O mito foi uma das primeiras formas de conhecimento do homem frente ao mistério do mundo que o permeiava; isso nos mostra que o homem não é o senhor de si; ele é independente do conhecido, porém torna-se dependente do que não é conhecido e sabido.
O poeta Homero, em A Odisséia, narra a jornada do herói Odisseu em sua provações para o retorno de sua pátria, Ítaca, depois da guerra contra os troianos. Odisseu, homem inteligente, arguto, forte e de perene coragem é posto em situações intensas a qual sua coragem se impõe nessas provações.
A relação dos deuses com o herói é caracterizada por um fato peculiar: a maneira que esses deuses se mostram e se aproximam dos mortais acontece não de forma sobrenatual, mas, ao contrário, de forma bastante natural, através da propria natureza, demostrando a essência natural dos imortais.
A linguagem rica semanticamente, simbólica, metafórica nos coloca numa atmosfera sublime ao longo da narrativa da jornada do intrépido Odisseu. Curioso e intererrante é a maneira que se mostra aspectos culturais na obra, que, só lembrando, tem cerca de dois milenios e meio.
Porém é muito dificil para o homem contemporâneo alcançar a compreensão em plenitude de Odisséia; a compreensão simbólica, da representatividade que foi a obra e para o posterior surgimento da filosofia; damos importância aos aspectos literário e histórico. Além do mais, a compreensão da palavra "mito" conota algo fantasioso, irreal, lendoso.
A palavra mito vem do grego mythos, que significa contar, narrar, descrever. É preciso entender a obra do poeta Homero no significado grego da palavra, se não correremos risco de não entender a obra por outras dimensões.
Essa difícil compreensão torna-se evidente nos pré-socráticos, ou pensadores originários. O surgimento da filosofia, na região da Jônia, na cidade de Mileto, nos coloca numa dimensão bastante diferente da nossa
realidade, nos deixando, as vezes, confusos na sua interpretação.
Tales, o primeiro filosofo, é também o primeiro a falar da physis, a questionar o principio primeiro que permeia as coisas, o todo. Sua doutrina baseada em que "tudo é água", tudo se origina através da umidade da água, a vida se inicia com a água.
A physis dos originários é o surgimento , a existência, o acontecer, o existir, a totalidade de tudo, a plenitude da existencia, a flôr, a árvore, a água, o pensamento, a idéia, o surgimento, o ar, tudo é physis; o desabrochar do existente e seus desdobramentos.
Já arqué é o princípio que tudo se origina, e tudo que aurge, que nasce, o não estático, o dinâmico, a lei que rege e governa, a base e sustentação para o brotar, o nascer, o surgir. O princípio, a dinamicidade que nasce, lei perene que governa.
Anaximandro vai pensar a arqué da physis como justiça (diké) do cosmo. Anaximenes vai pensar a arqué no ar, em sua rarefação/condensação, no pneuma; "tudo é ar".
Já para Platão é Aristóteles a arqué passa a ser o thaumas; o thaumas é a arqué da filosofia. O thaumas é o espanto, a admiração, a partir do momento que se espanta e se admira com algo, esse espantar-se, admirar-se o conduziria ao exercício da filosofia, a procurar de explicações racionais, explicações cujo o mito não preenche mais as lacunas do questionament, da dúvida, daí as discrepâncias dos conhecimento mítico do conhecimento filosófico; mito não é racional, não é confiável. Mas não podemos esquecer da suma importância do pensamento mítico para o homem grego e para a originação da propria filosofia e as consequencias para toda cultura ocidental.
sábado, 10 de julho de 2010
O mito de Homero e o nascimento da filosofia
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Renan Oliveira
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