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Segundo o livro de José Sá, crônica é um gênero textual em formato de prosa prosaica, sem muitas pretensões nem pragmatismos. O cronista fala das coisas corriqueiras do cotidiano das pessoas, mas o enxerga de forma sublime, perspicaz e, às vezes, jocosa.
O humorista Cláudio Manoel – ele mesmo – tem demonstrado substancial habilidade na escrita deste text kind, digamos, cujo sempre teve uma relação parental com o jornalismo. (A título de curiosidade, as escritoras Clarice Lispector e Rachel de Queiroz começaram a carreira na imprensa. A última foi a primeira cronista brasileira a escrever em jornais.)
Com a mesma habilidade do casseta Manuel, a também comediante global de beleza exótica, Ingrid Guimarães, vem demonstrando o quanto sabe da arte do grande Rubem Braga. Ele escreve para a revista masculina, de pouca vida, ALFA; ela para a também recém-lançada LOLA Magazine. Esta revista acredita que não exista só mulheres interessadas em receitas, beleza e celebridades. Aquela entende o homem mais - eu sei que é clichê - cool, menos interessado em escândalos políticos, e menos ainda em resultado da economia global, sem deixar de considerá-lo inteligente, claro. Ambas as publicações têm menos de um ano de vida, foi lançada pela editora Abril, e são voltadas para o público classe A. (Quiça AA.)
Como dizia, Cláudio Manuel e Ingrid são cronistas destas revistas. Escrevem bem, surpreendentemente. Afinal, quando olhamos as bobagens que eles fazem na TV, deixa a entender que não passam de Antas semi-alfabetizadas em escola pública do Haiti. Ambos possuem habilidade estilística, domínio da norma culta, não erram na crase nem tropeçam na vírgula; são cronistas colossais. É só ler as revista deste mês. Cláudio cronica à respeito das atuais, e cada vez mais comuns, marchas, esse manifesto público resultados dos regimes democráticos. Ele dispara: “Quero deixar claro que não me oponho às marchas. Jamais marcharia contra elas”.
Já na edição deste mês de LOLA Magazine, Ingrid mostra o quanto é sensível ao cotidiano contemporâneo, resultado de uma vida de instabilidades e cobranças de todas as coordenadas geografica- sociais, para escrever o tal texto crônica. Vejamos: “Se for só mãe, não vou me sentir realizada profissionalmente! Se for workaholic, vou ser péssima mãe! Se não me cuidar, meu marido vai me largar! Se não organizar a casa, ela não anda! Se me preocupar demais, pode prejudicar saúde! É , para ser saudável, tenho que viajar! Mas organizar a viagem toma tempo!
Lê-los é pegar a revista sem pretensão ou expectativa, como todo cronista e leitor destas. Afinal, a gente sempre acha que comediantes stund-up´s, acadêmicos alcoólatras, políticos decadentes, jornalistas incompetentes, celebridades emergentes e intelectuais descontentes, têm sempre algo melhor a dizer.
revistaalfa.abril.com.br
www.lolamag.abril.com.br
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