quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Vangurada Paulista: movimento rompe padrão estético de um época

Depois do movimento bossa nova nos anos 50, a Tropicália foi um dos movimentos culturais juvenil de maior notoriedade no campo intelectual e que ainda hoje, seus principais representantes têm seus espaços e são muito bem lembrados. Ainda em São Paulo, como centro de surgimentos de várias linguagens artísticas de vanguarda, em plena a expansão urbana e industrial, no final da década de 70, surge um movimento cultural que embora sempre estivesse às margens da mídia, consegue se conceituar entre críticos e especialistas, e principalmente entre o público universitário urbano, assim como na Tropicália. O movimento cultural Vanguarda Paulista surge no momento em que a indústria fonográfica se solidifica no Brasil com os gêneros “MPB” e no inicio do rock Brasil dos anos 80. Considerado o primeiro movimento cultural alternativo e independente no Brasil utilizava uma linguagem de música urbana concreta, partindo de uma nova estética artística. O movimento reunia artista, entre músicos e poetas, no Teatro Lira Paulistana, na rua Teodoro Sampaio, no bairro de Pinheiros. A música era um experimento entre funk, rock, blues, jazz e samba numa tentativa de renovar a música popular jovem, a primeira depois do Tropicalismo, ainda em São Paulo. Caracterizado como movimento Underground, a vanguarda paulista nunca ganhou espaço na grande mídia, embora sempre tenha sido elogiado pela critica especializada. Um movimento sólido, porém marginal, nunca virou produto na indústria cultural e ainda hoje, seus representantes nunca tiveram notoriedade nos espaços midiáticos, por se tratar de uma linguagem nova e uma diversidade de experimentos nos elementos sonoros. O predomínio da fala nas canções, o humor irônico e sarcástico característica de alguns grupos desta fase marcante da musica de vanguarda brasileira.
Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé inauguraram o movimento sendo os mais influentes. O disco Claro Crocodilo (1980), de Arrigo Barnabé, é considerado o abre-alas do movimento, mas é seu segundo álbum, Tubarões Voadores, que é eleito pela revista francesa de jazz, jazz hot, um dos melhores discos do mundo. Itamar acompanhou Arrigo na banda Sabor de Veneno, em Londrina, onde já experimentava elementos do rock, samba e o funk, mas logo trilhando caminho independente ao lado da banda Isca de Policia. Músico e poeta, sempre esteve longe dos holofotes, pois recusava editar suas musicas para entrar no que chamava de “sistema”. O movimento posteriormente foi trazendo outros artistas de várias linguagens e estéticas, como a poetisa Alice Ruiz, as cantoras Tetê Espindola e Ná Ozzeti além de Luis Tatit e o grupo Rumo.

A poetisa da vanguarda

Como todo movimento cultural envolve diversas linguagens, a poesia não poderia deixar de integrá-la. Foi assim com Vinicius de Morais na Bossa Nova e Waly Salomão e Capinam na Tropicália. A poetiza Alice Ruiz se representa o a vanguarda paulista trazida pelo parceiro Itamar Assumpção ao qual tem diversas composições. Começou escrevendo contos aos 9 anos e versos aos dezesseis. Compõe letras desde os 26, tem mais de 50 músicas gravadas por parceiros e interpretes e lançou em 2005 seu primeiro disco, Paralelas, em parceria com Alzira Espindola.

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