quarta-feira, 8 de junho de 2011

Edison Carneiro: jornalista e etnólogo à frente do seu tempo


As primeiras décadas do século passado foram marcadas – também - por esforços de intelectuais como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Hollanda, Caio Prado Jr, só para citar alguns, para esboçar os traços históricos do país e a construção de uma identidade como nação recém saída do regime escravocrata e monárquico. Neste contexto, o advogado de formação e jornalista e etnólogo por opção, Edison Carneiro, baiano, não economizou esforços para entender e difundir aspectos da cultura brasileira, mais precisamente a de origem afro.

Toda a trajetória deste intelectual que viveu nos anos 30 do século passado é narrada no livro homônimo, do jornalista Biaggio Talento e o historiador Luiz Alberto Couceiro. A biografia faz parte da coleção Gente da Bahia, editada pela Assembleia Legislativa da Bahia, que ainda retrata grandes nomes da cultura baiana, como Riachão, Pastinha, Carybé e Guido Guerra.

Mulato, de família sem muitos recursos matérias, Edison Carneiro dedicou-se quase a vida inteira, na Bahia e no Rio da Janeiro onde morou por algum tempo, na pesquisa sobre a cultura de matriz africana. Quem estuda o candomblé, por exemplo, não poderia deixar de ler o seu mais famoso livro, O candomblé da Bahia. Edison sempre procurou valorizar os cultos afros e toda forma de representatividade cultural oriunda da África. Num período em que a policia reprimia o culto afro na cidade e os jornais baianos publicavam matérias depreciativas sobre a prática da religião, Edison foi um dos primeiros jornalistas a escrever em jornais, textos que valorizavam a cultura e as religões negras, respaldado em suas pesquisas de campo em terreiros da capital baiana.

Muito amigo de Jorge Amado, Edison teve textos elogiados por pesquisadores estrangeiros, além de intelectuais brasileiros, como os já citados Freire e Sérgio Buarque de Holanda. Pouco conhecido do público, o livro retrata a vida e a obra deste intelectual baiano, mas também todo um contexto sócio-cultural e político baianos daquela época. Vale a pena lê-lo.

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