quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Independência ou morte!

È notório que os avanços tecnológicos, principalmente os aparelhos de áudio e mixagem, deixaram de ser exclusividade de grandes gravadores e pode ser adquirido de forma mais fácil. Antes, um cantor ou uma banda ficava sob a égide das conveniências mercadológicas das indústrias fonográficas multinacionais, e os contratados viam nos produtores musicais praticamente como pastores de ovelhas. Hoje qualquer artista pode equipar, em casa, um estúdio de boa qualidade produzindo seus discos, “caseiramente”, só precisando( as vezes) das grandes gravadoras para fazer a distribuição. Isto traz ótimas conseqüências que são a autonomia artística e a autenticidade de produção.

Lobão foi o primeiro a declarar guerra as gravadoras e militou junto com outros artistas contra as políticas destas, que passam de mecenas a mercenárias. Ele foi um dos primeiros a lançar um selo e uma gravadora independente distribuindo seus discos em bancas de jornal. O método lobaniano obteve êxito e foi espelho para outros muitos.

Grandes nomes da música brasileira, como Chico Buarque e Maria Bethania, hoje produzem em gravadora independente, a Biscoito Fino, que tem em seu cast outros artistas que resolveram sair de grandes gravadoras para buscar independência e autonomia. A gravadora Trama, presidida por João Bôscoli, tem a mesma política de independência. A valorização da música brasileira é perceptível quando artistas ou empresários brasileiros têm a iniciativa divulgar artistas que não sobressaem devido a necessidade e emergência de mercado. A Trama se caracterizou por revelar o que os críticos chamam de Moderna MPB. Max de Castro, Wilson Simoninha, Paula Lima e Pedro Mariano são exemplos desta corrente.

Se antes os artistas ficavam discutindo horas em reuniões com produtores e executivos fonográficos para saber o que seria gravado ou não, hoje os artistas nem saem de casa. A internet também é importante meio para distribuição e as rádios, e os famosos jabás, estão deixando de ser praticado como antes.

Quem só tem a ganhar é o próprio artista que produz aquilo que quer e que sabe; o público por consumi música autêntica e de forma mais trabalhada e sofisticada.

As gravaras no desespero assustador, agora, apelam para “artistas” emergentes e chulos a fim de recuperar seu espaço perdido. Perderam?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A liberdade humana de Sartre

O homem nasce um nada, é antes de tudo um projeto do seu futuro. O homem existe e depois se faz o que é e o que quer ser. O próprio homem se define o que é e quando se define, define a humanidade e o próprio gênero humano, pois é o que julga ser o homem e a humanidade.

Jean Paul Sartre define o homem ativo no seu próprio caminho e essência, o ser-em-si de Sartre existe primeiro para posteriormente definir sua essência, ou seja, o homem é o que se cria, o que faz de si mesmo, não existiria algo (deus) que concebesse sua natureza e/ou essência, por isso Sartre nega concepções sobre a natureza humana e enfatiza que a existência precede a essência. O próprio homem escolhe sua natureza e sua essência.

Sartre conceitua o homem como um ser de liberdade plena. Um ser absolutamente responsável por si e por seus atos. Para Sartre o homem utiliza da má-fé para justificar o que é a fatores externos, deterministas e hereditários. Não poderia encontrar em outro lugar, que não em si mesmo, o que é; não poderia absorver certos valores justificando imposição social.

Sartre defende veementemente a liberdade humana. Para o filósofo e dramaturgo francês, autor de O Ser e o Nada, o homem é definitivamente livre para fazer todas suas escolhas, não haveria deus nem fatores externos que o faça o que é, exceto ele mesmo. Daí que Sartre fala do desamparo, pois não há alguém que o livre desta liberdade individual. O ser humano é o que quer ser.

O existencialismo sartreano é extremamente angustiante como o próprio filósofo escreve em seu texto O existencialismo é um humanismo, ao qual é esta angustia que levaria o homem ao desamparo, pois o homem seria livre para fazer suas escolhas. Não existiria nada que o determine, cada ser que determina seus caminhos e suas escolhas. È livre para decidir sozinho absolutamente tudo. Seria livre para interpretar sua realidade, o que seria certo ou errado, bom ou mal. O homem estaria condenado à liberdade, a angústia de decidir, de escolher. O ser humano estar o tempo todo fazendo escolhas e não há ninguém que decida por e para ele, é ele quem decide sobre si, este decidir, para Sartre, é a angústia do homem, pois mesmo não escolhendo algo já é uma escolha.

O homem é um conjunto de seus atos e de seus empreendimentos, assim o homem só pode contar com ele mesmo para suas realizações é isto que Sartre denomina de desespero. O homem vendo que só ele pode escolher e realizar seus desígnios, não havendo ninguém para influenciá-lo, ou seja, cada ser estar e é auto-realizável e o desespero é saber que ninguém veio ao mundo realizar os “ sonhos” de ninguém, cada um estar apenas em busca de suas próprias realizações e nada mais.