Tinha lembrando aquela manhã, eu tinha acordado, fiquei mais um tempo na cama, pois gosto de ficar no quentinho de manhã cedo, ainda morrendo de sono.Como sempre era difícil levantar da cama, sempre fui muito preguiçoso; cultivo o ócio como margaridas em um jardim.Por isso, por adotar esse comportamento que fui mal interpretado, muitas vezes chamado de vagabundo, preguiçoso e até de veado; sofri por fazer o que a sociedade estabeleceu, mas infelizmente não cedi e paguei o preço da ignorância. É estranho você ter que pagar um preço por não ser ignorante, é extremante lamentável que nada vale o conhecimento; para você ser insultado pelos outros. Agora lembro como Bertrand Russel estava certo.
O dia estava frio, sinceramente, acho que não gosto de acordar para não lhe dar novamente com os humanos, essa raça maldita que me deixa infeliz; infeliz por saber que sou dessa raça maldita, portanto, maldito com todos. È pavoroso o que somos, ou o que nos tornamos; vivemos e pensamos com idiotas. Quem será que nos fizeram assim?
Pobre de nós, o mais ínfimo de todos, mas pensa ser bossa do fino, talvez a inocência dos outros animais é a prova que nos somos tolos.As vezes isso cansa; percebo muitas vezes minha lágrimas em meu rosto sem ter me dado conta; o sabor ruim, salgado, seca no rosto com o vento e ela pára não sei onde. Lembro-me sempre do vento, que com sua sabedoria enxugam minhas lágrimas; são o que tenho de mais precioso, rezo para que não me roubem. Lágrimas como meu ouro, o meu segredo maior de enigmas como as cores são aos olhos.
O dia estava nascendo, ouvir alguns gritos de criança chorando, percebi que uma criança estava sendo espancada e torturada por sua mãe com armas de gritos, ameaças e tapas além das torturam psicológicas; até hoje não entendo muito bem essa pedagogia da agressão. Só esperava que meu dia fosse tranqüilo, estou cansado desta vida, das pessoas; as relações humanas estão cada vez mais artificiais, talvez sempre foi como Rousseau afirmou tanto; uma época de grande confusão, de conflitos, de crises. Penso logo que meu tempo já está acabando, queria que se esgotasse logo, queria ver se existe logo outro lugar melhor para viver.
Espero a noite como girassóis a espera do dia. Necessito deleitar-me ao crepúsculo, e saboreia-me de meu gozo, único e puro. À noite me traz um sentido de angustia profunda, é estranho esperar pela angustia. A noite vem, de forma tão sutil aos olhos como aos abrir de uma rosa. A magnitude dessa essência mostra um harmonia da própria natureza, da natureza em si, guiada pelo que é, numa trajetória circular perfeita como a luz invade a escuridão.
Ah, como queria ver a noite cedendo lugar ao dia, e eu a espera, a expectativa de poder sair e brindar a vida, beijando a felicidade no vento, com as pessoas mais alegres e sinceras, sensíveis. Queria acordar e sentir tudo aquilo que esqueci de sentir, ou que de alguma forma, me roubaram ou eu vendi não sei bem como, nem a quem, muito menos o porquê. Pensei muito tempo que o sentido da vida era simplesmente viver, mas é muito mais do que isso, é muito mais do que dormir e acordar trabalhar, estudar e dormir. È muito mais do que ter ou esperar o dinheiro no bolso. È muito mais do que ficar esperando o tempo passar. Muito mais do que esperar envelhecer. Viver não é esperar morrer. È, sim, cultivar sentimentos humanos e não esperar apenas nossa felicidade individual; é olhar o outro com mais respeito.È amar verdadeiramente cada ente, esquecer o excesso de amor-próprio.
Todos os dias o sol nasce queimando meu rosto duro e úmido, resgatando minha esperança de ainda podermos viver como bons animais. Ah, como espero esse dia!
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
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