quarta-feira, 11 de junho de 2008

O homem pré-fabricado

Nossa mente parou de funcionar; não pensamos mais. Estamos rindo;estamos só rindo.Rindo de tudo e rindo demais.Onde se encontra excesso de humor? Na frivolidade. Tudo vira motivo para rir, até o que era para se discutir se transforma em piada.A televisão quer nos entreter, a musica quer nos entreter, os amigos querem nos entreter.A TV, estar impregnada de programas humorístico, que sinceramente não vejo nenhuma graça, um humor de pré-conceitos, onde o negro, o gordo, o pobre, o nordestino, o gay vira motivo para rir.Nossas vidas se transformaram em uma falsa diversão para que pensemos estar na plena felicidade, que naturalmente se torna ilegítima.Isso nos leva, inevitavelmente, a futilidade e a auto-flagelação espiritual.
Estamos vivendo do comércio; na sociedade neoliberal pos - moderna queremos vender tudo, até nossa alma, nesse caso a igreja se prontifica a comprar. A era da publicidade, e da auto-publicidade também. Todos querem vender o que tem, e os que não tem vendem o que não tem.As industrias querem vender seus produtos a qualquer preço e vão expor o que seu produto tem de melhor pra que seja comprado.
E nós, o que vendemos? O que temos para vender? Vendemos agente mesmo. E como? Através da nossa imagem. Para vender qualquer coisa é preciso formular uma imagem, seja ela qual for.E precisamos formular a nossa.E como formulamos? Através de conceitos pré-estabelecidos pela cultura; por exemplo, a conversão sobre o que a estética para seus membros.
Assim sentimos a necessidade de criar nossa imagem, tão subjetiva e particular, que de algum modo, torna-se comum. È preciso criar essa imagem para ter certeza de como estamos sendo vistos. E como queremos ser vistos? Do cara que pega todas as meninas? Do intelectual, do sensível, do machão, do moderno, do inteligente, do que bebe pra porra, do descolado, do psicodélico, do festeiro garanhão? Qual a imagem que você passa para as pessoas?
Essa imagem se concretiza com adereços; a roupa , do tênis, a mochila, a corrente de prata, a tatuagem, o boné.As alegorias modernas também fazem parte da fantasia. Para se tornar um pessoa na moda é preciso ter um celular com bruntufe, um mp3, e um pen drive.Estamos andando cada vez mais com objetos.Para nos envaidecer ou impressionar? Nesse sentido da ostentação, entra a inveja e a disputa entre os entes.Tomas Hobbes citara três tópicos para a violência entre os homens: a competição, a desconfiança e a gloria, que por sinal é efeito de uma causa.
Assim ficamos sintéticos na loucura do parecer ser, como um boneco de plástico da Mattel que sempre tem que estar bonitinho para as pessoas. Será que somos o que somos? Será que mostramos o que somos? O que será que mostramos ser? Será que as pessoas realmente nos conhecem? O que não queremos mostrar ser?
Renegando a própria essência para fins de promoção social, nos comportamos de forma irracional e inescrupulosa.
Como os grupos sociais têm seus padrões e normas a serem seguidas pelos seus membros, qualquer individuo que se manifeste de forma contrária a estes conceitos pré-fixados é facilmente excluído do grupo e classificado como louco, doente, marginal e insano, levando ao ostracismo social. Essas são as atitudes da sociedade para se manter a hegemonia cultural livrando-se de futuras perturbações e abalos sociais.
Ninguém quer ser excluído, chamado de louco por algumas posições ou comportamentos. Alem do mais, ninguém quer ser alvo de gracinha de gente irônica para com os que pensam diferentes.
Os esdrúxulos comportamentos leva-nos a patamares da mais alta artificialidade.
Todos querem estar bonitos, bem arrumados, cabelos lisos, pele bonita, corpo em forma.
Esse conceitos de estética se evidencia na comunicação de massa.O própria televisão, por exemplo, estabelece um padrão de beleza que vai aparecer na tela; atrizes e atores muito bonitos, modelos da propaganda de uma beleza incrível.Nota-se ai que a palavra “modelo” serve para quem quiser seguir como modelo ou padrão de beleza.Você não ver gente “feia”na novela, no comercial da cerveja ou de um novo xampu da seda, ou na malhação ou em um filme.
Nesse contexto entra também um comportamento para completar a idiotice humana: o cinismo. O faz de conta; o finjo que gosto, o finjo que digo a verdade, finjo que sei, finjo que sou, finjo que quero, finjo que acredito.Estamos na época de grandes mentiras e pura ilusões.O político pede seu voto prometendo emprego; o pastor pede seu dinheiro prometendo o céu;a namorada pede seu perdão prometendo mudar.
Por fim, o triangulo pra se integrar ao nosso grupo social é o sintetismo, o artificialismo e o cinismo, quem quiser apresente sua identidade (para perdê-la) e filie-se.

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