você era eu e eu era você. Eu era você, eu representava você; somos do mesmo sangue, das mesmas formas, temos os mesmos traços e geometrias perfeitas. Éramos nós, aquele ser divino representava nós. Era nosso deleite; era nosso alimento; era nós. Ele representava você e você me representava, eu representava ele.
Perpetuarei na infinidade da existência plena. Na finitude de teus lábios. Na infinitude da maravilha. Na finitude de sua áurea. Na infinitude de nós dois. Éramos nós. Era eu e você.
Como vou provar a mim mesmo, não há vestígios posteriores que em algum momento beirei o espetáculo da loucura; eu delirei de prazer; eu amei. Os líquidos me escorria, eu lambia; líquidos quantes; líquidos de sal, de som; líquidos seus. Seus. Era eu, era nós, era nós mesmos, era apenas nós, nós, eu, eu, eu, eu; era apenas nós mesmos. Nossa vida, nosso sonho. Era nós. Você era eu, eu era você. Você me representava; você deitava, você amava. Você sou eu. Nós somos nós mesmos. Você é eu. Eu sou você Nós somos nós mesmos. Somos homens.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Manual bla-bla-blá: PubliFolha lança cartilha autoajuda para leigos em jornalismo

Mais um livro de comunicação chega às prateleiras: Jornalismo Diário, editado pela PubliFolha, da jornalista Ana Estela de Sousa Pinto, além de não trazer nada de novo (um princípio jornalístico), lesa o consumidor pelo preço exorbitante: uma onça. O indivíduo recebe de troco dez centavos e uma decepção que não tem preço.

O mercado editorial brasileiro passa por uma crise, aliás, duas. A primeira diz respeito à acessibilidade de seus produtos. É inadmissível que os preços dos livros sejam tão elevados. A sociedade brasileira tem uma grande deficiência educacional o que, de fato, ocasiona o baixo índice de leitura. Mas, todavia, esse não e o único motivo. Naturalmente que a questão educacional está ligada diretamente a questão econômica, mas existe uma parte dessa grande maioria, afetada pela deficiência educacional, que tem o hábito da leitura, ou pelo menos uma predisposição, porém quando se defrontam com situação financeira, há uma barreira fria que coloca um limiar entre o que se pode ou não ter acesso.
Pessoas como eu, que tem um regular hábito de leitura, porém devido a questões econômicas, tem um limitado acesso aos livros. Sim, eu estou numa das faculdades mais caras de Salvador, mas eu não sou rico, tampouco membro da classe média, que pelos preços dos livros, parece serem a únicas que podem ter acesso a eles. No Brasil o papel está isento de impostos e produtos culturais têm alguns benéficos fiscais, então por que os livros são tão caros? Será que é para impedir que tenhamos acesso a informação e ao conhecimento? É uma situação tão desconfortante a hora de comprar livros. Tenho que olhar os mais fininhos, os preços são mais acessíveis. Aqueles relativamente grossos eu me abstenho, pois esses sempre passam dos quarenta reais, incompatível com minha situação financeira. Os livros de bolso são um saída, porém são geralmente escritos clássicos de literatura e filosofia, desta forma fica-se limitado a produção intelectual passada, o que é muito importante. Mas é preciso ter acesso as questões contemporâneas, para se ter uma formação mais ampla e distinta, mas como? Os livros das ciências humanas e sociais são um absurdo de caros. Achar um nas casas dos trinta é uma grande promoção

As livrarias também confinadas em chopeim center, revelam sua elitização mais escancarada. Outra questão, também, é o mercado editorial possuído pela indústria cultural. Esses livrinhos de vampirinhos fazendo da literatura sensações do momento evitam outras publicações, talvez até mais interessantes. Isso desencadeia, o que chamo de monotonia editorial, que consiste em publicações de um mesmo seguimento ou gênero, geralmente cópias de beste seler. Assim criam-se febres de literatura do oriente médio, ora de vampiros e, sempre, com os de autoajuda, que são o grande grosso de vendas, pois o país tem muita gente frustrada e fracassada.

No campo mais fechado, área de comunicação/jornalismo as editoras insistem em editar manuais de mesma coisa sobre um campo do jornalismo (rádio, TV, impresso). Desta forma, a cada semestre aparecem nas prateleiras esses novos e velhos manuais de um grande profissional da área, dando as mesmas dicas e truques da técnica jornalística; O que defere esses manuais são apenas a capa, editora e autor, pois o conteúdo é basicamente o mesmo, acrescido me muitos relatos e experiência pessoas, cujos caberiam muitíssimo bem num livro de memórias.

Mais um desses manuais chega às livrarias sem nenhum ineditismo. Trata-se de Jornalismo Diário (PubliFolha), da eminente ex-agrônoma e jornalista do Grupo Folha, Ana Estela de Sousa do Pinto. Na contracapa do livro está: “Jornalismo Diário procura responder aos diversos tipos de questionamento feitos por novos jornalistas”. Novos jornalistas? Será que algum jornalista sai da faculdade sem saber o que é uma pauta e como como fazê-la? Ou que o texto jornalístico deve ser o mais claro e objetivo possível? Qualquer estudante de jornalismo a partir do 6º semestre sabe 90 % do que a autora diz. Talvez a autora quisesse se referir em novos jornalistas aqueles que nunca freqüentaram um curso de comunicação e que agora, com a queda do diploma, resolveram a sorte numa redação qualquer. Ou talvez o livro sirva para aqueles jornalistas ou estudantes de memória muito delével, cujo esquecem muito rápido que devem checar ao máximo qualquer informação, ou que é sempre bom confrontar fontes.

Jornalismo Diário além de não trazer novidade tem um preço bem salgadinho: R$ 49, 90 (Saraiva). O livro não serve para jornalista, pois se pressupõe que saibam de quase tudo que está no livro; tampouco para estudantes, pois esses aprendem com os professores as super dicas de Ana Pinto, iguais tantos autores como Ricardo Noblat e Ricardo Kotcho

Para que esse texto fique mais parecido com uma resenha crítica que um artigo de opinião, terei o enorme trabalho de resenhá-lo de fato, que jornalistas e estudantes de jornalismo podem parar a leitura do parágrafo seguinte, pois não quero que culpem a resenha se o livro resenhado é tudo que já se sabe.

O livro de capa vermelha e quase trezentas e cinquenta páginas e um bom acabamento gráfico possui nove capítulos.
Para Ana Pinto aquele o talento é importantíssimo para que quer praticar a profissão de jornalista, mas isso é em todas as profissões. Todavia talento não basta se o indivíduo não uma carga teórica e prática. A autora traça um perfil de um jornalista que, para ela seria o ideal, possui características quem são: ser culto, inteligente, criativo, curioso, crítico, responsável, persistente, gostar de ler jornais, escrever direito etc. Claro que são coisas meio que óbvias mas valem a dica.

Já no primeiro capítulo Ana Pinto mostra como funciona um grande jornal, sua estrutura, organização e hierarquização e competências. Assim, o pauteiro é “ quem escolhe pela manhã que reportagens serão feitas, organiza o trabalho dos repórteres, encomenda fotos e artes”. O repórter apura o que o pauteiro pediu; o redator faz textos de apoios das reportagens além de poder dá uma corrigida nas reportagens; o chefe de reportagem coordena os repórteres e o editor é quem comanda toda redação, que tamanho uma reportagem terá e qual sua importância no jornal. Até aqui nada que um jornalista ou um estudante não saibam, mas um estudante de jornalismo como eu, se sentiria ofendido se alguém viesse a ensinar ler jornal, ou pelo menos ter o hábito de ler; é que, subentende-se que um estudante leia naturalmente jornais, caso contrário estaria no curso errado. Mas Ana Pinto, no segundo capítulo ensina como babá, aos novos jornalistas a criarem o hábito de lerem jornal. Será que tem algum jornalista, mesmo o mais novos, ou estudantes ainda, que não leiam jornais? Seria como ensinar escritores e leem livros, algo, no mínimo, risível!

Ainda no segundo capítulo têm alguns conselhos para quem entrou ou está prestes a entrar numa redação de um jornal diário. São dicas de como se comportar numa entrevista, o que perguntar, como organizá-la, os equipamento importantes, como fazer para que eles não deem pane e corra tudo certo até a publicação.

“Quem não tem pauta é pautado” é uma máxima que circula nas redações, cujo está no inicio do terceiro capítulo. É que jornalista sem pauta, ou pelo menos sugestão. E para que isso não aconteça à mestra Ana Pinto orienta sobre pautas, desde o que vem a ser uma pauta, até como prepará-las, mostrando onde pode encontrar pautas, e claro, transformar pautas em reportagens. É importante saber o que é noticias, cuja autora explica, muito bem, pois os novos jornalista saíram da faculdade sem saber.

Hierarquizar a informação, prever etapas de apuração e antecipar a edição de todo o material da pauta. É preciso levar em conta que pautas podem surgir do lugar que menos se espera, por isso o instinto de curiosidade, que deve ser intrínseco a todo jornalista/repórter deve ser aguçado.
Uma conversa em casa com a alguém da família, com seu médico, passando pelo cobrador ou pelo vendedor ambulante pode render boas pautas e conseqüentemente boas reportagens; mas antes de sugerir ao editor a pauta é bom responder algumas perguntas : a pauta diz que editoria se destina? Tem um título? Sugere algo inédito? A sugestão tem foco? Respondidas as perguntas à possibilidade de o editor recusar a pauta diminui.

Depois de saber como funciona a redação de um jornal, o que é noticia e como preparar uma pauta, a reportagem, de fato que deve ser feita com todo o suporte técnico do quarto capítulo. Para isso algumas recomendações da autora: “Uma boa reportagem, como uma cadeira, precisa se apoiar em quatro pernas: pesquisa, observação, entrevista, documentação”. seguindo tais orientações é hora de ir à campo. lembrando que uma boa pesquisa é sinal de boa reportagem; a autora faz uma ressalva nessa etapa sobre o uso da internet:” a rede não é imbatível em termos de qualidade de informação
Mas tenha claro que nem sempre é o recurso mais rápido nem sempre se pode confiar no que está lá. A internet é um recurso útil de pesquisa para: achar contato de fontes; achar endereços e mapas; achar personagens; achar especialistas; achar informação oficial [...]”. Desta forma o uso da internet na produção e elaboração da reportagem deve ser usada com parcimônia.

É importante, também, segundo a autora, um exercício de observação, trata-se de um posicionamento crítico sobre tudo e, principalmente, sobre e as fontes para que o repórter não vire um mero reprodutor de discursos.
A entrevista para a reportagem deve também ter uma série de cuidados; por exemplo, é preciso ler sobre o que já saiu sobre o assunto e sobre a fonte; fazer perguntas sempre abertas para que não se obtenha respostas monossilábicas. Até aqui alguma novidade, novos jornalista e estudantes?

Coberturas mais complexas que exige mais do repórter são esplanadas do quinto capítulo. É necessário mais cuidado, por exemplo, em cobrir casos de catástrofes e litígios; no primeiro caso, segundo a autora “ se o assunto nos afeta muito de perto, talvez seja melhor não participar da cobertura ;quanto aos casos judiciais e bom não acusar suspeitos, registrar sempre o outro lado e organiza-se para acompanhar o caso.

A fonte como sabemos é algo precioso na hora da reportagem, por isso importante o repórter cativar suas fontes e é sobre isso que fala o sexto capitulo. Por exemplo, ligar para as fontes pelo menos uma vez por mês, sem compromisso de entrevista-las, pode criar uma relação mais próxima para que essas, quando souber de algo importante, ligue imediatamente.

O sétimo capitulo (o texto jornalístico) trata como é a estrutura do texto, o lide, a importância do bom título, dos períodos curtos, das frase claras e das declarações objetiva e, claro, da concisão. Algum “jornalista novo” não sabe disso?

Os dois últimos capítulos dizem respeito a importância de aproveitar bem faculdade, lendo muito e tentando descobrir o que mais gosta em jornalismo e t já, digamos, se especializando.

Portanto, Jornalismo Diário não traz nada que acrescenta os jornalista, ao novo jornalista ou até mesmo ao estudante, pois trata de coisa obvias da profissão. Certamente o professor que indica ao aluno tal livro comete um equívoco, pois quando, na orelha do livro diz que o livro é para “novos jornalistas” o editor quis dizer aqueles que não têm formação em comunicação e que querem entrar na área sem o diploma, afinal o livro pretende ser uma extensão do treinamento folha de jornalismo, cujo nunca foi exigido o diploma de jornalista para participar. A esses sim, o livro tem muita utilidade.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

As aparências não enganam

O celular desperta às 06h00. Uma hora depois eu já estou no ponto de ônibus. Cheio; gente de cara inchada, ainda de mau-hálito, disputando o minúsuculo espaço das carcaças de aço que servem para transporte público e coletivo. A cidade tem cada vez mais carros na sua pistas estreitas de asfalto negro e áspero. O trânsito fica lento para quem tem tanta presa de viver, cujo perde seu precioso tempo olhando para caras feias e axilas fedidas.

O vidro sujo, que outrora fora transparente, ofusca a paisagem da angústia e do medo urbanos. Tenho inveja de quem não precisa pegar ônibus. Talvez o único lugar onde quem está por baixo está melhor de quem está por cima seja no trânsito.

Cada carro que passa com seu desaine imponente desperta por alguns segundo meus olhos e minha inveja. Eu tenho vontade de ter um carro. No meu carro ninguém me incomodará me pedindo desculpas por estar interropendo minha viagem, para oferecer guloseimas de origem duvidosa. Eu não tenho vontade de saber das novidades bombonierísticas, pois sei onde ficam as lojas americanas; e, além do mais, é melhor não ver essas coisas mesmo, pois ver crianças e velhos maltrapilhos podem despertar meu senso humanitário, coisa que detesto.

Em meu carro não ficarei com medo de alguém entrar para me roubar, pois apenas entrará no meu carro pessoas convidadas por mim; também estarei menos exposto e mais seguro, porque tenho medo de andar de ônibus, e, por hora, tenho nojo. Não me sinto bem; acho ele sujo, feio e tenho quase certeza que ali se transportam mais germes e bacterias que de fato gente.

Todo dia no onibus pessoas que nunca vi, ou pessoas que sempre vejo. Tem muita gente que eu nem sei quem é, se é pessoa de bem, se ali tem alguém de má fé capaz de me colocar em risco, afinal ninguém precisa de antecedentes criminais para entrar no ônibus. Mas a gente conhece pela cara as entidades do mal. Eles são facilmente identificados, pois carregam sobre sua pela escurecida símbolos que incriminam-os, revalando sua marginalidade e despertando tensão quando infiltram no coletivo.

O corte de cabelo pode representar alguma coisa. Eles podem ter aquele V.O. onde na parte superior da cabeça têm cachos impreguinado de alisante e gel, ou um corte com desenhos à gillete de marcas como Seaway. Porém esses cortes excêntricos só ficam à vista se não estiverem com bonés das marcas como Hang Loose, Ciclone, BillaBong etc. Todo mundo sabe que quem usa ciclone é ladrão ou futuro candidato. Cada item com essa marca, a ciclone, aumenta a probabilidade do perigo que o individuo representa, como um tufão na cidade de papel.

As tatuagens são também indícios. A localização, a qualidade e o desenho dizem muita coisa. Se a tatuagem é aquela extremamente amadora e tecnicamente horrível, o elemento perdeu o senso estético e, portanto, representa mais perigo.

O brinco aliado a sandália, que deve ser da marca Kenner, vai compondo os adereços dessa gente pernisiosa. Agregado a isso, o óculos estilo Varnet e o batidão ratificam a certeza. Quanto ao batidão, que é uma corrente de prata, quanto mais grossa e maior for, consequentemente, maior será o perigo que ele oferece.

Se ele sentar-se no fundo do ônibus e colocar para tocar no celular alguma música dos racionais é bom ter medo. A forma que ele fala também denuncia; dicção ruim, um gingado na fala tipicamente de malandro, repleto de neologias e gírias que apenas ele decodifica, sempre com olhares desconfiados e intimidadores. Essas pessoas são geralmente feias e quanto maior for sua feiura e bizarrise estérica e maior itens acima ele carregar, a possibilidade desse lhe fazer um mal e quase cem por cento.

Na hora que ele levantar peça a deus para não morrer, pois ele pode te matar ou apenas descer no príximo ponto. Por isso que eu quero ter meu carro.






quinta-feira, 20 de maio de 2010

O processo anticivizatório

Um horizonte vermelho e cinza. Essas são as cores que vemos no momento em que passamos por alguns trechos da avenida paralela, em Salvador, cujo nome oficial é Luiz Viana, e outrora era apenas unicolor: o verde. Ali grandes empreiteiras de grupos bem representados em várias instituições, principalmente políticas, mutilam a mata atlântica para construírem o país vertical das maravilhas, como uma espécie de Lewis Carroll à baiana; mas o efeito maravilha desse mundinho acaba quando abrem-se os portões e as portas da não esperança do mundo da não fantasia.

São prédios e mais prédios de geometrias plurais, onde homens se empenham para o quanto antes seus donos poderem adentrar com suas ideologias singulares, em seus veículos com nomes estrangeiros, nos seus condomínios de nomes estrangeiros, para seus mundos de alienígenas estrangeiros, cujo pode ser comprando por fortunas a metros quadrados. Afinal esse mundo construído com cimento e medo, é uma tentativa pífia de reproduzir sociedades longínquas, com outra cultura e outros contextos. Trata-se de uma nova e velha forma de ordenar os espaços urbanos com a propósito de ficar cada um no seu quadrado e cada um no seu mundo, como micro-sociedades distintas.

Pastilhas de vidro, porcelanato importado revestem o cinza frio do cimento na cidade das discrepâncias. Os muros antes invisíveis, porem visíveis, sitiam um novo mundo, porém velho. A esses mundos verticais, que ficam mais próximos do céu que da terra, batizam-nos, por exemplo, de Downtown, Le Parc, Mahatan, Especialle, Greenville; uma tentativa clara de importar para reproduzir uma sociedade estrangeira, talvez uma Miami da vida. Os sobrenomes desses esconderijos dos endinheirados são residence club, club private ou coisa parecida. A intenção também é além de outras, a exclusão lingüística para que o outro, aquele do outro lado do muro, que mal sabe seu português, não decodifique significados, dando a impressão de mais exclusividade.

Essas mansões que se destacam por mil e uma variedades de lazer e gozo pleno, tudo sem sair do lugar, para que se possa ficar o máximo de tempo trancado em sua limitação geográfica e ideológica, numa espécie de unidade carcerária de gente rica, cujo crime deve ter sido a omissão dos problemas sociais típico dessa elite historicamente estúpida. O world private dos barões que desfilam em Hilux, Civic, Tucson e similares, desejam sair menos as ruas, no outro mundo, para não se expor as mazeles urbanas e o caos da grande cidade soteropolitana. Essa gente também não gosta de ver o outro que pode levantar a mão ou para pedir ou para tomar o que eles demasiadamente têm em excesso.

Darcy Ribeiro, em O processo civilizatório, analisou a evolução das sociedade humanas na America Latina. Para o antropólogo brasileiro, um dos aspectos da civilização é a interação social e a troca de signos e valores de forma indistinta. Indo no pensamento de Ribeiro, vejo uma ação contrária, um processo anticivizatório. O individuo se enclausurando num espaço onde ele trabalha, dorme e se diverte sem por o pé na rua, pois o perigo é iminente e sua capacidade de enxergar além disso é inconveniente

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Entre a teoria e a práxis no ensino do jornalismo

O último dia 7 de abril foi o dia do jornalista, portanto, é pertinente falar sobre o ensino do jornalismo, em salvador, em diversos aspectos, mesmo que de forma tardia.

Com a expansão das faculdades privadas, a academia passou a despertar o interesse de profissionais que viam na docência um mercado promissor. Fazer um mestrado tornou-se um passaporte para dar aula nas faculdades, mesmo para os recém-formados e com pouca experiência na pratica jornalística. Desta forma é comum ver professores na casa dos vinte e poucos anos, com muita teoria e pouca experiência a ensinar, mas com seu titulo de mestre. Já tive professores de 24 e 27 anos. Em Portugal o sindicato dos jornalistas já propôs que qualquer jornalista com dez anos de experiência teria acesso direto ao grau acadêmico de mestrado.

Acredito também que um jornalista com dez anos de carreira e sem mestrado tem muito mais a ensinar que aquele com dois de experiência e um titulo de mestre. A conseqüência da falta de longa e ampla experiência dos docentes,( claro que nem todos) deixa o ensino do jornalismo com teoria exacerbada; em sala quase não se nota competências e habilidades individuais, pois os discentes ficam sentados ouvindo os grande detentores da sabedoria, num método ultrapassado e ineficiente, principalmente no curso de jornalismo. Desta forma o excesso de teoria e a pouca prática tende a deixar o jornalismo (e o jornalista mecânico), robotizado e com grande dificuldade na hora de exercer a profissão na pratica real.

Como estudante de jornalismo, passei por três faculdades privadas em Salvador e a realidade não se diferencia muito uma da outra. Acredito que a teoria é importante para entender o fundamento, a técnica e a ética jornalística, mas a práxis deve ser priorizada.

Na França, depois de institucionalizar o ensino do jornalismo, defrontavam-se duas opções pedagógicas: os defensores de uma formação profissionalizante instituindo nas aprendizagens técnicas, e os partidários de uma formação intelectual. Acredito que as duas diretrizes devem ser incorporada uma a outra, mas a formação intelectual deve ser priorizada, privilegiando o empírico, mas sem desprezar o teórico. Acredito que o jornalismo se aprende na pratica , nas redações e nas ruas, onde estão os verdadeiros professores.



sexta-feira, 23 de abril de 2010

Raquel de Queiroz: Expoente da literatura sertaneja e das novas narrativas do Brasil

Mulher e nordestina. Raquel de Queiroz tinha duas características para ficar à margem de qualquer movimento intelectual e pioneiro no Brasil, nas primeiras décadas do século XX, se não fosse um detalhe: foi ela a pioneira. Isso tem um dimensão de maior importância quando esse espaço se dá na literatura, tradicionalmente dominado por escritores, ainda com suas narrativas esuropeizadas, onde as raízes do Brasil nordestino praticamente inexistiam.
Raquel de Quiroz inaugura na literatura brasileira, um narrativa de um Brasil pouco - ou nada- encontrado nas linhas e entre linhas de até então. Um Brasil excluído dos enredos de grandes escritores. Um Brasil sertanejo, peculiar e especial sob a ótica e a pena de uma mulhar, nordestina, intelectual e sertaneja. Foi a primeira mulher cronista na impresa brasileira; a única mulher escritora aceita como representante no movimento modernista brasileiro e a primera mulher eleita a ocupar a cadeira imortal da Academia Brasileira de Letras, também denominada de Grande Dama da Literatura Brasileira.
Raquel de Queiroz fixou um marco na história literária e social brasileira. Em seu romance de estréia, O quinze, cuja temática escolhida foi a grande seca que assolou o Ceará de 1915, sua prosa regionalista retrata, numa linguagem enxuta e expressiva, o nordeste brasileiro, onde consegue amalgamar a preocupação social à preucupação com traços psicológicos dos personagens, inaugurando no Brasil a vanguarda do romance sertanejo, que trouxe para nossa literatura um olhar sobre o Brasil, através de sua sensibilidade de mulher sertaneja, tornando-se a primeira porta voz do sertanejo em nossa literatura, mostrando sua preocupação com a temática social e política, como escritora nacionalista.

A importância e contribuição dessa escritora cearense extrapolam o ambiente literário. Nesse, sua importancia se traduz como pioneira e vanguardista de uma nova literatura, para formação das narrativas sobre o Brasil. Narrativas, cuja estética e valores tem no homem nordestino e sertanejo, novos significados e interpretações, revelando sua cultura, agruras e toda problemática que cerca o homem do sertão do nordeste brasileiro.

No campo sociológico, sua importancia não é menos relevante, pois contribuiu no sentido de resistir e enfrentar as disposições canônicas e a dominação masculina na literatura brasileira, onde a mulher praticamente esteve ausente, abrindo campo para atuação feminina em novos espaços de atuação no cenário intelectual do país, numa construção das relações sociais e de gênero.

Raquel não foi apenas uma escritora; foi uma escritora de vanguarda no movimento modernista brasileiro e pioneira na literatura regionalista sertaneja. Sua importância na literatura brasileira é incomensurável, por sua autenticidade e ineditismo na forma de escrever o Brasil desde então, estabelecendo um limiar na história literária nacional. Trata-se de uma eminente escritora, professora, cronista, poeta, romancista, jornalista e teatróloga, cuja importância será lembrada nos próximos séculos ao se discutir literatura de vanguarda, ruptura de padrões masculinos e, principalmente, o sertão do nordeste brasileiro. Talveaz as palavras que melhor traduzam a importância de Raquel sejam de Carlos Heitor Cony:" a literatura regional nasceu com Raquel de Queiroz, sozinha, sem padrinhos, no serão do Ceará".