Ella Fitzgerald foi uma cantora que conseguiu a glória e a ovação nos palcos do mundo em quase sete décadas de carreira e Stuart Nicholson, seu biógrafo, nos conta como foi essa trajetória de uma das mais belas e conhecidas vozes do jazz e da música popular do século XX.
Ella Fitzgerald, uma biografia da primeira-dama do jazz, não é uma biografia para fã saber sobre toda vida pessoal de uma artista; apenas o primeiro capítulo mostra um pouco de sua infância e onde vivera, afinal Ella escondia a sete chaves seu passado e Stuart Nicholson, teve a indelicadeza de supor que ela foi abusada pelo seu padrasto na infância e que fez um aborto quando jovem a impendido de gestar, adotando uma criança mais tarde.
Ella nasceu na Virginia, EUA, em 1917. Negra e de família pobre, ficou órfã muito cedo e acabou nas ruas. Seu maior sonho era conquistar o palco pela dança, mas foi à música que lhe tirou das ruas para qualquer lugar onde seus sonhos mais ambiciosos pudesse lhe proporcionar, inclusive à Dinamarca, onde morou por um ano.
Por ser negra e moradora de rua, teve dificuldades em participar de programas de calouros, sendo até impedida de receber um prêmio de primeiro lugar em uma boate, pois a considerava feia [sic]. Logo ingressou na banda de Chick Webb, mesmo Webb resistindo que Ella entrasse na banda devido a sua aparência não convencional, mas ela levou a banda ao estrelato em 1938, dois anos depois de ter ingressado, nos tempos do jazz swing, quando jazz era música para dançar e para as massas e Webb, que sonhava com o estrelato viu em Ella o caminho de sua gloria por poucos meses, pois morrera em 1939.
Com Dizzy Gillespie, pai do jazz be bop, excursionou com sua banda na nova vertente do jazz, que agora das boates das periferias ia para grandes clubes, salas de concertos e prestigiadas casas noturnas dos EUA. Ella transitou do swing para o be bop com êxito e já nos anos 50 era uma cantora mundialmente conhecida; cantava para platéias do EUA, Europa e Japão e era aclamada pelo público e pelos críticos que a consagrou como a maior cantora de jazz da história, recebendo o título de primeira-dama do jazz.
A biografia da Srta. Fitzgerald é uma deliciosa leitura que o leitor arguto não só aprende sobre a vida profissional da diva, mas os contextos culturais, econômicos e sociais de uma época do século XX. Por exemplo, Stuart Nicholson mostra o racismo nos EUA contra os negros, inclusive alguns sofridos por Ella; uma vez no trem indo fazer um show em outra cidade onde foi quase retirada da ala reservada aos brancos, pois não tinha espaço na ala dos negros; outro foi num vôo para Austrália quando Ella e sua banda foram retirados para darem seus lugares a brancos e a turnê foi cancelada.
Norman Granz foi um homem de visão; um magnata do jazz que empresariava muitos artistas daquela época, inclusive Duke Ellington. Quando viu que não havia como investir em Billi Holiday, pois esta estava recruza por vicio em drogas, foi em Ella Fitzgerald que ele viu uma mulher para mostrar ao mundo e ganhar dinheiro, através de uma série de songbooks da cantora, já popular nos EUA, que a fez pisar nos mais importantes palcos do mundo. Norman também teve mérito ao exigir, nos contratos para apresentação de Ella, que não houvesse segregação racial em espaços reservados a negros e brancos, e lutou por essa bandeira do anti-racismo no EUA.
De fato, Stuart mostra que Granz via em Ella uma mina de ouro, e foi isso que aconteceu. Ella era um poço fundo de magnitude artística e tesouro raro. Os dois ficaram multimilionários. O que também é fato é que Ella nunca teve autonomia para escolher suas musicas, gravara o que Granz queria, mas sua gana em ser sempre aplaudida pelo publico, deixava Ella apenas com sede de ovação e nunca se importou com o que gravou; muitos a acusaram de ter sido uma cantora comercial.
A biografia de Ella Fitzgerald é um bom livro para quem quer entender sobre jazz, inclusive sobre sua historia; é uma biografia musical e não pessoal da cantora, mostrando sua trajetória no jazz dentro da trajetória do próprio jazz.
Sobre a relação de Ella com a bossa nova Stuart não fez questão de aprofundar, dedicou apenas um parágrafo curto sobre o The Antonio Carlos Jobim Songbook (Ella abraça Jobim). Há também uma citação que informa que, afastada por problemas de saúde, Ella estudou português para aprimorar seu conhecimento com a música brasileira.
Foram mais de meio século de carreira e mesmo com sua saúde extremamente fragilizada, em decorrência da diabetes e pela idade avançada, Ella seguiu com turnês em viagens exaustivas, embora desaconselhada pelo seu médico. Para os amigos mais íntimos, e poucos conheceram sua intimidade, pois era obtusa, ela era uma mulher alegre e parecia sempre uma garotinha com sua perfeição musical que tinha sede de subir ao palco e ver o público a aplaudindo.
Nos anos 90, era já era considerada uma lenda viva e não faltou homenagens, menções honrosas, prêmios e prédio de universidade com seu nome, pesquisadores musicais que estudaram sua carreira, filmes, documentários e prêmios e mais prêmios de uma das mais aclamadas cantoras da história. Sua casa não cabia mais tantos prêmios. Ella foi uma das poucas pessoas a gozar da glória por tanto tempo.
O livro acaba sem mais nem menos; quando se vira a pagina, acabou. Parece ter escrito pouco antes de sua morte, pois não fala do assunto, mas se foi escrito quando Ella ainda em vida, é estranho que não se tenha nenhum depoimento da cantora.
As primeiras páginas do primeiro capítulo e as últimas dos ultimo capítulo são praticamente iguais, com o biografo fazendo uma exaltação poética da cantora, mas Stuart apenas cai na contradição quando no primeiro capítulo afirma sobre Ella: “o timbre perpetuamente jovem de sua voz falava de otimismo, de emoções descomplicadas, acima de tudo cantava num ritmo compulsivo e instigante”, mas nos últimos capítulos Stuart se refere da mesma voz:” a voz de Ella agora estava ficando mais sombria sem a suavidade natural do passado” e ainda num concerto em Montreux em 1975 Stuart diz:” revelou mais uma vez o declínio da voz de Ella, fica claro que sua voz já não era o instrumento aerodinâmico que havia sido antes, tem um vibrato quase apavorante”, mas contradições à parte, a biografia da Srta. Fitzgerald é uma leitura agradável e instigante, como Ella sempre fora, para os amásios das histórias mais fascinantes da música universal.
Ella Fitzgerald, uma biografia da primeira-dama do jazz, foi lançada no Brasil pela José Olympio Editora.
Ella Fitzgerald, uma biografia da primeira-dama do jazz, não é uma biografia para fã saber sobre toda vida pessoal de uma artista; apenas o primeiro capítulo mostra um pouco de sua infância e onde vivera, afinal Ella escondia a sete chaves seu passado e Stuart Nicholson, teve a indelicadeza de supor que ela foi abusada pelo seu padrasto na infância e que fez um aborto quando jovem a impendido de gestar, adotando uma criança mais tarde.
Ella nasceu na Virginia, EUA, em 1917. Negra e de família pobre, ficou órfã muito cedo e acabou nas ruas. Seu maior sonho era conquistar o palco pela dança, mas foi à música que lhe tirou das ruas para qualquer lugar onde seus sonhos mais ambiciosos pudesse lhe proporcionar, inclusive à Dinamarca, onde morou por um ano.
Por ser negra e moradora de rua, teve dificuldades em participar de programas de calouros, sendo até impedida de receber um prêmio de primeiro lugar em uma boate, pois a considerava feia [sic]. Logo ingressou na banda de Chick Webb, mesmo Webb resistindo que Ella entrasse na banda devido a sua aparência não convencional, mas ela levou a banda ao estrelato em 1938, dois anos depois de ter ingressado, nos tempos do jazz swing, quando jazz era música para dançar e para as massas e Webb, que sonhava com o estrelato viu em Ella o caminho de sua gloria por poucos meses, pois morrera em 1939.
Com Dizzy Gillespie, pai do jazz be bop, excursionou com sua banda na nova vertente do jazz, que agora das boates das periferias ia para grandes clubes, salas de concertos e prestigiadas casas noturnas dos EUA. Ella transitou do swing para o be bop com êxito e já nos anos 50 era uma cantora mundialmente conhecida; cantava para platéias do EUA, Europa e Japão e era aclamada pelo público e pelos críticos que a consagrou como a maior cantora de jazz da história, recebendo o título de primeira-dama do jazz.
A biografia da Srta. Fitzgerald é uma deliciosa leitura que o leitor arguto não só aprende sobre a vida profissional da diva, mas os contextos culturais, econômicos e sociais de uma época do século XX. Por exemplo, Stuart Nicholson mostra o racismo nos EUA contra os negros, inclusive alguns sofridos por Ella; uma vez no trem indo fazer um show em outra cidade onde foi quase retirada da ala reservada aos brancos, pois não tinha espaço na ala dos negros; outro foi num vôo para Austrália quando Ella e sua banda foram retirados para darem seus lugares a brancos e a turnê foi cancelada.
Norman Granz foi um homem de visão; um magnata do jazz que empresariava muitos artistas daquela época, inclusive Duke Ellington. Quando viu que não havia como investir em Billi Holiday, pois esta estava recruza por vicio em drogas, foi em Ella Fitzgerald que ele viu uma mulher para mostrar ao mundo e ganhar dinheiro, através de uma série de songbooks da cantora, já popular nos EUA, que a fez pisar nos mais importantes palcos do mundo. Norman também teve mérito ao exigir, nos contratos para apresentação de Ella, que não houvesse segregação racial em espaços reservados a negros e brancos, e lutou por essa bandeira do anti-racismo no EUA.
De fato, Stuart mostra que Granz via em Ella uma mina de ouro, e foi isso que aconteceu. Ella era um poço fundo de magnitude artística e tesouro raro. Os dois ficaram multimilionários. O que também é fato é que Ella nunca teve autonomia para escolher suas musicas, gravara o que Granz queria, mas sua gana em ser sempre aplaudida pelo publico, deixava Ella apenas com sede de ovação e nunca se importou com o que gravou; muitos a acusaram de ter sido uma cantora comercial.
A biografia de Ella Fitzgerald é um bom livro para quem quer entender sobre jazz, inclusive sobre sua historia; é uma biografia musical e não pessoal da cantora, mostrando sua trajetória no jazz dentro da trajetória do próprio jazz.
Sobre a relação de Ella com a bossa nova Stuart não fez questão de aprofundar, dedicou apenas um parágrafo curto sobre o The Antonio Carlos Jobim Songbook (Ella abraça Jobim). Há também uma citação que informa que, afastada por problemas de saúde, Ella estudou português para aprimorar seu conhecimento com a música brasileira.
Foram mais de meio século de carreira e mesmo com sua saúde extremamente fragilizada, em decorrência da diabetes e pela idade avançada, Ella seguiu com turnês em viagens exaustivas, embora desaconselhada pelo seu médico. Para os amigos mais íntimos, e poucos conheceram sua intimidade, pois era obtusa, ela era uma mulher alegre e parecia sempre uma garotinha com sua perfeição musical que tinha sede de subir ao palco e ver o público a aplaudindo.
Nos anos 90, era já era considerada uma lenda viva e não faltou homenagens, menções honrosas, prêmios e prédio de universidade com seu nome, pesquisadores musicais que estudaram sua carreira, filmes, documentários e prêmios e mais prêmios de uma das mais aclamadas cantoras da história. Sua casa não cabia mais tantos prêmios. Ella foi uma das poucas pessoas a gozar da glória por tanto tempo.
O livro acaba sem mais nem menos; quando se vira a pagina, acabou. Parece ter escrito pouco antes de sua morte, pois não fala do assunto, mas se foi escrito quando Ella ainda em vida, é estranho que não se tenha nenhum depoimento da cantora.
As primeiras páginas do primeiro capítulo e as últimas dos ultimo capítulo são praticamente iguais, com o biografo fazendo uma exaltação poética da cantora, mas Stuart apenas cai na contradição quando no primeiro capítulo afirma sobre Ella: “o timbre perpetuamente jovem de sua voz falava de otimismo, de emoções descomplicadas, acima de tudo cantava num ritmo compulsivo e instigante”, mas nos últimos capítulos Stuart se refere da mesma voz:” a voz de Ella agora estava ficando mais sombria sem a suavidade natural do passado” e ainda num concerto em Montreux em 1975 Stuart diz:” revelou mais uma vez o declínio da voz de Ella, fica claro que sua voz já não era o instrumento aerodinâmico que havia sido antes, tem um vibrato quase apavorante”, mas contradições à parte, a biografia da Srta. Fitzgerald é uma leitura agradável e instigante, como Ella sempre fora, para os amásios das histórias mais fascinantes da música universal.
Ella Fitzgerald, uma biografia da primeira-dama do jazz, foi lançada no Brasil pela José Olympio Editora.
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