domingo, 21 de dezembro de 2008

A crise como reflexão

O ser humano é um animal de transformação perene, pois é um ser inquieto e suas angústias o levam para um patamar de complexidade e confusão devido, ainda, a sua imaturidade de buscar a real significado da essência humana. Outrossim, as construções humanas simbólicas/ materiais se enquadram neste contexto, pois são apenas produtos humanos.
Nos últimos anos, crise é a palavra chave/mágica para os canais de comunicação levarem ao público determinado declínio ou problema de algum setor, principalmente os que envolvem direta e indiretamente a economia. Quando isto acontece, todos os olhos se voltam para esta new crisis, nada mais é tão importante, chega a ser tema de capítulo de novela até o colunista de arte, que fala, por exemplo, que não tem público devido a crise. Para as pessoas mais simples, de baixo nível escolar, fica complicado entender “as crises”, pois os telejornais mais complicam do que esclarecem, de modo que, mais aterroriza do que comunica e noticia. Como há muito tempo a impressa perdeu sua credibilidade -se é que já teve- fica difícil saber se realmente há a crise ou se apenas é um jogo ideológico, típico da impressa burguesa brasileira, por conveniências políticas, ora fazendo uma matéria jornalística (?) mal elaborada e confusa, ora colocando um comentarista para reforçar seu ponto de vista. Os colunista e comentarista também são outros que seus discursos estão nas entranhas ideológicas.
Há oito anos quatro crises, destas que, talvez, só existam na pauta dos jornais, tomaram conta dos comentários de boteco de esquina até em bares onde servem uísque 18 anos. Alguém lembra a crise do apagão do ano 2000, pré-anunciando o fim dos tempos? Depois a crise política, devido aos escândalos (?) do mensalão? Há pouco tempo não se falavam em outra coisa que não a crise aérea no país; doutores e especialista comentando e dizendo como deveria ser e acontecer e etc.. Todo mundo sabe de tudo. As crises são complexas, mas as coberturas são sufocantes em curto período de tempo e efêmera; é só esperar a próxima chegar e dar tchau. Neste caso a crise aérea deu lugar a crise moral/conjugal de Renan Calheiros. Queriam saber até porque ele não usou camisinha para comer a Mônica Veloso. A assessoria do senador deveria enviar uma nota à imprensa respondendo: furou!
Há alguns meses vivemos os fins dos tempos com a crise econômica mundial: a tal recessão econômica. O que é difícil saber são suas proporções reais, já que impressa diz que é planetária e devastadora e o governo diz que de muito leve, vai passar triscando na economia brasileira. Aí, ficamos nos discursos bipolares convenientes. Faltam respaldo e respeito de ambas as instituições, para que possamos ter uma consciência verdadeira sobre tudo que nos permeia.
No dicionário da língua portuguesa Melhoramentos, a palavra crise é conceituada como: “período difícil na vida de uma pessoa ou de uma sociedade de cuja solução depende à volta a um estado normal; falta de alguma coisa em vasta escala.” Para a filósofa brasileira Nancy Mangabeira Unger, crise “é o momento onde algo se encontra confuso e é o momento do discernir, do decidir; é o momento do parar tudo para a decisão, para que possamos superar a crise, que é necessária.” Assim, acredito que as crises que nos aparecem, de forma tão fugaz, devem ser pensadas de forma mais crítica e lúcida. Talvez não exista nenhuma crise, exceto a crise governamental, que parece ser perpétua, e da esdrúxula imprensa. Porém acredito quer crise é o momento mais oportuno, como diz Nancy, para o discernir, para o decidir, afinal nossa inquietude é intrínseca a nossa alma, portanto crises há de existir tanto quanto a própria inquietude humana.

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