segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Um real por click e Dilma elege-se em 1° turno

 A revista Piauí desse mês traz uma reportagem interessante: o uso da internet e das mídias sociais nas campanhas dos presidenciáveis. É evidente que essa ferramenta comunicacional tornou-se importante, principalmente pensando no Brasil que tem um dos maiores contingentes de internautas no mundo. Até aqui nada de errado. O equívoco é que os candidatos querem fazer aqui, no Brasil, o que Barack Obama conseguiu no EUA: pesquisas mostram que a internet foi uma importante aliada no êxito da campanha. A equipe de Obama usou as mídias sociais para divulgar, promover e tornar conhecido o então senador eleito presidente. Desde esse fato inédito, a respeito de novas tecnologias a serviço de campanha eleitoral, quem pleiteia um cargo eleitoral vê na internet a promoção e o caminho do pote do ouro.

Os mais notórios presidenciáveis no Brasil da campanha tripolar 2010, possuem núcleos que se dedicam exclusivamente à campanha on line, tendo como parâmetros a cybercampanha Obama. A filha bastarda de Lula, Dilma Rousseff, contratou a mesma empresa que conseguiu eleger Obama, com o auxílio luxuoso da internet, para fazer o mesmo aqui. Aqui as coisas são diferentes, todavia. É uma grande ilusão acreditar que a internet no Brasil é capaz de eleger um presidente como nos EUA, quiçá qualquer país latino-americano.

No Brasil existem 67,5 milhões de internautas segundo o Ibope/Nielsen em dezembro de 2009. Em setembro eram 66,3 milhões. Ou seja: em apenas três meses surgiu 1,2 milhão de novos brasileiros com mais de 16 anos na internet. O Brasil é o 5º país com o maior número de conexões à internet. A grande diferença entre os internautas brasileiros e estadunidenses é meramente cultural. No Brasil as pessoas usam a internet para entretenimento. Além de serem marginais ao processo político, ficando aquém do debate e da arena de decisões, os brasileiros não foram alfabetizados digitalmente. Ademais o que faz no virtual é conseqüência do real, portanto no Brasil a internet é inócua para eleger um postulante a cargo público.  Nos Estados Unidos a campanha no cyberespaço teve eficácia, pois naquele país há uma cultura de participação política, onde as pessoas estão dispostas a pesquisar na internet a biografia do candidato, a mandar sugestão no plano de governo e, inclusive, fazer campanha, doando até dinheiro, tudo de forma voluntária. Aqui o brasileiro faz campanha também, desde que a ele seja creditado uma nota do mico-leão para ficar segurando um bandeira na Av. Paralela; as pessoas plontam seus carros desde que a elas sejam creditadas um vale-gasolina ou um bico num órgão público; as empresas doam nas campanhas, desde que seus interesses sejam defendidos cabalmente. Como acreditar em um processo democrático se cada um está de olho no seu quinhão?

O diretor da empresa de consultoria de elegeu Obama, contrato por Dilma Rousseff ficou atônito com a realidade cultural e política do país. Aqui não se pode fazer o que se fez o por lá; pensou até em arrumar as malas e desistir, óbvio.  Até lhe deram um idéia: “e se a gente pagar ao internauta cada vez que ele clicar em nossa página? No Brasil é assim!”.





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