sábado, 27 de dezembro de 2008

As novas dádivas da música brasileira

Que a música passou por uma gigantesca revolução nos últimos anos, e cada vez mais suas transformações são de velocidade, talvez, inimagináveis há cinqüenta anos, isto é fato. Portanto há inúmeros fatores para que, ainda, muitos artistas sejam marginalizados, não por desvalorização artística, mas para o mercado capitalista, pois não existe arte no capitalismo.

Esta semana resolvi baixar, no meu mundo de discos fabulosos, cujo não revelo a ninguém, discos de jovens cantoras brasileiras que, por muitos razões, principalmente mercadológica, são impedidas de mostrar, também, seus belos trabalhos artísticos.Foram cinco discos: o primeiro foi a Roberta Sá, do Rio Grande do Norte, cuja mora no Rio, com o belíssimo Sambas e Bossas, de 2004, seu segundo disco. Roberta, que largou o jornalismo para seguir suas vocações oficiais, mostra um bom samba com muito violão e clássicos da MPB. A primeira música começa com Cartola passando por compositores de sua geração, sem esquecer-se de Tom Jobim. O segundo Foi de Ana Martins, Futuros Amantes, de 2001. Depois que baixei o disco, ouvir e fui ao Google checar seu currículo e descobrir que é filha da cantora Joyce. O disco, com um samba e uma voz doce da jovem, que canta com, além de João Donato, a própria mãe. Canta Wave em duas línguas além de futuros amantes, música de Chico Buarque que dar título ao disco. Sua voz plácida parece de menina encantada. O terceiro foi Adriana Deffenti, que estuda Licenciatura em música, e seu primeiro disco, Peças de Pessoas, de 2002 é o que ouço. Adriana faz uma boa MPB, que não têm raízes do samba, mas sua estética musical se caracteriza pela batida mais acelerada da bateria e predominância de guitarra. Pode chegar ao Pop com categoria. Foi aclamada pela Veja como a mais nova safra da MPB. A futura professora de música faz seu espetáculo com Pô, amar é importante! a sétima música do álbum e ainda conta com a faixa Going To California, com um violão e belos efeitos. Esta outra garota era para está numa das maiores agências de publicidade da América, a W/Brasil, mas foi o próprio Washington Olivetto que lhe deu apoio para seguir sua carreira verdadeira e gravar seu primeiro disco, em 2005, intitulado Meu, com clássicos da MPB, e músicas de Tom Jobim e Chico Buarque. Neste disco, além de cantar Água de beber, do Tom, ela canta What´s New em língua inglesa, naturalmente. O nome dela é Ana Paula Lopez, de 27 anos. E finalmente- até aqui pelo menos- O disco de Bruna Caram, de 2005. Um disco sublime, de primeira grandeza, de uma garota de 21 anos. Seu som de baladas leves e músicas mais intimistas com influência do violão se destacam muito bem no álbum. A cantora é sobrinha da também cantora Ana Caram. Suas letras falam de amores perdidos e iludidos, perdas e ganhos, sentimentos profundos, sonhos e paixões. Esta menina merece destaque, sem dúvida, pois é uma dádiva que incorpora a alma artística.

Os discos, todos eles baixados gratuitamente na internet, são de grande representação na música brasileira, pois estas meninas da MPB conseguem fazer a hibridez do clássico com o moderno.

Estas cantoras são de extrema importância, pois significa que ainda se fazem música autenticamente brasileira e que é preciso mostrar isto. Por isto que a internet é fundamental neste processo.

Elizete Cardoso, Alaíde Costa, Dalva de Oliveira e Elis Regina devem estar felizes em ouvi-las.

domingo, 21 de dezembro de 2008

A crise como reflexão

O ser humano é um animal de transformação perene, pois é um ser inquieto e suas angústias o levam para um patamar de complexidade e confusão devido, ainda, a sua imaturidade de buscar a real significado da essência humana. Outrossim, as construções humanas simbólicas/ materiais se enquadram neste contexto, pois são apenas produtos humanos.
Nos últimos anos, crise é a palavra chave/mágica para os canais de comunicação levarem ao público determinado declínio ou problema de algum setor, principalmente os que envolvem direta e indiretamente a economia. Quando isto acontece, todos os olhos se voltam para esta new crisis, nada mais é tão importante, chega a ser tema de capítulo de novela até o colunista de arte, que fala, por exemplo, que não tem público devido a crise. Para as pessoas mais simples, de baixo nível escolar, fica complicado entender “as crises”, pois os telejornais mais complicam do que esclarecem, de modo que, mais aterroriza do que comunica e noticia. Como há muito tempo a impressa perdeu sua credibilidade -se é que já teve- fica difícil saber se realmente há a crise ou se apenas é um jogo ideológico, típico da impressa burguesa brasileira, por conveniências políticas, ora fazendo uma matéria jornalística (?) mal elaborada e confusa, ora colocando um comentarista para reforçar seu ponto de vista. Os colunista e comentarista também são outros que seus discursos estão nas entranhas ideológicas.
Há oito anos quatro crises, destas que, talvez, só existam na pauta dos jornais, tomaram conta dos comentários de boteco de esquina até em bares onde servem uísque 18 anos. Alguém lembra a crise do apagão do ano 2000, pré-anunciando o fim dos tempos? Depois a crise política, devido aos escândalos (?) do mensalão? Há pouco tempo não se falavam em outra coisa que não a crise aérea no país; doutores e especialista comentando e dizendo como deveria ser e acontecer e etc.. Todo mundo sabe de tudo. As crises são complexas, mas as coberturas são sufocantes em curto período de tempo e efêmera; é só esperar a próxima chegar e dar tchau. Neste caso a crise aérea deu lugar a crise moral/conjugal de Renan Calheiros. Queriam saber até porque ele não usou camisinha para comer a Mônica Veloso. A assessoria do senador deveria enviar uma nota à imprensa respondendo: furou!
Há alguns meses vivemos os fins dos tempos com a crise econômica mundial: a tal recessão econômica. O que é difícil saber são suas proporções reais, já que impressa diz que é planetária e devastadora e o governo diz que de muito leve, vai passar triscando na economia brasileira. Aí, ficamos nos discursos bipolares convenientes. Faltam respaldo e respeito de ambas as instituições, para que possamos ter uma consciência verdadeira sobre tudo que nos permeia.
No dicionário da língua portuguesa Melhoramentos, a palavra crise é conceituada como: “período difícil na vida de uma pessoa ou de uma sociedade de cuja solução depende à volta a um estado normal; falta de alguma coisa em vasta escala.” Para a filósofa brasileira Nancy Mangabeira Unger, crise “é o momento onde algo se encontra confuso e é o momento do discernir, do decidir; é o momento do parar tudo para a decisão, para que possamos superar a crise, que é necessária.” Assim, acredito que as crises que nos aparecem, de forma tão fugaz, devem ser pensadas de forma mais crítica e lúcida. Talvez não exista nenhuma crise, exceto a crise governamental, que parece ser perpétua, e da esdrúxula imprensa. Porém acredito quer crise é o momento mais oportuno, como diz Nancy, para o discernir, para o decidir, afinal nossa inquietude é intrínseca a nossa alma, portanto crises há de existir tanto quanto a própria inquietude humana.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Humor e homossexualismo na Tevê

Há muito tempo que a televisão brasileira vem agindo com desrespeito com o público. Há muito tempo, também, que os órgãos públicos, que autorizam sua transmissão, pois a televisão é uma concessão pública, já poderia ter se posicionado para rediscutir os parâmetros nos conteúdos programáticos da televisão aberta no país, pois a televisão só está servindo conteúdo ideológico, reafirmando os pré-conceitos e o que sobra é babaquice pura.

Os homossexuais viram chacota e são ridicularizados chula e grotescamente nos programas de humor. O programa Zorra Total, que pode ser chamado também de Idiotas Globais, da TV Globo, por exemplo, insiste na reprodução de gays estereotipados, afeminados, cabelo de chapinha, cheios de cor de rosa, com vozes finas e cheios de caprichos femininos. Na maioria dos quadros deste programa, tem um homossexual com este perfil, que reforça um estereótipo errôneo, a estigmatização e o preconceito que todo homossexual é uma “bicha louca”, como eles mesmo preferem chamar estes personagens.

Em uma sociedade que ainda insiste na intolerância, no pré-conceito e na estigmatização do homossexual, estes programas com tais personagens, estrutura, sem dúvida, estes comportamentos sociais que precisam ser pensado e revisto, e se a televisão não cumpre seu real papel e trilha um caminho marginal, deve haver repugnância e um forte movimento para a retirada do ar do programa ou mesmo a suspensão de sua concessão, pois a emissora rompeu com parâmetros definidos pelo ministério das comunicações. Que entretenimento é este que usa o pré-conceito é o reforço do estereótipo como piada?

Quando as pessoas assistem a estes programas- que não é só na TV Globo-, e vêem a caricatura ridícula do homossexual, que respeito terão pelo homossexual, que aceitação compreensiva terão se um filho disser que é homossexual se na mente todo homossexual é como o Patrick ou aquele que contracena com aquela mulher que diz: “tô pagano”? E o homossexual escondido no armário, pela vergonha e pelo medo de assumir sua sexualidade, será que estes programas ajudam ou prejudicam na identidade sexual e a colocar em público sua homossexualidade, que é comum e normal tanto quanto o heterossexualismo? È preciso um novo olhar sobre estes programas, de quem assiste, produz e permite sua veiculação, pois além de ridicularizar o homossexual, coloca o negro, o nordestino no mesmo nível da chacota. Ora, se um país como este, onde a educação não existe, e as pessoas aprendem tudo com a TV e com o vizinho, que também aprende com a TV, quais os impactos destes programas na mente desta gente? O reforço da estigmatização do homossexual que continuará sendo chamado de “biba”, “bicha”, “viado”, “queima rosca” e etc., e a solidificação de que todo homossexual é aquele da TV, que só entende de cabelo, maquiagem e roupa.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Aos amigos maiores

Em uma vida agitada como a que a sociedade se propõe a tentar viver, tudo acaba no mais puro tédio pela mesmice e, pessoas como eu, que tento buscar alternativas e formas de viver esta realidade funesta e medonha me deparo com a surpresa quando conheço pessoas excepcionais, coisa raríssima, pois o que vejo são pessoas que perderam a noção da realidade para se trancar em um mundinho tão individual quanto mesquinho. Não posso entender, pois talvez a minha confusão em tentar entender esta loucura coletiva travestida de pura lucidez ao qual só consigo rir, e nada mais. Mas, se rir demais posso cair no puro deboche destes esdrúxulos comportamentos humanos que abomino. Como diz aquele senhor rapaz: rir é bom, mas rir de tudo é desespero, então me encontro desesperado?

A autoflagelação humana é tão notória quanto sua imbecilidade, porém deve haver alguém que põe óculos nos olhos desta criatura, para camuflar o real e colocá-lo numa dimensão de extrema demência. Quem será que faz isto? Eu, que sempre penei em tentar chegar a tal conclusão, hoje prefiro creditar isto a própria raça humana, que se considera melhor que os outros animais, diz ser racional, ah, dizem por aí que somos civilizados. Somos?

Chegamos ao momento de extremo colapso (em todos os sentidos) e penso da pertinência em dizer do colapso social. Parece que está cada vez pior a convivência. Então a civilização está em decadência; os ricos se trancam em seus condomínios negligenciando a realidade que eles configuram. Dormem com travesseiros macios para terem bons sonhos, todavia este sonho acabará quando eles acordarem e verem que o mundo existente não é o que eles vivem; a realidade é outra. Não está nos shoppings, muito menos nos finos restaurantes tampouco no copo de uísque.

Portanto, penso e digo da importância de estabelecermos os mecanismos para uma sociedade mais convival e que os valores estejam no mesmo patamar que a eqüidade, tolerância e solidariedade, para vivermos em paz. Lembremos, portanto, daquele grandessíssimo homem que nos deixou um legado de pura sabedoria e que infelizmente a ignorância não nos permite segui-lo de forma mais sóbria e sensata do que desesperadora: “Fazes com o outro apenas o que queiras que faça contigo.”

“Eu vejo a vida melhor no futuro, eu vejo isto por cima do muro de hipocrisia que insiste em nos rodear; eu vejo um novo começo de era, de gente fina, elegante e sincera, com habilidade pra dizer mais sim do que não.” Ora, não quero plagiar a obra do Lulu Santos, mas quando ouço esta música entro em outra dimensão, devido ao seu conteúdo filosófico: “Não há tempo que volte, vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir.”

Esperemos o futuro com novas perspectivas porque o futuro começa hoje.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Apresentação do meu trabalho de Antropologia

Os "primeiros antropólogos" interessavam-se por dois objetos: o parentesco e a religião. A religião, este vínculo do homem com seus seres supremos e divinos, é tão fantástica quanto antiga; vestígios de civilizações passadas e menos complexas, comprovam o comportamento do homem e suas ligações espirituais. Religião também foi o objeto para o meu trabalho etnográfico e por sua pluralidade- sim, a religião é e tem que ser plural- optei pelo candomblé, uma religião que sofre e sofreu ao longo de sua história o intolerantismo e a supremacia de uma cultura judaico-cristã.

No Terreiro Ilê Axé Omo Oyá estive por onze vezes realizando minha pesquisa antropológica onde meus ouvidos se aguçaram assim como todos outros sentidos e minha curiosidade e o fascínio de uma religião tão complexa quanto coerente. A priori, interessava-me em observar os ritos de oferendas, abordando seus significados; em seguida tentei analisar e etnografar o ritual de passagem onde membros desta religião são submetidos ao confinamento, todavia, foi preferível abandonar estes dois aspectos devido a questões doutrinárias e fundamentalistas; fui orientado pelo Pai de Santo a observar outro aspecto do Terreiro. Os fundamentos desta religião são tão complexos quanto restrito aos membros de hierarquia superior. Assim, percebendo se da minha insistência sobre este dois objetos poderia tornar meu trabalho superficial, pois pouca coisa poderia saber, devido a tais circunstâncias, foi mais sensato abordar outro aspecto que não deixa de ser interessante, pois, não foi o próprio “pai da etnografia”, Franz Boas, que disse não haver objeto nobre nem indigno de ser pesquisado?

Os signos e símbolos no terreiro passaram de forma definitiva a ser os meus objetos de pesquisa, porém, tive que fazer uma abordagem do ponto de vista da antropologia simbólica e não da antropologia social e/ou cultural, pois meu interesse passava para os produções de bens simbólicos naquele Terreiro, para, a partir destas observações, dos sistemas representativos dos objetos simbólicos, obter( ou tentar) uma maior compreensão de seus signos e significados e sua relação com as crenças, rituais e cerimônias nesta Nação, abordando seus aspectos simbólicos físicos e sagrados, analisando deste seus significados(naturalmente) até seu processo de confecção e tratamentos de purificação. È pertinente ser dito que devido grande quantidade e diversidade signos e símbolos no Terreiro, abordo neste trabalho, apenas seis.

Foi-me indispensável à leitura do capítulo dois, da segunda parte do livro de François Laplantine, Aprender Antropologia, e alguns textos de Clifford Geertz, pois este acredita (ou acreditava) que a antropologia além de ser uma ciência observatória, devia ser interpretativa.

O candomblé é uma religião de raízes intrínsecas a África, e divide em diversas nações pela sua língua. O terreiro que fiz esta pesquisa é da Nação Ketu, sua língua é a yorubá. Por isto, que em cada Terreiro, ou cada Nação, há significados diferentes de coisas comuns.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Lágrimas de diamantes: a dramaturgia midiática

Não quero aqui ser tão estúpido reproduzindo, como um eco, as posições de intelectuais e teóricos de comunicação brasileiros. Mas, acredito na pertinência, devido à realidade, de perguntar: qual é mesmo o papel da imprensa? No Brasil, a imprensa tem o único papel de ser apenas ridícula; mas como Marx já disse que a imprensa é a expressão de um povo, pergunto novamente: onde está a impavidez colossal deste povo?

Que temos uma imprensa frívola isto é fato, pois os fatos (ou versões) da imprensa são frívolos, como esta nova onda de comoção nacional alicerçada pela irreflexão e imbecilidade. A novela divide-se em cinco capítulos: primeiro foi o caso Pedrinho, seqüestrado pela malvada Vilma; em seguida foi a monstra, patricinha classe média Suzane, que mandou matar os pais que dormiam como anjinhos; João Helio Fernandes foi o protagonista do terceiro capítulo; a garota Nardone foi à estrela do quarto episódio e a heróica garota Eloá, que morreu por amor, fecha parcialmente o capitulo final. Alguém sabe o nome desta novela? Eu sei: lagrimas de diamantes, uma trama dirigida e encenada pelos homens da imprensa deste país chamado, Brasil?

A imprensa parece não saber discernir a esfera publica da privada; o interesse coletivo do particular, e cai na tolice. As pessoas parecem não saber também, pois caso soubessem repugnariam tais comportamentos que imprensa ainda insiste. Qual mesmo o interesse social de um psicopata que, por frustração da perda, mata a namoradinha? Nenhum! Se for para comover as pessoas por mortes, porque a imprensa não coloca as pessoas para chorarem pelos assassinatos diários nas favelas e periferias deste país? Se for para fazer chorar, porque então não noticia todo dia e toda hora, entrando em plantão, quando cada cidadão morrer pela falência do serviço público de saúde? Então, em vez de fazer como as revistas semanais, que trazem nas capas um fundo negro assustador dizendo que sua filha apode ser a próxima Eloá, causando mais pânico que informação, não mostram o número de mortos de fome pelos cantos desta pátria. E o que diríamos (e as pessoas pensariam) se em vez de apresentadores simularem sentimentos de condolências, discutissem sobre os assassínios nos interiores do Norte do país por disputas de terras para exploração ilegal de madeira por grileiros. Ah, e se os magníficos repórteres em vez de perguntarem o quê às pessoas acham do caso Eloá, perguntassem aos nossos parlamentares sobre a violência letal cometida pelos policiais aos negros a serviço do Estado, ou mesmo perguntassem a estes onde seus filhos estão enquanto os filhos de pessoas negras, pobre e analfabetas são executadas em bairros sem nenhuma infra-estrutura digna?

Se a imprensa tivesse uma postura mais descente e menos descarada, mortes, assassinatos poderiam levar a sociedade a debater os projetos para diminuir a violência e a desigualdade social, políticas publicas eficazes, e não paliativas, para saúde, educação e segurança, levar toda a sociedade dentro dos parâmetros éticos e discursiva os problemas sociais , os serviços públicos oferecidos pelo Estado, de uma sociedade caracterizada pela exploração e segregação.

O papel da imprensa deve ser respeitado na sua essência que é levar a sociedade questões de interesse publico e quando isto não acontece cabe ao Estado, como agente da ordem e do bem estar social, censurar e inibir de forma enérgica conteúdos irrelevantes e prejudiciais exposto pela imprensa. Mas como no Brasil, talvez em outros lugares, imprensa e poder dormem na mesma cama no fim da noite, é necessário um novo rumo para construção de uma verdadeira democracia e isto começa com a imprensa.

Casos como o de Eloá irão acontecer sem dúvidas, como um novo capítulo desta novela quase interminável, e diga-se passagem, sem final feliz, e a imprensa se comportará esdruxulamente nesta dramaturgia midiática, pois deve fazer seu papelão ridículo, agindo tipicamente de forma chula e grotesca, sustentando suas posições ideológicas de olhos nos picos de audiências e nos montantes bancários.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Independência ou morte!

È notório que os avanços tecnológicos, principalmente os aparelhos de áudio e mixagem, deixaram de ser exclusividade de grandes gravadores e pode ser adquirido de forma mais fácil. Antes, um cantor ou uma banda ficava sob a égide das conveniências mercadológicas das indústrias fonográficas multinacionais, e os contratados viam nos produtores musicais praticamente como pastores de ovelhas. Hoje qualquer artista pode equipar, em casa, um estúdio de boa qualidade produzindo seus discos, “caseiramente”, só precisando( as vezes) das grandes gravadoras para fazer a distribuição. Isto traz ótimas conseqüências que são a autonomia artística e a autenticidade de produção.

Lobão foi o primeiro a declarar guerra as gravadoras e militou junto com outros artistas contra as políticas destas, que passam de mecenas a mercenárias. Ele foi um dos primeiros a lançar um selo e uma gravadora independente distribuindo seus discos em bancas de jornal. O método lobaniano obteve êxito e foi espelho para outros muitos.

Grandes nomes da música brasileira, como Chico Buarque e Maria Bethania, hoje produzem em gravadora independente, a Biscoito Fino, que tem em seu cast outros artistas que resolveram sair de grandes gravadoras para buscar independência e autonomia. A gravadora Trama, presidida por João Bôscoli, tem a mesma política de independência. A valorização da música brasileira é perceptível quando artistas ou empresários brasileiros têm a iniciativa divulgar artistas que não sobressaem devido a necessidade e emergência de mercado. A Trama se caracterizou por revelar o que os críticos chamam de Moderna MPB. Max de Castro, Wilson Simoninha, Paula Lima e Pedro Mariano são exemplos desta corrente.

Se antes os artistas ficavam discutindo horas em reuniões com produtores e executivos fonográficos para saber o que seria gravado ou não, hoje os artistas nem saem de casa. A internet também é importante meio para distribuição e as rádios, e os famosos jabás, estão deixando de ser praticado como antes.

Quem só tem a ganhar é o próprio artista que produz aquilo que quer e que sabe; o público por consumi música autêntica e de forma mais trabalhada e sofisticada.

As gravaras no desespero assustador, agora, apelam para “artistas” emergentes e chulos a fim de recuperar seu espaço perdido. Perderam?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A liberdade humana de Sartre

O homem nasce um nada, é antes de tudo um projeto do seu futuro. O homem existe e depois se faz o que é e o que quer ser. O próprio homem se define o que é e quando se define, define a humanidade e o próprio gênero humano, pois é o que julga ser o homem e a humanidade.

Jean Paul Sartre define o homem ativo no seu próprio caminho e essência, o ser-em-si de Sartre existe primeiro para posteriormente definir sua essência, ou seja, o homem é o que se cria, o que faz de si mesmo, não existiria algo (deus) que concebesse sua natureza e/ou essência, por isso Sartre nega concepções sobre a natureza humana e enfatiza que a existência precede a essência. O próprio homem escolhe sua natureza e sua essência.

Sartre conceitua o homem como um ser de liberdade plena. Um ser absolutamente responsável por si e por seus atos. Para Sartre o homem utiliza da má-fé para justificar o que é a fatores externos, deterministas e hereditários. Não poderia encontrar em outro lugar, que não em si mesmo, o que é; não poderia absorver certos valores justificando imposição social.

Sartre defende veementemente a liberdade humana. Para o filósofo e dramaturgo francês, autor de O Ser e o Nada, o homem é definitivamente livre para fazer todas suas escolhas, não haveria deus nem fatores externos que o faça o que é, exceto ele mesmo. Daí que Sartre fala do desamparo, pois não há alguém que o livre desta liberdade individual. O ser humano é o que quer ser.

O existencialismo sartreano é extremamente angustiante como o próprio filósofo escreve em seu texto O existencialismo é um humanismo, ao qual é esta angustia que levaria o homem ao desamparo, pois o homem seria livre para fazer suas escolhas. Não existiria nada que o determine, cada ser que determina seus caminhos e suas escolhas. È livre para decidir sozinho absolutamente tudo. Seria livre para interpretar sua realidade, o que seria certo ou errado, bom ou mal. O homem estaria condenado à liberdade, a angústia de decidir, de escolher. O ser humano estar o tempo todo fazendo escolhas e não há ninguém que decida por e para ele, é ele quem decide sobre si, este decidir, para Sartre, é a angústia do homem, pois mesmo não escolhendo algo já é uma escolha.

O homem é um conjunto de seus atos e de seus empreendimentos, assim o homem só pode contar com ele mesmo para suas realizações é isto que Sartre denomina de desespero. O homem vendo que só ele pode escolher e realizar seus desígnios, não havendo ninguém para influenciá-lo, ou seja, cada ser estar e é auto-realizável e o desespero é saber que ninguém veio ao mundo realizar os “ sonhos” de ninguém, cada um estar apenas em busca de suas próprias realizações e nada mais.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Liturgia do jazz


Ele nasceu em Nova Orleans em 1901. Negro e pobre dos Estados Unidos, quando criança tocava nas ruas para conseguir o sustento de sua família. Louis Armstrong saiu das ruas para os palcos e teatros de todo o mundo que o imortalizou na história do jazz. Armstrong entregava sua alma quando tocava seu trompete e enchia seu espírito de luz quando sua voz soava como um trovão. A sensibilidade, a maestria e seu talento indiscutível mesmo para os leigos, de um dos criadores do jazz que revolucionou a musica e foi aplaudido pelo mundo.

Ella não teve uma vida diferente de Armstrong. Negra e pobre viveu nas ruas de Nova Iorque cantando para garantir sua sobrevivência. Sua belíssima voz e sua enorme capacidade de fazer da música instrumento de puro sentimentalismo e beleza artística são inquestionáveis. Ella Fitzgerald foi impedida muitas vezes de participar de festivais em teatros por considerá-la feia, mas sua voz era toda a magnitude e a música lhe titulou como a primeira dama do jazz. Percorreu palcos e todo o mundo reconheceu a áurea de sua arte.

Não era de imaginar outra coisa se não a plenitude jazzística quando Ella Fitzgerald e Louis Armstrong juntaram seus magníficos dotes artísticos para em 1956 gravarem o que historia discográfica do jazz poderia dizer que o jazz não seria o mesmo se Ella And Louis não fosse gravado. O disco abre divinamente com Can´t we be friends onde as teclas do piano sob os dedos enérgicos de Oscar Peterson espera os anfitriões para a liturgia dos deuses começar.

A voz de Ella parece extasiar os bons ouvidos. Seu improviso e seu famoso scat é de tamanha profundeza e penetração que quando solta seus agudos é de certo que seus pêlos eriçam e as fimbrias de seu âmago desprendem na ambiência. Armstrong não surpreende menos; seu trompete emite notas incríveis que o ar não parece sair de seus pulmões, mas sim de suas entranhas ásperas. Sua voz grave e rouca é a nuance perfeita com a delicadeza da voz de Ella. O disco é uma simbiose de dois mitos que celebram a arte e a paixão. Uma Odisséia em áudio onde Ella e Louis podem ser perfeitamente os deuses e o herói e quem os ouvem; a jornada é rumo ao desfecho do espetáculo onde deuses e heróis chegam ao orgasmo juntos. Quem na história da música poderia igualar a esta dupla? Janis Joplin e Jimi Hendrix? Não. Talvez Armstrong cedesse seu trompete ao piano de Tom Jobim que com sua voz juntaria a de Billie Holiday com aval, claro, de Ella e ouviríamos bem um jazz à bossa, aliás, uma bossa à jazz.

Como tudo que é bom é em dobro e se pereniza no ano seguinte, em 1957, Fitzgerald e Armstrong novamente unem seus talentos com Ella and Louis Again e definitivamente rompem todos os paradigmas para imortalizar seus nomes na música negra americana e inocular que, precipuamente, na música a estética é artística e nada mais.

Encontro importante para a música (só não tão quanto) foi em 1963 quando João Gilberto afinou seu violão e Stan Getz seu saxofone em Getz/Gilberto. O disco é uma relíquia da bossa-jazz e levou João e a bossa nova para o mundo. Como os senhores do jazz, João e Stan se encontraram no ano seguinte para gravar outro disco histórico. A propósito, João e Armstrong são de uma excepcionalidade musical não crível; a sensibilidade destes homens redeu aos amantes da boa música o próprio jazz e a bossa nova, embora esta última tenha raízes intrínsecas a primeira, a diferença, talvez, seja que enquanto uma irrompeu da negritude periférica estadunidense a outra emergiu dos apartamentos luxuosos de Copacabana e com muito uísque, inclusive.

Só mesmo a música e o jazz para fazer de talentos a hibridez de pérolas negras como Ella Fitzgerald e Louis Armstrong. O que podemos fazer é simplesmente reverenciar ambos com sua devida importância, pois o brilhantismo de cada um é inquestionável e unânime. O jazz não seria o mesmo se a marginalidade e a exclusão fosse empecilho para que Ella e Louis levarem ao mundo suas maestrias e certamente não seria o mesmo, também, se eles não se juntassem em 1956.

Ele nos deixou precocemente em 1971 e Ella em 1996. Gozaram de sucesso até suas saídas antecipadas, mas deixou um instrumento de beleza e verdadeira musicalidade que pode ser conferida em Ella and Louis, um clássico que não pode ser deixado de ouvir pelos os amásios da música.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O magnífico sentimento sem corpo e sentido

È necessário sentir o sentido que antes não era ou não poderia ser sentido. Algumas vezes pensei que poderia sentir algo, simplesmente lembrei-me que não. De certa forma escolhi todas as formas de se tentar sentir. Por vezes pensei que poderia ser fácil. De certo, alguns sentimentos são bem mais fáceis de serem sentidos, principalmente o que se encontrão em qualquer léxico, outros precisam de uma experiência mais empírica. Precisa?

Era uma alegria enorme, as palavras escaparam a barreira de meus dentes como água em funil pequeno de metal; como poderia ser aquelas cinzas sólidas adquirindo cores mortas? Assim pensei que deveria ser minha alma sufocada por um ar nebuloso de tristezas rasas; meu âmago sem cor adquirindo cor para sentir algo. Aí, lembrei-me imediatamente de mamãe sorrindo em um dia especial; seus olhos negros e úmidos direcionados a mim fixadamente; o que deveria sentir?

Sentir. Durante muito tempo perguntei-me se poderia sentir. Pensei injusto que o meu deus pudesse, cruelmente, me roubar os sentimentos e os sentidos. Por isso pareço-me tão inseguro quando me defronto com a vida. Por tempos, também, esperava a morte; pensei na morte como rosas selvagens que seu perfume se mostra ao olfato aguçado de pessoas alegres quando estão a morrer, essas rosas. Todo o tormento me tinha impregnado de sensações que jamais poderia descrever-los, ao qual me transfigurava em outro ser que desconhecia.

Todo o dia sentia uma enorme vontade de viver; tinha uma sensação que estava morto; uma espécie de matéria inútil a vagar entre os entes invisíveis. Assim, pensei realmente que não amaria. De fato, conservo em minhas idéias a frustração de não querer algo que não posso ter. Não poderia lamentar-me a alguém de um corpo e uma alma insensíveis; já acreditava que não sentiria, mas desistir quando pensei estar sentindo algo. Aí veio o medo. Senti medo de sentir algo. Preferi sentir o medo. Tenho uma alma frágil que, talvez, não possa sentir outra coisa. É extremamente ruim não querer sentir; sim, não se trata de não poder sentir, mas não querer, penso que a utilidade é nula. Sentir pra quê? E o que sentir? Talvez sejam inúteis tais questionamentos, melhor não sentir mesmo nada. Mas, eu sei com essas coisas eu não brinco; sei que pode ser inevitável. Luto para que isso não venha acontecer, mas sinto que não tenho forças para me dar com essas coisas tão simplórias.

Devo confessar, envergonhadamente, que isso parece me encontrou; pragas! A mente pira, a realidade se desconfigura. Sinto-me um imbecil. Pronto! Estou sentindo, confesso novamente, não sei o quê, talvez possa se tratar de algo inócuo, mas, mesmo assim, sinto que algo estranho ao qual oscila tanto em minha mente infeliz me pegou. Ah, meu deus, o que pode ser? Incompetência minha. Pústulas malditas são o que devem ser em minha alma. Desgraças! Ora, isso se trata de abra do diabo.

É. O que farei agora? Andar pelas ruas como um tolo que pensa estar sentindo algo? Não sei. Sinto que isso não pode ser coisa boa, mas hesito em ponderar que sinto minha alma mais leve como algodão colorido em uma haste de plástico. Glorias! Grito, eu, glorias. O que sinto é algo que nem mesmo eu consigo sentir. Talvez seja apenas um idiota; essa resistência inútil. Essa coisa me pegou pelas entranhas com um cobre eletrocutado. E, afinal, pergunto-me agora todos os dias, o que estou sentido?

Aí, meu deus, não sei se isso é bom. E agora, o que faço, insisto na pergunta. Tentarei extirpar essa praga que deixa minha alma desnorteada. Desnorteada? É. Sinto-me um bobo, imbecil, excreto. Mas, o que pode fazer uma mera criatura divina ao se entregar a essa, maravilha?

Ora, logo eu, estufava o peito para dizer que jamais sentiria algo. Pena que sempre usei o verbo em futuro imperfeito. E agora, como posso me olhar no espelho? Gritos abafados e risonhos em meus ouvidos lembram-me que estar acontecendo algo comigo. Outro dia mesmo tive que trocar a estação do radio quando tocava aquela música de Chico que a Gal canta; sentir-me um ridículo.

Estou amarrado! Por que e por quem, não sei. Talvez seja isso bom, e talvez isso que, supostamente esteja sentindo possa não me amarrar, mas, sim, desfazer o nó para me deixar livre, mais livre; uma alma livre com sentimentos livres beijando o crepúsculo ao anoitecer para esperar o plenilúnio me encher o espírito de luz.

Insisto em negar a possibilidade de um sentimento que no fundo eu sei que se trata de algo tão comum quanto incomum. Que dicotomia será esta?
Agora, resta apenas me entregar a isso. Não sei bem o que poderá acontecer comigo. Sei: regarei com ouro liquido essas belas flores desconhecidas; talvez regue com acetona para ver que cores terão ao abrir-se. Terá?

O que pode ser isso, amor? Não sei. Mas cultivarei como rosas selvagens, não que eu já queira sua morte para prematuramente sentir seu perfume amargo, mas sinto que posso sentir algo tão esplendido e belo quanto uma vida morta querendo novamente viver; blindar a vida com sentimentos sinceros. Onde isso me levará? A loucura? Não sei. Talvez a essência de saber viver e se para viver é necessário sentir, quero sentir até a angústia por não sentir já que os sentidos são indecifráveis e os sentimentos incompreensíveis que então mergulhe, eu, nessa águas escuras de códigos magníficos. Magníficos? È! O amor é magnífico.

domingo, 14 de setembro de 2008

Discurso do método, meu caminho para a filosofia

Ora, não quero aqui fazer um plágio descarado da obra de Descartes, mas, assim como ele, quero mostrar o meu método para o caminho que, creio eu, levará ao conhecimento puro e pleno. Assim como Descartes, não quero ensinar, tampouco aconselho a seguir esse método tão simplista quanto inócuo. Todavia, quero mostrar a forma que encontrei para libertar meu espírito, ou pelo menos tentar libertá-lo.

Primeiramente, nem todos estão aptos para seguir a atividade filosófica; talvez nem eu. Não são todos que colocariam exatamente todo o conhecimento em avaliação. Descartes dizia só acreditar no que primeiramente duvidasse, neste caso, aqui, é o contrário. Não se trata apenas de auto-julgar o que se sabe( ou pensa saber ) mas também saber se já está apto para tal. Isso é um processo bastante “doloroso” que muitos não se submeteriam. Difícil ver aquilo que se imaginava saber descer pelo ralo na ignorância. È desmoronar tudo que se havia construindo através dos pré-conceitos e do conhecimento adquirido pela cultura para reconstruir-lo com os próprios esforços intelectuais.

Devo confessar que ainda estou nos primeiros passos; ainda estou colocando avaliação minhas idéias. Isso tem que ser perene, inclusive. Não se trata de algo sistemático mas é incrível como caímos em pegadinhas; a ignorância pode nos enganar. Pensei que sabia muito, mas sei pouco, muito pouco; talvez nada.

Minhas indagações acerca da existência de deus, que tanto penei em chegar a algum lugar, considero inútil. Convenço-me da inexistência de deus, pelo menos desse deus estabelecido pela cultura que o caracteriza e faz alegorias. Convenço-me de que tudo flui sem interferência celestial. Acredito no homem como configurador da realidade; apenas o homem é responsável pelo seu caminho.O homem é livre para fazer e para escolher o que ser.

Se deslaicizar, ou seja, excluir qualquer interferência divina do meu pensar, considerei um passo importante. Pensar com deus é limitado e talvez medíocre. A crença em deus me deixaria cômodo para buscar o conhecimento, por isso considero-me liberto. Essas questões sobre deus penso que cada um deve fazer da maneira que melhor lhe convir e fazer suas próprias conclusões, mas é preciso ter espírito de luz para não se deixar enganar por pequenas ilusões.

De fato, penso que a atividade filosófica é, ou pode ser um tanto que desesperadora. Quero dizer que, buscar o conhecimento sem saber aonde chegar (e se chegar) pode não ser tão confortável como aceitar os conhecimentos prontos. Penso que filosofia é para poucos pois trilhar um caminho e chegar a verdade e admitir que não pode ter certeza desta verdade não parece ser fácil.Neste sentido, talvez, que se digam que filosofia é inútil.Ora, de que serve a filosofia se não lhe diz ou explica nada? Esse pode ter sido o mal dos céticos ingleses, buscarem na filosofia a verdade absoluta.

Alguns podem achar frustrante seguir a filosofia para não chegar a lugar nenhum, mas penso que podemos ir muito longe com a filosofia, mesmo voltando ao mesmo lugar onde se partiu, mas essa viagem é fascinante e magnífica.

O filósofo não pode ser confundido com um sábio justamente porque esse, o sábio, é aquele que já tem a sabedoria, enquanto o filosofo busca essa sabedoria entendendo lucidamente que não terá essa, bastando apenas desejar-la, buscar-la.

Assim como Platão, penso que o primeiro passo para a filosofia é o admirar-se, espantar-se sobre as coisas que nos cercam, seus valores, sentidos, conteúdos, existência, por isso, exige dedicação e sobriedade para esse longo caminho onde cada um é o sujeito e objeto do seu próprio conhecimento. O princípio primeiro, a arché, do meu pensamento é a de ter plena consciência de não ter certeza de nada. Penso isso ser filosofia.

Juventude falida, gerações perdidas

Lamentável é ver como o capitalismo, nas entranhas da sociedade, é eficaz naquilo que se propõe. Uma juventude falida, a qual se encontra na sociedade brasileira, coloca todo o futuro da nação em uma grande crises de valores, comportamentos e posições ideológicas. Se pensávamos que Ditadura Militar acabou em 1985, estávamos enganados. Vivemos numas das mais cruéis e sangrentas Ditaduras. A Ditadura do Consumo. Os jovens são reféns do consumo estridente que devora as mentes como traças em pano. Um jovem há quarenta anos estava lendo Marx, Sartre, Proust; hoje, se lêem algo é Harry Poter ou Paulo Coelho. Lêem?

A juventude contemporânea está preocupada com o corpo e os gozos como cita o francês Charles Melman no seu livro “O homem sem gravidade, gozar a qualquer preço”. Preocupa-se muito com o imediatismo e os excessos. Coloca o prazer na frente do saber e a estética em detrimento da ética. Parecem loucos pelo celular; nunca vi tanta demência. Eu nisso tudo fico extremamente atônito, sem direção. Fácil é ser classificado e rotulado a bem querer por não seguir os clichezinho da sociedade e ainda ser acusado por insanos.

O negócio é serio; as crianças brincam de ser gente grande já podendo ser tratada como mercadorias pela Mattel; aprendem cedo a ser individualista e consumista. Fosse eu Deus, já fabricava as pessoas com Bluetooth para quando alguém quiser amar era só ligar o troço e passar para o outro todo o amor; quando alguém sentir ódio só era pedir para o outro ligar o Bluetooth e pronto; fazer sexo então, nem se fala. Hoje tudo tem que ser tão rápido e mecânico que não duvido.

Acredito também que existe uma indústria, que, como diria Descartes, seria planejada pelo coisa ruim para enganar os entes.Essa indústria , entendo eu, é a publicidade, ajudando os entes como um “grande amigo” nas suas escolhas. Tudo do jeito que o diabo gosta.Querido seria deus se estivesse enganado.Mas penso que não estou. As pessoas estão na grande ilusão que estão fazendo tudo o que querem, que ninguém interfere nas suas escolhas, nos seus comportamentos, que elas é quem escolhem o que bem entenderem sem ninguém se imiscuir. As pessoas estão realmente doentes. Creditam ao inexistente aquilo que não é real. Não sabendo o quê e quem comandam nossas vidas. È preciso usar escudo para não sermos devorados. Existe uma maquina que investe tudo pra nos perturbar. Isso vai da televisão até a política, da música a literatura, passando pelos conselhos de Edir Macedo e de Luciano Huck.

Enquanto o país sofre pelas mazelas sociais e a criminalidade em níveis insuportáveis, as pessoas elegem a mulher melancia. Paulo Maluf enche o rabo de dinheiro publico despreocupado, pois sabe que ainda vai ser o deputado mais votado de São Paulo, qualquer probleminha ele diz: “eu nego” e está tudo bem, de quebra ainda ganha quadros em programas de humor para as pessoas riem da tragédia. Enquanto o shopping está cheio de alienígenas drogados a polícia matou alguns na favela. Enquanto os ricos estão comprando seus carros, crianças os esperam mais na frente com a mão. Será que nosso cérebro está podre? Porque será que ficamos assim? Ficamos?

Acredito que os excessos da sociedade da tecnologia excessiva, onde tudo tem que ser fácil e rápido, as mentes agruras estão ficando confusas. Roubaram não só a Razão, mas também os sentidos. Uma espécie de loucura coletiva que as pessoas não percebem, pois acham que tudo isso é normal, porque é assim praticado por todos. Nesse ambiente qualquer um que venha a ter posições contrárias ao comum é excluído, ridicularizado e, esse sim, é que é chamado de louco.

Esdrúxulos comportamentos levar-nos a pensar sobre as transformações da sociedade sob o advento da pós-modernidade. Será que esse processo é realmente profícuo para a sociedade? Será que realmente isso nos evoluiu?Será que temos consciência do que fazemos?E a juventude, cadê? Se toda juventude viveu de utopias essa também deve ter alguma. Mas qual será a utopia desta juventude transviada? Uma calça jeans da Osklen ou um autógrafo da Madonna? Uma BMW ou um Visa Internacional?

Contudo, prefiro pensar sobre isso ouvindo meu LP de João Gilberto e fumando meu charuto Havana, assim minha mente conduzirá meu espírito em busca das possíveis respostas, enquanto os outros se olham no espelho e vão dormir pedindo a deus uma vaga no céu, mas o diabo os aguarda com as senhas e passaportes sorrindo como Silvio Santos.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ah, como espero esse dia

Tinha lembrando aquela manhã, eu tinha acordado, fiquei mais um tempo na cama, pois gosto de ficar no quentinho de manhã cedo, ainda morrendo de sono.Como sempre era difícil levantar da cama, sempre fui muito preguiçoso; cultivo o ócio como margaridas em um jardim.Por isso, por adotar esse comportamento que fui mal interpretado, muitas vezes chamado de vagabundo, preguiçoso e até de veado; sofri por fazer o que a sociedade estabeleceu, mas infelizmente não cedi e paguei o preço da ignorância. É estranho você ter que pagar um preço por não ser ignorante, é extremante lamentável que nada vale o conhecimento; para você ser insultado pelos outros. Agora lembro como Bertrand Russel estava certo.

O dia estava frio, sinceramente, acho que não gosto de acordar para não lhe dar novamente com os humanos, essa raça maldita que me deixa infeliz; infeliz por saber que sou dessa raça maldita, portanto, maldito com todos. È pavoroso o que somos, ou o que nos tornamos; vivemos e pensamos com idiotas. Quem será que nos fizeram assim?
Pobre de nós, o mais ínfimo de todos, mas pensa ser bossa do fino, talvez a inocência dos outros animais é a prova que nos somos tolos.As vezes isso cansa; percebo muitas vezes minha lágrimas em meu rosto sem ter me dado conta; o sabor ruim, salgado, seca no rosto com o vento e ela pára não sei onde. Lembro-me sempre do vento, que com sua sabedoria enxugam minhas lágrimas; são o que tenho de mais precioso, rezo para que não me roubem. Lágrimas como meu ouro, o meu segredo maior de enigmas como as cores são aos olhos.

O dia estava nascendo, ouvir alguns gritos de criança chorando, percebi que uma criança estava sendo espancada e torturada por sua mãe com armas de gritos, ameaças e tapas além das torturam psicológicas; até hoje não entendo muito bem essa pedagogia da agressão. Só esperava que meu dia fosse tranqüilo, estou cansado desta vida, das pessoas; as relações humanas estão cada vez mais artificiais, talvez sempre foi como Rousseau afirmou tanto; uma época de grande confusão, de conflitos, de crises. Penso logo que meu tempo já está acabando, queria que se esgotasse logo, queria ver se existe logo outro lugar melhor para viver.

Espero a noite como girassóis a espera do dia. Necessito deleitar-me ao crepúsculo, e saboreia-me de meu gozo, único e puro. À noite me traz um sentido de angustia profunda, é estranho esperar pela angustia. A noite vem, de forma tão sutil aos olhos como aos abrir de uma rosa. A magnitude dessa essência mostra um harmonia da própria natureza, da natureza em si, guiada pelo que é, numa trajetória circular perfeita como a luz invade a escuridão.

Ah, como queria ver a noite cedendo lugar ao dia, e eu a espera, a expectativa de poder sair e brindar a vida, beijando a felicidade no vento, com as pessoas mais alegres e sinceras, sensíveis. Queria acordar e sentir tudo aquilo que esqueci de sentir, ou que de alguma forma, me roubaram ou eu vendi não sei bem como, nem a quem, muito menos o porquê. Pensei muito tempo que o sentido da vida era simplesmente viver, mas é muito mais do que isso, é muito mais do que dormir e acordar trabalhar, estudar e dormir. È muito mais do que ter ou esperar o dinheiro no bolso. È muito mais do que ficar esperando o tempo passar. Muito mais do que esperar envelhecer. Viver não é esperar morrer. È, sim, cultivar sentimentos humanos e não esperar apenas nossa felicidade individual; é olhar o outro com mais respeito.È amar verdadeiramente cada ente, esquecer o excesso de amor-próprio.

Todos os dias o sol nasce queimando meu rosto duro e úmido, resgatando minha esperança de ainda podermos viver como bons animais. Ah, como espero esse dia!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O tempo e os E.T.s

Minha vida virou um tormento. Sinceramente, não consegui chegar à pós-modernidade; sinto uma resistência deste suposto conforto que a vida moderna repleta de falsos prazeres nos oferece.Sinto, as vezes, que essa resistência pode não ter nenhuma relevância e eu acabarei cedendo.As pessoas acham um absurdo eu, com 20 anos, no século 21, não tenho celular.Um amigo meu me disse que até deus tem celular e eu
não tinha.Olhos as pessoas em minha volta e vejo que elas estão cada vez mais histéricas, nervosas; a tecnologia nos implantou um maléfico imediatismo que é um horror.A juventude falida pela consumo exagerado e idiota.As pessoas estão cada vez preocupados com o ter para se auto-promover em circulo vicioso que,como Rousseau disse, contamina toda sociedade.Disse eu a esse amigo que um dia talvez comprarei, é bem provável que sim, mas comprarei no fim da tortura.Vejo as pessoas cada vez mais preocupadas com o celular, não é exagero dizer que o celular trouxe a sociedade um comportamento de pura demência.Essa aparelho criou e revolucionou uma novo padrão de comportamento de comunicação entre as pessoas.
A partir disto arcabouço minhas premissas; analisar-mos-ei como é, ou deve, o processo contraditório das concepções sobre o Tempo em nossa sociedade.
Desde Kant a discussão sobre o tempo é grande; Nietsche, em sua Zaratustra, nos diz que o presente é o único real; o passado e o futuro são representações de nosso pensamento.Mas o que Kant e Nietsche pensavam sobre o Tempo é algo desconhecido e pouco debatido na sociedade contemporânea.
As tecnologias desenvolveram uma ilusão de Tempo no homem moderno.Uma idéia de quem tudo tem que ser rápido, já.A presa por tudo; tudo tem que ser mais rápido e mais fácil colocando os entes em uma fadiga intelectual; tudo faz para gente mais rápido e mais fácil e advêm a preguiça de pensar.A mundo moderno tem uma habito de nos mostrar que tempo quer dizer tudo; que não podemos perder tempo; que tempo é dinheiro, em uma notória forma de acelerar o tempo imaginável.Chega uma hora, que a sociedade nos diz, que já estamos velhos, que o Tempo passou e você nem percebeu aí você diz:” minha nossa, como o tempo passa rápido”.A televisão aliada a medicina estética encarregam como fazer o tempo parar.A TV lhe ensina a escolher um padrão para você viver e agir, como tem que se comportar e o que usar, é uma grande amiga para auxiliar você a pensar.A tecnologia na medicina lhe ajuda a se tornar um boneco de plástico, como aquelas atrizes da TV.Minha mãe me disse que desde de criança assistia a Hebe até hoje ela não envelheceu.Outro dia ela perguntou se Hebe era filha de Hebe pois não acreditava que a pele de Hebe era de uma mulher de quase oitenta anos.Ela olhou para a dela de 50 e se sentiu um horror.
Essa necessidade de parecer para poder aparecer e ser é a glória que, para Tomas Hobbes, aliada a disputa e desconfiança colocaria em xeque o que é mesmo o homem?
È risório como a sociedade nos apresa o tempo para depois nos tentar frear esse tempo. Nessa situação a vida parece ter se transformados em um grande picadeiro onde palhaços malvados cantam e patos dementes dançam.
A estagio da loucura, penso eu, se institucionalizou com esses esdrúxulos comportamentos que a sociedade adotou. A mecanização e a instrumentalização nas construções humanas provam, nos entregar ao um patamar de completa alienação e falso gozo.Por isso, tento me desviar desse tentações prazerosas- falsos prazeres- e cheio de excesso de praticidade me deixa confuso.Me vejo cheio de E.T.s, em minha casa, nas ruas, em todos os lugares E.T.s sonâmbulos a andarem e a todos os lados.Só evito ir ao banheiro para evitar o espelho para não ver também que sou um desses E.T.s.

domingo, 10 de agosto de 2008

O fim da esquerda no Brasil sob análise filosófica

A pós-modernidade, que tanto lutamos para chegar a tal patamar, desde as idéias progressista de Comte, nos entrega em simplesmente uma autentica crise profunda nas instituições da sociedade, principalmente na esfera política.A experiência empírica e histórica levar-nos-á compreender que a crise da sociedade tem como arcabouço a crise política.A direita tem como praxe um slogan ordinário, que todos tem de cor: “as concepções políticas de esquerda são ultrapassadas;utópicas”.Mas, sem querer adotar palavras de ninguém, o que parece é que a esquerda, no Brasil, se transformou em direita travestida sob a baliza das coerentes idéias de Marx. Marx poderia ter sido um homem sonhador demais, afinal suas teorias nunca deram certo nos regimes aplicados da filosofia comunista, vejamos a Rússia e a Polônia por exemplo.Todavia, a esquerda brasileira vestiu os trajes sujos da burguesia e foi pro salão dançar valsa.Decepcionante é ver a canalhice dos partidos dizendo que são comunistas e socialista.Pelo menos no Brasil o sonho já acabou.Para aqueles que pensam que estamos sendo governados por um partido de esquerda, é bom acordar e ver que o PT já esqueceu todo aquele discurso de marxista rebeldes nos anos 80 para se juntar aos reacionários da direita. O governo Lula poderia ser mesmo uma revolução, mas fica sob a políticas compensatórias e paliativas, economia aberta para o capital estrangeiro( quem diria PT fazendo isso)e sob a baliza dos americanos.Aqueles militantes que tanto lutou na ditadura, hoje estão sob cargos do governo, usufruindo o que o poder lhe oferece. No Brasil, a esquerda se mostrou promiscua e ordinária a se render ao jogo do sistema, onde dança o que se toca.Lamentavelmente, o fim da esquerda no Brasil- talvez nunca existiu- remete-nos a pensar que falta de coerência na idéias sob a influências dos anjos ruins revela, talvez, a veracidade da teoria de Rousseau.Discutir as formas e ideologia seria inútil se não compreendemos primeiro o próprio homem, que é quem crias essas ideologias.Talvez, o homem deva ser entendido, qual realmente é sua natureza, para a partir daí analisar as construções simbólica do próprio homem.Exemplo análogo e a inutilidade da discurssão sobre a existência de deus.A razão humana prova sua inexistência.Quando se tenta analisar as formas que os homens se relacionam com o poder, a política, devemos nos lembrar que nem na polis da Grécia sua estrutura foi realmente plena.É necessário um visão social e histórica dos regimes pelo qual temos experiência.A esquerda no Brasil não pode ser considerada incoerente pelo fato que suas concepções e idéias estão estruturadas pelo homem, nada mais. Foi justamente isso que Rousseau faltou explicar que afinal quem realmente é a sociedade? Um ser que o diabo ou deus governa e que ficamos subordinados a ela. O que Rousseau não deixou claro é que a sociedade é o próprio homem e não o contrario.Contudo penso que as idéias de Comte não foram muito profícuas em suas experiências, principalmente na contemporaneidade. O falso progresso tem nos levado a loucura do caos a ao extremo consumismo, é justamente isso que a esquerda brasileira se utilizou pra ir ao poder. Sua rebeldia contra o capitalismo acabou em pouco tempo. Claro que a esperança acabou! O sonho da revolução no pais acabou quando a esquerda foi ao poder nesse país, jogando ao leu o senso humano da igualdade.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Mariana Aydar lança exelente disco de estréia


“Quando eu canto é para aliviar o encanto e a fé em deus”. Com essas palavras que a voz da paulista Mariana Aydar abre o seu primeiro disco, Kavita 1, lançado pela Universal Music.Mariana chega no momento em que as gravadoras sucateam e comercializam a bem querer Vanessa da Mata e Maria Rita, que estão enchendo o saco.
Mariana não é uma cantora qualquer, para colocar suas musicas em todas as rádios, ser tema de novela, ir pro Faustão e depois virá hits na boca de cantores e bandas emergentes. Sua musica tem um requinte que não é para quaisquer ouvidos, só os mais requintados consegue se arrepiar ao ouvir Zé do Caroço, que canta com Lecy Brandão, em momento de crise social e política que vivemos.
A jovem de 23 anos oscila entre a delicadeza e a agudez em sua voz bela e suave. Filha de Mario Manga, produtor musical e diretor de TV, foi esse que respaldou a cantora gravar o que queria, resultando foi um disco sublime, de primeira linha, uma nova forma de fazer musica brasileira, e não ficar gravando o que as pessoas cantam mais fácil. Mariana Aydar consegue trazer elementos musicais de raízes puramente brasileiras, o bom samba é o carro chefe; nessa estética, elementos percussivos e eletrônicos também são notados no trabalho, uma harmonia perfeita com a banda nos dar uma perfeição final. A musica 9, candomblé, revela seu gosto pela raiz histórica do samba, que começou com a negritude nos morros do Rio de Janeiro, e nos leva, inevitavelmente a lembrar de Clara Nunes.
Sem duvidas, a musica brasileira tem a agradecer a essa menina que consegue fazer um trabalho autentico e único, enquanto outras ficam sob as conveniências das gravadoras que passam de mecenas a mercenárias,tudo do jeito que o diabo gosta.
Difícil mesmo é levar as musicas de Kavita 1 ao publico, já que vivemos em uma hegemonia nos quatro cantos da sociedade, na musica não seria diferente.O que precisamos é de uma democratização nas artes, onde todos possam mostrar seu trabalho e não ficar com está, onde umas são as bolas da vez, nas rádios, revistas e programas de TV e outras marginalizadas pela falta de oportunidade. O mal é querer levar a arte como produto comercial, pois se números de vendas significasse qualidade artística, Ivete Sangalo seria a melhor cantora do Brasil.
Assim, é necessária essa democratização das artes, para que todos possa mostrar sua arte e Mariana Aydar mostraria ao publico brasileiro que voltou-se a fazer musica no Brasil.

Carta ao amigo Ygor Borba

O universo paralelo

Velho, isso é muito profundo; muito. Acho que você estar em uma crise como eu, mas precisa ter habilidade para tirar proveito dela.
Nós sabemos que as relações humanas são, de certa forma, individualistas e a base nas conveniências particulares, mas é necessário que pensemos, Ygor, que nós também somos humanos, assim como todos, talvez isso nos torture, saber que no fundo, somos iguais a eles.Quanto ao seu individualismo estremo, penso que é ruim, que é uma forma de reprimir uma realidade: nos somos seres sociais, precisamos dos outros pra tudo; isso mesmo pra tudo.Você não conseguiria viver sozinho, ou conseguiria? Imagine se você acordasse um dia e visse que só você acordou, toda a humanidade estava dormindo, só você estava acordado, e isso por dias,semanas, meses... Só tinha você no mundo, isso seria bom pra você?Agora imagine de novo (pois pensa que só precisa de alguém para fazer sexo) que alguém só acordasse quando você quisesse fazer sexo com ela, e quando você gozasse, ela voltaria a dormir isso seria bom para você? Velho Freud, você sabe que você não se basta sozinho, que você precisa de alguma companhia, de ouvir uma musica, de ler um livro, de assistir TV, mas são pessoas que fazem isso para você se entreter, você precisa das pessoas. Você precisa tanto das pessoas que seu sexo, sua masturbação, não lhe é suficiente para seus “instintos”.Você precisa das pessoas o tempo todo.Eu sei, estamos em tempo difícil, as pessoas estão cada vez mais bestas, mais torpe, mais soberba, falando besteira o tempo todo, nos irritando com palavras desagradáveis, é foda!
Quanto aos teus sentimentos, penso que você não deva sempre olhar com esse olhar de desprezo sobre o amor, também concordo com você sobre algumas coisas sobre o amor, imagino que o amor não é o sentimento mais nobre, existem outros sentimentos que não estão conceituados, ou não estão no dicionário para qualquer um ver, e penso que justamente isso em você, talvez você sinta algo diferente que ninguém sinta, nada que todo mundo saiba ou conhece, pois só conhece esses sentimentos conceituados, isso talvez lhe angustia pois expressar isso não é fácil, você acaba fazendo de modo não muito claro e é mal interpretado pelas pessoas, como eu sempre sou.
Ygor, lembra quando Nancy falou que a crise é o momento de reconhecer o caos e procurar solucionar, mudar, entender?Foi isso que fiz, fiquei muito tempo me analisando, analisando as pessoas, o mundo, a realidade.
È difícil de dizer, mas o mundo é assim, as pessoas são assim, uma única pessoa não poderá mudar uma realidade, lógico que não estou dizendo para você se acomodar com as coisas, mas sim entender melhor, ver o que isso pode lhe fazer de bom, escolher e discernir ou que o mundo lhe oferece, se for bom ou mal.Analisando o mundo com um olhar diferente você traça o seu mundo, sempre em paralelo com esse mundo que vivemos, uma espécie de universo paralelo particular, que você cria e não pode sair nem de um nem do outro totalmente, uma harmonia entre o mundo real e o mundo que você criou como conceito próprio.Sei que não é tão fácil, vivo essa angustia que você deve sentir, e sou mal interpretado o tempo todo, isso não é bom; isso cansa agente, da vontade de sumir, sei lá, de suicídio.Mas, não é assim que resolvemos as coisas.Bater testa com o mundo, acabaremos ser-nos excluídos, marginalizados, chamados de louco facilmente pela sociedade.
Portanto, amigo Ygor, isso não é um sermão, nem uma lição moral, mas uma forma que aprendi a lidar com os percalços da vida, pois aprendi que sou igual a todos, egoísta, mesquinho e interesseiro, mas também companheiro, amigo, solidário;o ser humano é essa dualidade, como diz Nancy, essa dicotomia, que cada um devemos ter habilidade pra interpretá-lo.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Discurso de um caipira nostalgico

Zezin, por que cê me pergunta que ando triste por demais? Mas eu vai te dizer, e que a vida não anda mei difici.As coisas já não é como era antigamente.Já chegando certa idade, eu, que já sou avô de sete netos, homem que vivi do que colhi da terra; colhi muita mandioca, feijão, mio;tudo de fartura, que, cê sabe, não faltava por aqui.Hoje ando meio que desencantado da vida, cê não sabe? Lembro quando nós dormia ainda de janela aberta pra entrar ar, um ventinho fresco, um brisa da noite, agente da cama só ouvindo os grilo cantar, só trancava quando chovia, ou quando as marditas da moliçocas invadia de noitinha, o bicha desgraçada!Mas, nesses tempo de modernidade, tudo desandou, que, valei-me deus, só ele mesmo para nos proteger.Outro dia mesmo, cê viu né, o filho do Zé Machado morto de tiro por três homem.Essas coisas me espanta Zezin.Agente achava que aqui, no interior, na roça, como nos outros lugares como esse aqui, era todo tranqüilo, calmo.Acordava as cinco com os galo cantando, tomava café preto com broa de mio, ou beiju que compade Tonho manda pra cá, e ia para roça pegar duro na enxada, sem reclamar de nadinha.As sete, de noitinha, tudo calmo e ia todo mundo dormir, ia para cama com a patroa namorar e o cansaço do dia ia todo embora. De quando em vez, ia no boteco do João tomar uma cachaça boa , jogar palitinho, ouvir e contar lorota, mas quando chegava em casa mei que tobeando de aruá, a patroa retava, era briga, mas tudo acabava bem, na cama, é claro.
È, Zezin, agora só resta recordar dos bons tempo, né, que já foi.Os meninos foram pra cidade grande tentar uma coisa mio, por que aqui não dá mais.A terra já não é como antes, a chuva já não cai mais como antigamente.E depois, Zezin, agora essa gente da cidade chega, cheio de pose, roupa das elegante, cabelo que parece que a vaca passou a língua, com uma conversa fiada, que ninguém entende nada, cheio de contrato par agente assinar, mas eu que não dou trela.Não sei não, acho meio esquisito, essa gente só anda de conversa com o prefeito, hum! Esse é outro.
È, Zezin, como eu dizia a vida na roça já acabou, agente ta aqui é por que não sabe viver em outro lugar, as coisas aqui não ta nada fácil não.
Nós não tem estudo então nos fica aí, a mercê; mas cê ver, nem a escola e descente aqui, as crianças andam para pegar a condução da prefeitura, mas volta com a cabeça aluada como se nem tivesse ido.Quem tem dinheiro, Zezin, manda os filho para cidade e depois volta doutor para mandar nos nossos, mas agente não pode contar com nada.Só imagino meus netos, que estão crescendo, que já não tem, praticamente, mas terra para plantar, cê sabe que tive que vender boa parte das terras por essas dificuldades, vendi as duas vacas antes que morressem, tadinhas.
As vezes acho que só quem tem o direito de viver é que tem dinheiro, Zezin.Pode mandar os filho para estudar, pode comprar tudo que quiser sem problema, muita vez sem necessidade e quando adoece não passa a desgraça que nós passa naquele hospital; é só pagar e pronto.E agente, que não tem mais força para viver, fica jogado as trapas; tenho vontade de mandar o galo para de cantar que não tenho vontade de acordar.Joana anda preocupada, mas anda aperreada como eu.
Agora, Zezin, entendi porque ando cabisbaixo, mas percebo que tu anda meio que aperreado também, mas deve ser pelo mesmo motivo, né?È, Zezin, é colocar nas mão de Deus, é se apegar nele, porque só ele e quem sabe de todas as coisas e tem misericórdia de nós.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Sem direito a diversidade*

Intolerância religiosa e sexual caracteriza sociedade preconceituosa

Direitos iguais a cada cidadão brasileiro, sem nenhuma distinção, estão escritos na Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988, são algumas características de um estado “democrático”; porém, saindo das entrelinhas da mesma, a teoria e a prática são bem discrepantes.
A violação dos direitos constitucionais, em alguns casos, oscila entre o preconceito e a discriminação.
Salvador possui quase 80% de sua população oriunda do continente africano e é a maior cidade negra fora deste, e ainda não conseguiu romper a barreira da intolerância étnica, sexual e, principalmente religiosa; renegam e desprezam suas raízes históricas e culturais.
Seguidores de religiões de matrizes africanas, como candomblé e umbanda, sofrem ainda pela intolerância religiosa. Sendo assim, a constituição pode ser democrática, mas o direito e o respeito à diversidade estão muito longe da democracia.
Mãe Berenice de Oxum, conta que já foi chamada várias vezes de macumbeira, por seguidores de outras religiões e, até mesmo, por afro-descendentes. A mãe de santo admite que já se sentiu incomodada, e hoje tem desprezo por quem comete essa atitude irracional.”Somos todos iguais pela lei dos homens e de deus, afirma Mãe Berenice.
O intolerantismo não fica no âmbito da religião e parte para a étnico/sexual. Os homossexuais são os mais vulneráveis com o desrespeito e a violência letal. A cada duas semanas um homossexual é assassinado no país. A homofobia e os crimes de ódio são retratos da realidade. “Quando ocorre do homossexual ser negro e de religião Afro-descendente, a situação é mais crítica, aliás, para os leigos, todo homossexual e do candomblé e todo seguidor dessa religião é homossexual, tremendo engano de uma sociedade omissa que se sustenta de rótulos”, afirma Mário César Daltro, adepto da religião há 12 anos e não é homossexual.Para Mário, os brasileiros, na busca sua identidade, foram passivos a civilização européia, e adotou ideologias colonialista, pré-conceituando as religiões Afro-descendentes.
Com a mensagem "Sou Cidadão, tenho o mesmo direito que Você. Preconceito e Racismo são crimes" e a irreverência característica do movimento, o Grupo Gay de Lauro de Freitas também levou para a orla, no domingo, 16 de setembro, seu protesto contra o preconceito social, racial e de gênero, e o apelo à aprovação dos Projetos de Lei 122/2006, que criminaliza a homofobia, e o 22/07, que penaliza qualquer tipo de discriminação.
Para a advogada Yara Oliveira, qualquer crime de discriminação ainda é muito freqüente porque na maioria dos casos não existem punição. ”Nossas leis são muitos brandas para esse tipo de crime, precisamos rever nosso código penal. O poder público e a sociedade civil precisam debater mais sobre essas questões. A liberdade do homem e seus direitos inalienáveis respaldam ao governo sua fiscalização e punição”, destaca a advogada.
A incompetência do poder público, e a sociedade que não respeita as diversidades, alimenta esses fatos alarmantes cada vez mais comuns.
Para extinguir essa anomalia milenar da nossa sociedade, são necessárias políticas públicas, mais eficazes e menos paliativas, começando pela estruturação da educação no país.
Para o estudante de publicidade, Magno Santtana, os pais e a escola não têm estrutura para discutir a diversidade, o pluralismo e o individualismo do ser humano desde cedo. ”A criança passa pela primeira socialização entre o ambiente familiar e escolar, e é preciso que ambos estejam plenamente empenhados para formação cultural e intelectual da criança”. Magno afirma, ainda, que herdamos aspectos, como culturais, dos nossos pais e/ou da sociedade, assim, é preciso de uma sólida formação para não nos tornamos filhos de uma sociedade preconceituosa.
A socióloga Célia Lopez, concorda com o estudante, mas ressalta a suma importância do ambiente escolar. Célia afirma que é preciso introduzir no currículo escolar da rede pública e privada disciplinas como História e Cultura africana (como já acontece em Salvador), filosofia e sociologia, já no ensino básico. ”Os negros só se vêem na história como escravos e coitadinhos, aprendem desde cedo a história de todos os continentes, exceto a África, e as revista e os jornais só retratam a miséria e a fome, como se o povo africano não tivesse um rico legado histórico e cultural para a humanidade” ,diz a socióloga.
A nossa sociedade é alicerçada de estereotipo, por isso ainda não conseguiu aceitar as diversidades. O desafio de incluir no meio social, indivíduos ou grupos com características incomuns, e a discriminação genérica, é o reconhecimento tácito de uma sociedade frágil e desestruturada, finaliza Célia.


Salvador é pioneira no cumprimento de lei

Salvador é a primeira capital do país a promover em toda rede publica municipal o ensino de História e Cultura Afro-brasileira, cumprindo a lei federal 10.639/03, que determina os ensinamentos dessas disciplinas.
Desde 2005 a História da África está sendo incluída de forma obrigatória na disciplina de História e Cultura brasileira e lecionada de forma transversal através de diversas disciplinas.
Em parceria com a escola de educação da UFBA, os professores estão sendo capacitados para atender as exigências do Ministério da Educação.
Na época, a Secretária Municipal de Educação, Olívia Santana, na cerimônia oficial de apresentação do projeto, dissera do grande avanço de Salvador para políticas de igualdade racial e da importância da inclusão dessas disciplinas nas escolas publicas.

* texto feito para a publicação do Jornal Bahia Noticias-Renan Oliveira

Tentando entender as estrelas


O dia está nublado, está quase chovendo.Chuviscando.Ontem fez um solão de queimar qualquer crioulo.Não entendo como isso pode mudar assim,instantaneamente, como se fosse uma estrela cadente, que, aliás, não gosto das estrelas cadentes por dois motivos:
Pelo seu egoísmo de não querer continuar esplandecendo o céu, inerente ao mais belo plenilúnio; por que nunca conseguir fazer um pedido a tempo, pois ela caia muito antes e fiquei frustrado. Por isso!Mais por que então elas caem? Será o fim de uma estrela? Seria por puro desequilíbrio, então não seria estrela cadente e sim estrela desequilibrada, descuidada ou estrela tonta. Será que estrela bebe? Ou talvez seja por plena falta de auto-confiança ou amor próprio.
Essa parte astrológica, diga-se de passagem, eu nunca entendi mesmo.Quando era criança, achava fascinante e bonita a verruga que minha prima/madrinha tinha em seu dedo polegar esquerdo, que chegava a ser inveja.Como sabia que se cantássemos estrelas nasceríamos verrugas na gente eu passava horas contado estrelas e nunca me nasceu uma verruga.A verdade é que sou insignificante até para as estrelas.
Todos os dias eu, ao crepúsculo, deitava sobre a laje, ainda quente do sol, para ver aparecer a primeira estrela.Achava estranho por que as estrelas eram(é) como gente:pernas, braços e cabeça.Alias não são não! Por que existe gente sem pé nem cabeça.
A estrela pisca no céu, com sua beleza, faz-se harmonia com outras, numa sintonia espetacular.Mas então por que ela pisca? Por que não fica permanentemente acessa ao invés de ficar piscando? Não!não sei! Será que a estrela sente alguma coisa pois pisca, não é espírito de natal! Será que sente dor, como uma forte dor de dente que vem e vai rapidamente.Não sei!Sim! agora sei! Ela não pisca, ela brilha. Claro!Uma estrela esplendera.
Mas então por que algumas ainda existem em se jogar.Será o suicídio?
O fato é que ninguém encontra uma estrela morta.Alguns dizem que cai no mar e como não sabe nadar vira banquete de tubarão.È um fim trágico para quem tanto brilhou na vida.Eu acho que depois do suicídio, ela reencarna em estrela- do- mar.
Percebo que o céu não é como pensamos, um prodígio, lugar maravilhoso e para poucos, pois quem está aqui quer subir, e quem está lá em cima quer descer.Será que existe um intermédio entre o céu e a terra?
Novamente existo em dizer que são egoístas não rendem-se a brilhar em noites de chuva; ou será generosas?
Não! Não gosto de estrelas, principalmente por que só as vejo quando levo uma porrada.Não tenho tempo para olhar para o céu, pedir muito tempo, só olho para o céu quando sinto que vai chover.Aí a chuva da água apaga o brilho das estrela.
Sob o céu negro as estrelas, bem que podiam ser coloridas como o arco-íris, seriam mais bonitas e interessantes, como se fosse vaga-lumes, que tem na bunda um luz, cada uma com uma cor diferente.
Por fim, só queria entender melhor as estrelas, mas vejo que não consigo esse universo misterioso e complexo das estrelas. Mas, ainda sim, fico a observar, pois mesmo sem gosta-las, admiro-as.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Critica acerca da natureza de deus

Chegamos a uma época em que tudo parece estar confuso. Onde tudo se encontra fora do lugar; nada flui de forma harmônica. Parece que estamos em uma guerra perene, onde uns querem destruir os outros como se fossem inimigos. A raça humana é a única raça que oferece perigo a si mesma; o ser humano é o único animal que tem medo dos membros da sua própria espécie.
Estas situações nos colocam em um estado de grande medo e insegurança; medo de sair na rua e não voltar, medo de ir a determinado lugar e em determinada hora; medo que algum ser humano nos cause um mal.Cabe também dizer do medo do desconhecido, do que é mistério, daquilo que não tem uma resposta natural; medo da própria natureza , da força natural que ela se traduz para com os mortais.Assim, sentimos a necessidade de buscar explicações e/ou soluções para aquilo que nos é um problema: nosso medo da morte, medo de perder alguém que agente ama, medo da solidão, de ficar doente, desempregado, medo da pobreza, medo do mal, ou seja, medo de tudo que não podemos saber nem prever, daquilo que não estar ao nosso alcance; sabemos que iremos morrer mas não sabemos como e quando vai acontecer, e isso nos apavora muito.
Para tentarmos afastar o mal e o medo de nossas vidas, acreditamos que todo esse caos que é o mundo está sob o controle, ou descontrole, de um ente divino: deus.
A crença em deus nos dar uma sensação de conforto e segurança perante aos percalços da vida e do mundo, mas a crença em deus nos deixa tão inseguro quanto à falta desta crença.
Se considerarmos deus como um ser onipotente e onipresente, que sabe e pode tudo, que pode saber o que vai acontecer que pode evitar ou causar o que quiser um ser perfeito, único, bondoso e maravilhoso e sabe muitíssimo bem o que faz, todos os que crêem em deus não poderia ter medo ou insegurança de absolutamente nada, pois tudo o que aconteceu, acontece e acontecerá e da vontade dele e ele sabe o que faz e se eu confio nele não posso temer nada. Então porque mesmos os mais crentes ainda sentem medo de algo?Pois todos nós temos medo de algo, nem que seja do futuro, mas temos,e se o futuro a deus pertence não teria porque ter medo, pois ele iria traçar um futuro bem bom para agente, ele não é deus? E porque temos medos?A resposta é simples: temos medo do próprio deus; se ele está no comando de tudo e tudo que acontece e pelo seu consentimento como posso ter medo de suas obras: também muito simples:pois não confiamos nele o suficiente e não consideramos tão bonzinho assim, do contrario nenhum que crer em deus teria algum tipo de medo ou insegurança, mas todos temos.
Analisaremos alguns acontecimentos do nosso cotidiano: assaltos, assassinatos, estupros, acidentes letais, seqüestros, ou seja todo tipo de violência que se impregnou nas quatro cantos da sociedade, que não nos deixa seguros em nenhum lugar.
Agora pensemos: se todos esses maléficos eventos acontecem cotidianamente e porque deus quer que aconteça. Ora, se ele é onipotente e onipresente e governa a terra com maestria, e sabe as coisas antes mesmo de acontecer e é capaz de saber o que alguém vai pensar e pode intervir absolutamente tudo na terra e nos céus, e mesmo como todo esse poder nas mãos qual será a finalidade de deus permitindo eventos como estes?Não é deus que quer ver nossa paz e harmonia, porque então que existe a guerra e a fome e a discórdia entre os homens?
Analisaremos alguns questionamentos muito interessante do filósofo francês Voltaire, que levar-nos-á uma profunda reflexão(espero): se deus sabe que existe o mal e não acaba com o mal e porque ele não é tão bom quanto dizem; se ele sabe que existe o mal mais não pode acabar é porque não é tão poderoso assim; se ele sabe do mal e não pode e nem quer acabar e porque ele nem é bonzinho nem poderoso quanto especulam.Então qual a origem do mal sobre a terra?
Bem, é mais fácil dizer que o diabo está no governo do mundo que deus, se é o diabo que é mal e o mundo e os humanos são maus, ou será que deus não seja tão bom assim?
È preciso considerar também que, segundo a tradição, tudo o que existe é obra de deus; nada pode existir sem a ordem e o seu aval pois é o único criador, então poderíamos dizer que ele também criou o mal, ou será que o mal nasceu do nada?se deus criou tudo e todos é natural que ele criou também a serpente má que corrompeu Adão e Eva.Se ele é o único criador é mais que claro quem criou também o anjinho que depois se tornaria no diabo, ou seja, se deus é o único criador, que criou o mal e o diabo?Será que ele errou a vareta mágica da criação?Será que existe dois criadores, um que criou o bem e outro que criou o mal?e se deus criou o mal qual mesmo sua lógica?e se não foi ele porque permitiu que outro criasse então?
O que a realidade nos oferece é que caracterizamos deus numa discrepância profundo com o real: bondoso, poderoso e perfeito, mas esse tema daria outra discussão acerca se a compreensão da natureza de deus é realista ou idealista, cartesiana ou até empírica.
È preciso novamente olhar outra questão, a de sua perfectibilidade. Se deus criou o homem que não resistiu à tentação do mal e que se deixou corromper pelo mal é bem capaz que deus não fez o homem como ele queria, capaz de manter sua integridade moral e incorruptibilidade. Portanto se deus não criou o homem perfeito logo não pode ser perfeito e sim imperfeito, pois o perfeito não pode criar o imperfeito.È muito clara sua infelicidade na criação do homem no livro Gênesis(cap.6, a corrupção do gênero humano)quando disse que vendo a maldade reinando entre suas criaturas, se arrependeu de ter os criados e decide exterminar-los(cap.7, ves.23).
Colocou Noé na arca com seus animais e fez cair um dilúvio por muitos dias e extingui toda manifestação de vida sobre a terra, exceto quem estava na arca; poderíamos considerar o primeiro genocídio da humanidade: deus, o primeiro assassino de massa?
Ora, fica muito claro o desgosto de deus na sua criação, percebe que o homem não saiu como queria e/ou imaginava, se o homem saísse perfeito deus não se arrependeria de ter-lo criado; se o ser humano saísse como o criador realmente quisesse, é muito provável que ele não se arrependeria nem os matariam, e se ele se arrependeu e os matou e porque não achou sua criação perfeita, então o criador não pode ser perfeito.Ou alguém se acha perfeito?
Outra atitude infeliz de deus foi em relação ao diabo; todo mundo conhece a história do anjinho que ficou com inveja dos poderes de deus, esse então sabendo das malicias deste anjo tratou de expurgá-lo de seus reino.Mas quem criou esse anjo que ficou tão malvado?deus.E se ele criou algo bom e que, por algum motivo, ficou mal logo fez outra criação imperfeita, ou será que a imperfeição é a perfeição de deus?Ou será que ele não acertou nenhuma formula do bem?
Ademais, deus, podendo prever o futuro, já que se trata de um deus, poderia prever então o estrago que o diabo e sua turma causaria aqui na terra, e foi o que realmente aconteceu; então porque não expurgou o diabo para bem longe da gente, porque ele picou o diabo logo aqui na terra com agente, para destruir com nossas vidas.Trata-se apenas de um medida esperta de deus, se livrando do mal e jogando em cima da gente para depois pousar bem na foto como salvador.
Se deus queria realmente ver suas criaturas, nós, em paz e em eterna harmonia, por que foi mesmo que ele criou o mal para nos corromper? E depois, em vez de jogar o diabo na terra porque não o exterminou como fez antes com os seres vivos, só restando Noé e os tripulante da arca?Parece mais que deus é um cientista incompetente nas seus experimentos e criações imperfeitas e frustrantes; o homem e o anjo não saíram como ele queria.Ora, se deus fosse perfeito, bondoso é mais do que obvio que toda sua criação seria perfeita e boa, não existindo nenhum tipo de mal sobre o universo que ele criou.E se existe claramente o mal nos mil e um cantos desse mundo e que esse mal não vive isolado do bem, ou seja, nosso medo é porque mesmo sendo de bem não significa que o mal não possa nos atingir, a crença em deus não nos livraria de nenhum mal, até porque o mal é também a obra de deus, pois trata-se de sua criação.
Para finalizar essa discussão, que é muito longa, e eu já estou ficando cansado, só queria fazer umas perguntas inofensivas: você é e está satisfeito no mundo em que vive?Está plenamente satisfeito com as pessoas desse mundo? Se você tivesse o poder de deus você faria alguma coisa pelo mundo ou deixaria como está?
Se você respondeu pelo menos um sim e sinal que está insatisfeito com as supostas obras e criações divinas (o mundo e o homem) e se respondeu três sim, é melhor rever suas crenças acerca da natureza de deus.

O homem pré-fabricado

Nossa mente parou de funcionar; não pensamos mais. Estamos rindo;estamos só rindo.Rindo de tudo e rindo demais.Onde se encontra excesso de humor? Na frivolidade. Tudo vira motivo para rir, até o que era para se discutir se transforma em piada.A televisão quer nos entreter, a musica quer nos entreter, os amigos querem nos entreter.A TV, estar impregnada de programas humorístico, que sinceramente não vejo nenhuma graça, um humor de pré-conceitos, onde o negro, o gordo, o pobre, o nordestino, o gay vira motivo para rir.Nossas vidas se transformaram em uma falsa diversão para que pensemos estar na plena felicidade, que naturalmente se torna ilegítima.Isso nos leva, inevitavelmente, a futilidade e a auto-flagelação espiritual.
Estamos vivendo do comércio; na sociedade neoliberal pos - moderna queremos vender tudo, até nossa alma, nesse caso a igreja se prontifica a comprar. A era da publicidade, e da auto-publicidade também. Todos querem vender o que tem, e os que não tem vendem o que não tem.As industrias querem vender seus produtos a qualquer preço e vão expor o que seu produto tem de melhor pra que seja comprado.
E nós, o que vendemos? O que temos para vender? Vendemos agente mesmo. E como? Através da nossa imagem. Para vender qualquer coisa é preciso formular uma imagem, seja ela qual for.E precisamos formular a nossa.E como formulamos? Através de conceitos pré-estabelecidos pela cultura; por exemplo, a conversão sobre o que a estética para seus membros.
Assim sentimos a necessidade de criar nossa imagem, tão subjetiva e particular, que de algum modo, torna-se comum. È preciso criar essa imagem para ter certeza de como estamos sendo vistos. E como queremos ser vistos? Do cara que pega todas as meninas? Do intelectual, do sensível, do machão, do moderno, do inteligente, do que bebe pra porra, do descolado, do psicodélico, do festeiro garanhão? Qual a imagem que você passa para as pessoas?
Essa imagem se concretiza com adereços; a roupa , do tênis, a mochila, a corrente de prata, a tatuagem, o boné.As alegorias modernas também fazem parte da fantasia. Para se tornar um pessoa na moda é preciso ter um celular com bruntufe, um mp3, e um pen drive.Estamos andando cada vez mais com objetos.Para nos envaidecer ou impressionar? Nesse sentido da ostentação, entra a inveja e a disputa entre os entes.Tomas Hobbes citara três tópicos para a violência entre os homens: a competição, a desconfiança e a gloria, que por sinal é efeito de uma causa.
Assim ficamos sintéticos na loucura do parecer ser, como um boneco de plástico da Mattel que sempre tem que estar bonitinho para as pessoas. Será que somos o que somos? Será que mostramos o que somos? O que será que mostramos ser? Será que as pessoas realmente nos conhecem? O que não queremos mostrar ser?
Renegando a própria essência para fins de promoção social, nos comportamos de forma irracional e inescrupulosa.
Como os grupos sociais têm seus padrões e normas a serem seguidas pelos seus membros, qualquer individuo que se manifeste de forma contrária a estes conceitos pré-fixados é facilmente excluído do grupo e classificado como louco, doente, marginal e insano, levando ao ostracismo social. Essas são as atitudes da sociedade para se manter a hegemonia cultural livrando-se de futuras perturbações e abalos sociais.
Ninguém quer ser excluído, chamado de louco por algumas posições ou comportamentos. Alem do mais, ninguém quer ser alvo de gracinha de gente irônica para com os que pensam diferentes.
Os esdrúxulos comportamentos leva-nos a patamares da mais alta artificialidade.
Todos querem estar bonitos, bem arrumados, cabelos lisos, pele bonita, corpo em forma.
Esse conceitos de estética se evidencia na comunicação de massa.O própria televisão, por exemplo, estabelece um padrão de beleza que vai aparecer na tela; atrizes e atores muito bonitos, modelos da propaganda de uma beleza incrível.Nota-se ai que a palavra “modelo” serve para quem quiser seguir como modelo ou padrão de beleza.Você não ver gente “feia”na novela, no comercial da cerveja ou de um novo xampu da seda, ou na malhação ou em um filme.
Nesse contexto entra também um comportamento para completar a idiotice humana: o cinismo. O faz de conta; o finjo que gosto, o finjo que digo a verdade, finjo que sei, finjo que sou, finjo que quero, finjo que acredito.Estamos na época de grandes mentiras e pura ilusões.O político pede seu voto prometendo emprego; o pastor pede seu dinheiro prometendo o céu;a namorada pede seu perdão prometendo mudar.
Por fim, o triangulo pra se integrar ao nosso grupo social é o sintetismo, o artificialismo e o cinismo, quem quiser apresente sua identidade (para perdê-la) e filie-se.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Filosofia Etilica

È notório que os calouros de filosofia 2008, aqui de São Lazaro, vieram modificar um conceito de estudar filosofia, pois, para o senso comum, estudar filosofia é se trancar no mundo de livros e teorias. Neste caso, a praxe cede lugar a outra realidade, já que o que se ver, é uma grande descontração e interação de toda a turma.Alguns podem pensar que o espírito de grandes pensadores emana na ambiência propiciando uma nova e divertida forma de filosofar, já que se dizem por aí que Schopenhauer e Freud encarnaram em dois calouros.Outra característica pitoresca é a agenda cultural da semana, onde a cada dia propomos uma reunião para um bate-papo super descontraído, onde discutimos desde a filosofia de Kant a de Faustão; não esquecendo das magníficas aulas de Ygor Borba, doutor em Ciências Sexuais, pela sua vasta experiência na área.Todos são crentes em um único Deus, Raul Seixas(que ta mais para diabo), que sempre aparece por lá. Assim sigamos com nossa agenda, lembrando que só é vedada a presença de bêbados inconvenientes, chatos moralistas e abstinentes, filósofos onipotentes, poetas grandiloquentes, pessoas auto-suficientes(não é indireta para ninguém!) e aristocratas decadentes; aos demais, a presença é sempre muito bem-vinda.
Segunda Filosófica. Depois de um fim de semana, e da aula de Nancy, a idéia é um reunião onde todos possam compartilhar com seus conhecimentos, sobre algum livro que leu e queira indicar, ou mesmo um banda, ou teatro, um filme, um site legal, ou mesmo o que quiser compartilhar e dar é sempre bem aceito, não é?
Pão, vinho e filosofia. As terças-feiras, com vinho e pão (se tiver), o assunto é qualquer coisa, já que a filosofia é plural exerçamos então a pluralidade intelectual.
Quartas filosóficas. Onde Silvinha nos cede seu espaço térreo especial, para conversa pura e tradicionalmente etílica. Os veteranos abrilhatam o encontro, sentados a mesa junto aos calouros. Ali, experiências são contadas, histórias narradas, fatos mentidos e etc.Tudo, claro, com muito bom humor, que alias não deve faltar.Nesse dia, também, nos divertimos com episódios hilários que acontece em sala, onde é sempre protagonizado por uma mesma pessoa, e todo mundo sabe que é!?
Filosofia gastronômica. A ultima quinta-feira do mês onde todos compartilham trazendo iguarias, quitutes e guloseimas, para um piquenique na varanda no casarão.A proposta também é purgar o excesso etílico e as ressacas morais(se é que alguém tem)
As demais quintas-feiras do mês fica a cargo de quem propor algo interessante.Lembrando que se trata de um movimento etilico-filosofico itinerante, assim é bom se informar os locais desses eventos.
Alguns maldosos vão dizer que antes de terminar o curso, todos estaremos no alcoólicos anônimos(ou mesmo no narcóticos), mas tudo isso e pelo bem da filosofia.
Assim, sintam-se todos convidados, alunos ou não de filosofia, pois filosofia etílica é para todos.

O circulo

Pouquíssimas bandas, no cenário alternativo, conseguem levar um publico fiel para seus shows, e com o repertório todo na ponta da língua. A banda baiana, O circulo, consegue fazer essa façanha sem muitos esforços, fazendo um som que vai desde o pop, passando pelo hardcore e mesclando pelo reggae;com um publico jovem classe média universitária, é notório que a internet contribui muito para a divulgação da banda, principalmente esses sites de relacionamento.
O cantor, Pedro Pondé, sabe perfeitamente explorar sua voz, fazendo sonoridade vocal bastante peculiar; como a banda ainda é alternativa e o palco é pequeno, o cantor tem um interação mais próxima com o publico, que as vezes parece que está no show de Sandy e Junior, com comportamentos de adolescente.
Além de explorar a voz, Pedro, tem um performance megaeletrizante no palco que contagia o publico.As musicas são perfeitas, todas metafóricas, que só alguém arguto, percebe, já que a maioria só sente a atmosfera sonora.
O circulo já está começando a se mover pela cidade, já tem musica tocando na Nova Brasil FM, e logo-logo, algum produtor dessas grandes gravadoras como EMI ou a Sony-BMG, vão querer assinar contrato com os rapazes, e aí, daremos adeus a banda.
Vai começar a tocar a música na malhação, depois a ir pro Fautão passando pelo altas horas, depois o clipe vai para MTV, quem sabe não gravam um MTV apresenta, isso depois que o produtor fizer um disco só com baladas pop, para a adolescência burguesa do país.Seus shows só vão ter garotas histéricas, loucas por um autógrafo, cheio de cartazes do tipo “eu te amo Pedro”, mas o vocalista em cima de um palco de três metros cheio de seguranças da mesma altura nem perceberá. De repente o vocalista vira símbolo sexual e sai na capa da G magazine.
Fama, glamour, maquinas fotográficas, fotos nas revistas, é isso que qualquer banda em inicio de carreira quer, e aí O circulo virará banda de consumo, a gravadora compra a banda e vende com bem entender.Por isso, para se manter a qualidade e a proposta da banda, é necessário que não passe de onde estão, se não já era O circulo.